Com as presenças da autora Carla Piazzi, da tradutora Priscila Marques (UFRJ) e das editoras Laura Del Rey (Incompleta) e Neide Jallageas (Kinoruss), o encontro será como uma sala de visitas. Haverá música, conversa sobre as obras e seus processos de escrita, projeção de trechos de filmes e comes e bebes servidos pelo Café Gleba.
~ Luminol, Editora Incompleta
Luminol poderia ser pensado como um luto labiríntico, uma perspectiva inusitada do século 20 em diário, um romance detetivesco e polifônico cujas substâncias são o amor e a morte. Ou, como aponta Lucas Verzola no posfácio, uma obra "que tenta lidar com abominações de todas as espécies". Poderíamos conceber as três narradoras das três partes do livro como uma criatura tricéfala saída de um bestiário, que busca lidar – numa mistura volátil de sedução e repulsa, mas nunca indiferença – com retratos íntimos, ancestralidades e paisagens sociais do Brasil. Embora expressivo, nada disso encerraria a trama ou desvendaria sua arquitetura profunda, uma estrutura constituída por heranças, duplicações e espelhamentos, onde números e datas se organizam sob uma lógica própria.
Maya, Clara e Quindim nos guiam por casas, ruínas, matas e rios. Com elas, acompanhamos os malabarismos de uma autora tentando reconquistar a confiança de sua editora; um personagem literário e uma figura histórica invadindo o cotidiano; promessas difíceis de sustentar; um elogio às cartas e à lentidão das conversas; os lugares de mãe, filha e amiga se fundirem, cada uma dando cria às outras. Atormentadas por vozes, traumas políticos, culpas e imagens inscritas na memória, as personagens narram por meio da colagem de cartas, sonhos e diários para investigar o "desaparecido" de suas vidas e manipular o destino de suas perdas. No que é possível confiar?
O caráter enciclopédico e dilatado da prosa de Carla Piazzi é tramado sob os signos da penumbra, do hibridismo e da fragmentação. Nesse percurso circular aparecem lendas, história e filosofia. Somos leitores-intrusos numa intimidade ora dolorida, ora bem-humorada, onde convivem vigília e fantasmagoria, violência e ternura, exílio e pertencimento, apego e abandono, o luto e a criação. https://incompleta.com.br
~ Minha vida é o cinema: em plano fechado, Editora Kinoruss
Escrito em primeira pessoa por Esfir Chub (1894-1959), professora de cinema e cineasta que inaugurou em 1927 a montagem do filme de compilação tal como hoje é realizado no mundo todo, este é um livro de referência sobre a história cultural da Rússia e do cinema russo e soviético. É a primeira vez que Minha vida é o cinema: em plano fechado é traduzido diretamente do russo, em âmbito mundial. Foi publicado originalmente na Rússia soviética, em 1959, e uma vez mais, em 1972. A partir de então, Chub, essa cineasta vital para a história do cinema, foi completamente invisibilizada. A narrativa (fascinante) compreende anos cruciais do desenvolvimento da União Soviética, a partir dos primeiros meses após a Revolução de Outubro até o início dos 1950. Das páginas saltam personagens destacados da URSS no campo da literatura, do teatro e do próprio cinema, com destaque para seu amigo de toda vida, e inicialmente aluno, Serguei Eisenstein (1898-1948). Embora não creditada, Chub trabalhou com Eisenstein em A greve (1925); e fragmentos do filme Espanha (1939), que ela dirigiu, sobre a Guerra Civil Espanhola, integram O Espelho (1975), obra autobiográfica do cineasta russo-soviético Andrei Tarkóvski (1932-1986). O texto foi traduzido diretamente do russo por Priscila Marques e os poemas, em sua maior parte de Maiakóvski, amigo de Chub e presença marcante nesta narrativa memorial, foram vertidos para o português por Letícia Mei. www.kinoruss.com.br
Galpão Comum
Espaço independente sem fins lucrativos com base em São Paulo, dedicado ao debate, troca, divulgação e desenvolvimento de projetos que investigam e propõem uma reflexão sobre cidade e imagem no território latino-americano. Integrado por arquitetes, designers e educadores, o Galpão Comum busca explorar tanto os distintos formatos e meios de circulação imagéticos, como as formas de produção espacial da cidade e seus desdobramentos através de pesquisas e atividades desenvolvidas colaborativamente entre pessoas, coletivos e organizações.
Serviço
data: 17 de março, sexta-feira
horário: das 19h30 à meia-noite
local: Galpão Comum, Rua Barão de Tatuí 509, Santa Cecília, São Paulo
A entrada é por ordem de chegada, com lotação máxima de 100 pessoas. Haverá venda dos livros separadamente ou em dupla, e bar pelo Café Gleba com serviço de bebidas e moqueca de banana da terra.
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