Uma viagem de táxi a retratar o espetáculo do drama humano, do fingir e do ignorar o fingimento, da fome de existir; e dos excessos de tensões emocionais, que resultam em desequilíbrios psíquicos. Trata-se de uma obra com ritmo, vivacidade, inquietude, em que cada capítulo como Mestra, Coma, Infância, surpreende por tocar em complexidades veladas e mal resolvidas nas cercas do mundo binário.
Com uma lâmpada de alta performance o autor ilumina a beira do penhasco a revelar a maresia, o caos, os cacos, a fragilidade, daqueles que são arrastados nas ondas da fé cega, e de uma falsa moral social. Você conhece sua índole por trás do espelho? Você conhece a índole do outro? Você mantém um perfil de adequação às convenções e outro no submundo das perversões?
Você é um cão guiado por um dono que o maltrata em sua loucura? Você é capaz de se reconciliar com o passado, ultrapassar ultrajes físicos e emocionais e viver em equilíbrio no presente? Lídia, a prosti@uta que ganha dinheiro para ela obter prazer, é um personagem feminino diluído em angústia, revanche, que apoia Pedro Jorge na corrida por desviar-se de seus labirintos e projeções.
Lídia e Pedro Jorge revelam o quanto o ser humano decepciona viciado em joguinhos sexuais, exalando em si diferentes tipos de persuasão e violência. A Casa dos Prazeres, expõe uma sociedade rica em traições, em que William Pardo recorre a diálogos potentes que abordam questões como o abandono, a raiva; a impotência diante de negligências emocionais.
E que impulsionam a mudar ou não a direção do viver (após o luto) como em Próximo Passo, Reencontro. Com perspicácia William Pardo constrói um enredo mirabolante, que suspende o leitor em idas e vindas de um fluxo de consciência feroz. Há camadas de segredos cruéis, numa tensão de thriller de espionagem da alma humana.
O medo, a vulnerabilidade e a coragem consciente transitam em cada capítulo, como Outra Face, Metamorfose, A Calçada. William Pardo já publicou o livro Crônicas da Rua de Sardas, e no romance de estreia Pedro Jorge toca em tabus como estupro, pedofilia masculina. Difícil não se render ao chacoalhar existencial, numa narrativa intrigante e autêntica como Pedro Jorge, o taxista.
Margareth Gomes
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