A Primeira Guerra Mundial já ganhou importantes relatos, que em sua maioria não contemplam as histórias dos indivíduos que lutaram em diversas frentes no conflito mais mortífero até então. Um dos personagens, que, apesar de atuar nos bastidores, desempenhou um papel marcante, foi Harold Gillies — um médico pioneiro que,
com coragem e criatividade, mudou para sempre os rumos da cirurgia plástica ao restaurar as feições mutiladas de combatentes. Em
O restaurador de rostos, que chega às livrarias pela
Intrínseca, a historiadora Lindsey Fitzharris não apenas relata as conquistas de Gillies, mas também mergulha no mundo dos homens que ele ajudou, seguindo-os desde a carnificina das trincheiras até as enfermarias onde tiveram um longo e doloroso processo de recuperação.
No início da Primeira Guerra, uma coisa ficou evidente: a tecnologia militar da Europa havia superado suas capacidades médicas. Corpos eram desmembrados, retalhados e envenenados a uma velocidade impressionante, a ponto de os hospitais não darem conta e os sobreviventes ficarem espalhados pelo chão à espera de socorro. Em meio a essa brutalidade, um horror prevaleceu de forma inédita: soldados eram desfigurados por projéteis, estilhaços e chamas, sendo relegados — se sobrevivessem — ao ostracismo e à repulsa em uma sociedade tão ligada à aparência.
“Muitos soldados desfigurados se impunham um isolamento da sociedade após retornar da guerra. A transformação abrupta de ‘comum’ para ‘desfigurado’ não era um choque apenas para o paciente, mas também para amigos e familiares. Noivas rompiam o compromisso. Crianças fugiam ao ver o pai. Um homem se lembrou da vez em que um médico se recusou a olhar para ele devido à gravidade de suas feridas”, conta a autora. Fitzharris revela que a vida desses soldados ficava muitas vezes tão destruída quanto o rosto. Privados de sua identidade, esses homens passaram a simbolizar o pior de uma nova forma mecanizada de guerra.
Segundo a historiadora, antes do fim da guerra, 280 mil homens da França, da Alemanha e da Grã-Bretanha tiveram algum tipo de trauma na face. Mas graças aos esforços de Harold Gillies durante um conflito sem precedentes, homens
com mandíbulas destruídas, narizes retalhados, bochechas arrebentadas e outras lesões assustadoras recuperaram a própria identidade. Ao reunir uma equipe multidisciplinar, que incluía cirurgiões, médicos, dentistas, radiologistas, artistas, escultores, fabricantes de máscaras e fotógrafos, Gillies revolucionou o campo da cirurgia plástica
com métodos pioneiros que foram padronizados à medida que esta área da medicina ganhava legitimidade e entrava na era moderna.
Com muita habilidade narrativa e uma pesquisa rigorosa, Lindsey Fitzharris, a premiada autora de
Medicina dos horrores, transporta o leitor para a Primeira Guerra ao contar a inspiradora história de Harold Gillies e das pessoas que ganharam uma nova chance sob seus cuidados.
“Comovente e inspirador, O restaurador de rostos conta uma história profunda de sobrevivência, ressurreição e redenção.” — The Wall Street Journal
“Um relato comovente e cativante sobre um médico extraordinário e os homens que ele reconstruiu.” — The Guardian
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