Com personagem espirituoso, novo romance do autor de Pátria inspira reflexões sobre a vida, a morte, as pessoas e como nos relacionamos “Quando era jovem, comecei a gostar menos da vida, mas ainda gostava. Agora já não gosto e não pretendo delegar à Natureza o poder de decidir o momento de eu lhe devolver os átomos que peguei emprestados.”
Toni é um professor de história da filosofia que, aos 54 anos, se cansou do mundo e acredita que não há mais nada capaz de prendê-lo aqui. Sua mãe está internada em um asilo e nem sequer o reconhece. Já a relação com o irmão azedou faz tempo e não há mais como salvá-la. Com a ex-mulher, de quem não consegue se desvencilhar apesar dos incontáveis atritos, teve um filho problemático, que na adolescência chegou a tatuar uma suástica nas costas para imitar os colegas. Diante de todo esse cenário de relações conturbadas, Toni resolve pôr fim à própria vida. Meticuloso e sereno, ele escolhe a data da morte voluntária: 31 de julho do ano seguinte, o que lhe dá tempo suficiente para acertar pendências e tentar descobrir as verdadeiras razões por trás de sua polêmica decisão. Mas há um prazo autoimposto para bater o martelo sobre seguir com o plano: o fim da migração dos andorinhões. Quando o primeiro deles despontar no céu em seu regresso, na primavera espanhola, Toni terá definido o que fazer.
Em sua contagem regressiva até o dia derradeiro, o narrador vai gradualmente se desfazendo de seus pertences e, todas as noites, no apartamento que divide com Pepa, sua cachorra, dedica-se a escrever memórias e anotações pessoais, duras e desesperançadas, mas não menos ternas e espirituosas. A partir dessa espécie de diário, revela toda a sua intimidade — inclusive os recônditos mais controversos —, revisita o passado e discorre sobre os assuntos cotidianos de uma Espanha politicamente turbulenta. Com seu bisturi implacável, disseca a relação com os pais, o irmão, a ex-mulher, o filho, o melhor amigo e uma inesperada ex-namorada da juventude. Na sucessão de episódios amorosos e familiares de uma constelação humana viciante, esse homem desnorteado, porém determinado a contar as próprias derrotas, nos oferece, paradoxalmente, inesquecíveis lições de vida.
Autor do best-seller Pátria, monumental saga familiar que atravessa três décadas de conflito no País Basco e que virou série produzida pela HBO, Aramburu mergulha mais uma vez na complexidade das relações humanas em Quando os pássaros voltarem, também lançado no Brasil pela Intrínseca. Neste novo romance, volta a brindar o leitor com todo o poder de sua magnífica capacidade narrativa. O retrato do protagonista é pintado com um olhar sincero e sensível, que alterna carinho e desgosto, e com muitas pitadas de humor ácido, além de deixar uma grande questão: ao fim dessa jornada de autodescoberta, Toni regressará como os pássaros? “Um romance admirável que voará alto e longe.” El País
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