João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Conto No Meu Quarto, Eu e Meu Omni-Computador Somos os Únicos Que Se Dão o Luxo de Sonhar, por Roberto Fiori


Uma noite, quando me preparava para dormir, o Omni-Computador de meu quarto de dormir me contou uma história curiosa. Eu precisava de inspiração para escrever uma história adulta, sem ser apelativa, e não tinha  quaisquer ideias interessantes.

A história não era muito comprida, mas possuía muitos quês, que a tornavam fascinante e bombástica. O Omni-Computador começou:

Era a época do início das viagens pelo Sistema Solar. Dez anos depois, encontrara-se microorganismos deprimentes e fúteis em Marte e Titâ. Únicos a provar que um tipo de vida diferente da nossa existia no Sistema. Na verdade, foi no alvorescer do Século XXI, que detectara-se bactérias em um lago nos Estados Unidos da América, cuja composição baseava-se no Arsênico, elemento químico diferente do nosso Carbono.

Porém... quando chegamos à décima lua de Plutão, o Hades e o Tártaro nos levaram a desejar desmantelar de modo inexorável Pluto-10. Com nosso arsenal de neutrinos e antimatéria em quantidade descomunal, para o que tínhamos em 2.900 d.C. deixamos no lugar do planetoide alguns fótons e nêutrons.

O que poderíamos imaginar, que era tão perigoso, que nem barreiras sucessivas de campos de força poderiam detê-lo, nem armas detratoras atuando nas frequências da emissão de energia de buracos negros? 

Não havia nada, em Pluto-10, que nos parecesse terrível e letal. Mas uma carta fora deixada em 10.000.000 de línguas, incluindo as terrestres. Em inglês, foram deixados indícios de como destruir a Terra, de um modo que o vórtex de gravidade quântica deixado após a aniquilação de tudo o que existia no globo atrairia tudo o que existia no Universo. E como Universo, queria-se dizer o Universo visto sob as frequências visíveis, abaixo e acima da luz, sem deixar-se de lado qualquer número ou qualquer fator.

De 2.900 d.C. a 3.000 d.C., todos os esforços de cada homem, mulher e adolescente foi direcionado no sentido de se construir naves, armas, novos propulsores e uma nova tecnologia para que se defendesse nosso mundo. Um sextilhão de toneladas de tudo o que existia em termos de recursos naturais foi declarado de interesse público para a defesa global. Construiu-se prisões, para os agitadores e déspotas que se diziam contrários a tal gasto. 

Não se sabia de que forma o ataque ao Sistema Solar viria, mas havia uma única defesa que nos era proibida: lançar o inimigo para um dos inúmeros Universos Paralelos, em que poderíamos enclausurar o atacante pela Eternidade. Isso era uma Lei tão Geral quanto as Leis da Relatividade Especial, Geral e as Leis Físicas que uniam as Leis da Mecânica Quântica e as primeiras duas Teorias de Einstein, tornadas Leis após 5 séculos de desenvolvimento, desde que foram escritas.

Mas, um dia em que nossas forças que vigiavam os limites do Sistema Solar estavam atentas, algo muito sutil aconteceu com os equipamentos de sonho gerados e manipulados pela mente humana. A quantidade de energia gerada no primeiro ataque foi tão descomunal, que desarmou nossas naves galácticas mais frágeis. Um décimo-nanossegundo de tempo mais tarde, dez mil decilhões de ergs de um campo avassalador de energia atingiu o inimigo, que nos pareceu tão formidável quanto um buraco negro podia se tornar, como arma.

Porém, na realidade, nosso adversário podia ser tudo, menos um buraco negro. Este pode dobrar matéria e energia, tragar aglomerados globulares de estrelas e em um caso, a seiscentos bilhões de anos-luz da Terra, um caso de destruição total de uma galáxia contendo um trilhão de estrelas foi registrado e observado. 

Esperou-se pelo imprevisível.

Aguardou-se de modo tenso e ansioso pelo próximo ataque.

Evitou-se concluir que o alienígena pudesse retaliar.

E, após dois dias sem sinal de ataque mental, físico ou metafísico, pudemos descansar com nossa parte consciente do corpo. O inconsciente permanecia em segundo plano, sempre vigilante.

