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domingo, 19 de junho de 2016

Como Stephen King criou Carrie


Hoje em dia, Stephen King é sinônimo de livros de sucesso, mas nem sempre foi assim. Em seu livro Sobre a Escrita (Suma de Letras), o próprio autor conta que seu início na literatura foi difícil e repleto de “nãos”, como de qualquer escritor. Ele menciona que afixou um prego na parede do quarto e prendia nele as cartas de recusa das revistas e editoras. Em um determinado momento, o peso dos papéis não se sustentava no prego.

A grande virada em sua vida literária se deu com a publicação de Carrie, em 1974, quando o autor tinha 26 anos. King começou a trabalhar no livro em 1973, quando morava em Hermon (cidade que já foi chamada por ele, literalmente, de “cu do mundo”). Sua esposa Tabitha trabalhava em uma lanchonete e eles não tinham dinheiro, sequer, para pagar um telefone. King dava aulas de inglês e publicava contos de terror, ficção científica e crime em revistas que vinham, gradativamente, substituindo esse tipo de história por conteúdo de temas eróticos.

Para complementar a renda, King ainda lavava lençóis em uma lavanderia durante as férias de verão. E foi na lavanderia que ele se lembrou de uma situação ocorrida em seu tempo de faculdade – quando tinha 19 ou 20 anos − que originou a criação de Carrie. A lembrança foi de quando King ajudou um sujeito chamado Harry a limpar as marcas de ferrugem das paredes do vestiário feminino de uma high school. King logo percebera que o ambiente era idêntico ao vestiário masculino, só que não havia mictórios e, nas paredes, tinha duas caixas de metal sem qualquer identificação.

Curioso, King perguntara a Harry o que era, e a resposta que o escritor ouviu foi “rolha de xoxota, para certos dias do mês”. King também notara que os chuveiros tinham trilhos em U com cortinas de plástico cor-de-rosa, para dar mais privacidade, o que não havia no vestiário masculino. Ao questionar Harry, King ouvira a resposta: “acho que as meninas têm mais vergonha de tirar a roupa”.

Anos depois, na lavanderia, o escritor imaginou a cena de abertura de uma história. Conforme ele mesmo diz em Sobre a Escrita:

“Meninas  tomando banho em um vestiário em que não havia trilhos em U, nem cortinas de plástico cor-de-rosa, nem privacidade. E uma delas começa a menstruar. O problema é que a menina não sabe o que está acontecendo, e as outras – enojadas, aterrorizadas, entretidas – começaram a jogar absorventes nela. [...] A menina começa a gritar. Tanto sangue! Ela acha que está morrendo e que as outras estão rindo de sua cara enquanto ela se esvai em sangue... ela reage... luta... mas como?”

O dom telecionético (capacidade de mover objetos com o pensamento) da personagem Carrie veio de uma reportagem que King havia lido, alguns anos antes, em um artigo da revista Life. O texto dizia que pelo menos alguns fenômenos poltergeist podiam ser, na verdade, atividades telecinéticas. E alguns indícios sugeriam que jovens tinham esse poder, especialmente meninas no início da adolescência, por volta da época da primeira menstruação.

Ao unir os dois fatos, King teve a grande ideia. 


Ele jogou o primeiro esboço fora

Um dos pontos mais curiosos sobre a criação de Carrie é que King não tinha pretensão de escrever um romance. Sua ideia era fazer um bom conto para publicar em uma revista e ganhar dinheiro. King tinha o sonho de publicar uma história na revista Playboy, que pagava 2 mil dólares por conto de ficção, dinheiro que daria para consertar o seu carro quebrado e fazer as compras do mês.

King então escreveu três páginas de Carrie e as jogou fora por ver quatro problemas: (1) a história não mexia com ele; (2) achava Carrie White era uma personagem passiva demais; (3) King não se sentia confortável com o cenário e com o elenco feminino; e (4) ele percebeu que a história só valeria a pena se fosse longa.

Na noite seguinte, quando retornou da escola em que dava aula, sua esposa, Tabitha, estava com as três páginas de Carrie em mãos após tê-las retirado do lixo e lido. Ela pediu para o marido continuar a história e se prontificou a ajudá-lo a entender melhor o mundo das meninas adolescentes.

Mesmo com a ajuda de Tabitha, a concepção da personagem Carrie foi feita quase que unicamente pelo próprio King, que vasculhou memórias do tempo de colégio em busca das meninas mais solitárias e sacaneadas na turma, analisando como se vestiam, se comportavam e eram tratadas pelos demais colegas, inclusive ele mesmo. King lembrou-se de duas garotas.

À primeira delas King se refere como Sondra, que morava com a mãe e um cachorro em um trailer. Certo dia a mãe de Sondra pagara King para trocar alguns móveis de lugar e ele vira, na sala do trailer, um Cristo crucificado quase em tamanho natural. Em Sobre a Escrita, ele relata seus pensamentos ao se deparar com a imagem:

“Então me ocorreu que Sondra crescera sob olhar agonizante daquele deus moribundo, e que isso, com certeza, tivera um papel preponderante em transformá-la na menina que conheci: uma excluída tímida e desajeitada, que passava correndo pelos corredores da Lisbon High como um ratinho assustado”.

À segunda menina King denomina Dodie Franklin. Ela vestira o mesmo traje todos os dias durante o primeiro ano e meio do ensino médio: saia preta longa, meias soquete cinzentas e blusa branca sem mangas. A blusa foi ficando amarelada com o uso e, à medida que o tecido ficara mais fino, as alças do sutiã foram aparecendo cada vez mais. As outras meninas riam de Dodie, primeiro pelas costas, depois na cara. 

Certa vez, Dodie foi às aulas com roupas novas e um penteado bonito. Naquele dia, a zombaria foi pior do que nunca e a alegria da garota pela roupa e pelo cabelo novos não durou até o fim do dia. 

Sondra e Dodie já haviam morrido quando King escreveu Carrie, mas, por meio dessas duas garotas, ele conseguiu entender melhor a personagem que criou. Carrie White é uma garota que vive sobre a pressão de uma mãe religiosa, é tímida, desajeitada, se veste mal e tem poderes telecinéticos. Ao se vestir com roupas novas e se embelezar, sofre ainda mais bulling. Ou seja, Carrie é uma verdadeira junção de Sondra e Dobie.

Após terminar de escrever Carrie, King enviou o original para a editora Doubleday, que o publicou. A partir daquele momento, nascia o Stephen King sinônimo de livros de sucesso.





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