Quando o Omni-Computador terminou a narrativa, encontrei-me encharcado de suor. Emiti uma onda de pensamento e o computador respondeu, na mesma frequência mental:

Um homem, talvez o ser humano com inconsciente mais amplo e poderoso que uma vez existira, partiu para solucionar o enigma. Voltou em uma semana, branco como gelo, impassível como os androides que você viu nos cursos de História da Cibernética e sem sentimento algum. Sei o que aconteceu. Mas vou contar a você o que este ultra-homem fez: caminhou em direção a um dos nossos reatores de antimatéria, sem antes criar uma esfera de campos de força ao redor do edifício e seus subterrâneos, onde o reator se encontrava. 

Somente uma mente tão poderosa como a de Lant podia destruir tal quantidade de antimatéira armazenada no núcleo do reator e impedir que tal explosão desencadeasse uma explosão de supernova, bem no centro de nossas forças e nosso governo galáctico.

— Quem ele era, Omni?

Omni imprimiu em papel fotográfico de alta resolução a resposta. 

Boa noite, rapaz. Bons sonhos do inconsciente.

O computador se desligou e eu agarrei o papel.

O nome era de meu querido e amado pai, o primeiro presidente a se tornar governante de um único planeta, Terra.



SOBRE  O AUTOR:
Roberto Fiori é um escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Roberto Fiori sempre foi uma pessoa que teve aptidão para escrever. Desde o ginásio, passando pelo antigo 2º Grau, suas notas na matéria de redação eram altas, muito acima da média. O que o motivava a escrever eram suas leituras, principalmente Ficção Científica e Fantasia. Descobriu cedo, pelo mestre da Fantasia Ray Bradbury, que era a Literatura Fantástica que admirava acima de qualquer outro gênero literário.

Em 1989, sob a indicação de uma grande amiga sua, Loreta, que o escritor conheceu a Oficina da Palavra, na Barra Funda, em São Paulo. E fez uma boa amizade com o maior professor de literatura que já tive, André Carneiro. Sem dúvida alguma, se não fosse pelo André, Roberto nos diz que jamais saberia o que sabe hoje, sobre a arte da escrita. Nos cursos que ele ministrava, o autor aprendeu na prática a escrever, as bases de como tornar uma mera história de ficção em uma obra que atraísse a atenção das pessoas.

“Futuro! – Contos fantásticos de outros lugares e outros tempos” é uma obra parte Fantasia, parte Ficção Científica, parte Horror, e que poderá vir a se tornar realidade, quer em outra época, no futuro, quer em outra dimensão paralela à nossa. Vivemos em um Cosmos que não é o único, nessa teia multidimensional chamada Multiverso. Ele existe, segundo as mais avançadas teorias da cosmologia. São Universos Paralelos, interligados por caminhos ou “wormholes” – buracos de minhoca. Um “wormhole” conecta dois buracos negros, ou singularidades, em que a gravidade é tão elevada que nada pode escapar de sua atração gravitacional, nem mesmo a luz. Em tais “wormholes”, o tempo e o espaço perdem suas características, tornam-se algo que somente pode-se especular e deduzir matematicamente.

“Futuro! – Contos fantásticos de outros lugares e outros tempos” é uma coletânea de treze contos e noveletas. Invasões alienígenas por seres implacáveis, ameaças vindas dos confins da Via Láctea por entidades invencíveis, a luta do Homem contra uma raça peculiar e destrutiva ao extremo, terrível e que odeia o ser humano sem motivo algum. Esses são exemplos de contos em que o leitor poderá não enxergar qualquer possibilidade de sobrevivência para o Homem. Mas, ao lado de relatos de pesadelo, surgem contos que nos falam de emoções. Uma máquina pode apresentar emoções? Ela poderia sentir, se emocionar? Nosso povo já esteve à beira da catástrofe nuclear, em 1962. Isso é realidade. Mas e se nossa sobrevivência tivesse sido conseguida com uma pequena ajuda de uma raça semelhante à nossa em tudo, na aparência, na língua, nos costumes? E que desejaria viver na Terra, ao lado de seus irmãos humanos? Há histórias neste livro que trazem ao leitor uma guerra milenar, que poderá bem ser interrompida por um casal, cada indivíduo situado em cada lado da contenda. E há histórias de terror, como uma presença, não mais que uma forma, que mata, destrói e não deixa rastros. 
Enfim, é uma obra de ficção, mas que poderá vir a se revelar algo palpável para o Homem, como na narrativa profética da destruição de um planeta inteiro.

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2 comentários:

  1. Grandiosidade. Quisera essa narrativa vire realidade

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  2. É um exemplo, Daniel, de como forças aparentemente invencíveis podem ser derrotadas por outras, igualmente inexpugnáveis

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