Fale-nos sobre você.
Sou uma pessoa que sempre se interessou por leitura e escrita. Com isso, fui me movimentando para conseguir escrever, publicar livros, vê-los zanzarem, o que nem sempre acontece a contento. Isso faz parte também da vida de escritora, o que não quer dizer que seja fácil de lidar. Sou formada em Letras, linguista, área na qual atuo na carreira acadêmica. Embora eu tenha adentrado completamente a área de Letras, a vida docente não é exatamente um lugar tranquilo para ler e escrever. Até hoje isso me soa estranho, mas é assim. Enfrento, então, uma certa batalha para me manter escrevendo; antes, para me manter pensante. Quando o quadro geral não vê valor e importância em certas coisas (não passam de discurso vazio), a sensação é de estar sempre sem ar, tentando não sucumbir. Hoje, sou professora e escritora, minhas atividades principais. Para a Receita Federal, sou apenas professora.
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre o livro. O que motivou a escrevê-lo?
O Doida pra escrever é
resultado da reunião de dezenas de crônicas inicialmente escritas para o site Digestivo
Cultural, onde escrevo desde 2003. Já tinha feito isso antes, duas vezes. O
primeiro livro que reuniu minhas crônicas do DC foi o Chicletes,
lambidinha, de 2012, que saiu pela Jovens Escribas, de Natal, hoje
repaginada, chamada apenas Escribas (todo mundo deixou de ser jovem rsrsrs).
Depois, por lá mesmo, publiquei um segundo volume de crônicas, este mais
circunscrito ao tema da leitura e da escrita, intitulado Meus segredos com
Capitu. Com este último, fui semifinalista do prêmio Portugal Telecom, hoje
Oceanos. São dois livros que adoro ter publicado, com uma editora que me deu
muita bola, muita força.
Que dica poderia fornecer a quem gostaria de escrever uma crônica?
Dar dicas é difícil porque pode soar
como receita, mas se a receita servir, tudo bem também. Se alguém tem vontade
de escrever crônicas, acho que pode começar por onde quiser, como quiser, mas
entendo que ler cronistas seja um bom exercício de inspiração. Li cronistas,
aprendi com eles na escola, depois passei a ler livros de crônicas e a seguir
cronistas específicos em jornais. Sempre há suas colunas e seus espaços de
publicação que podemos acessar, inclusive quando tomamos consciência de que a
crônica é um gênero vivíssimo, circulante, ainda volante porque aparece na
imprensa.
Essas leituras nos dão um toque sobre
como capturar os temas, os assuntos, como flagrar situações, como guardá-las no
bolso até que possamos tratá-las. Também podemos aprender a usar a linguagem
para recontar, reconstruir enredos, transformar fatos em miragens, ou o
contrário. Descobri, talvez tarde demais, que também existiam cronistas
mulheres, mas isso demorou a fazer efeito em mim. Deveríamos tratar disso com
mais seriedade.
Vivo anotando frases em pedaços de
papel para que sirvam de gatilho para minhas crônicas. É assim que elas surgem,
como ideia, geralmente tiradas do dia a dia (ônibus, rua, supermercado, tv,
memes, conversas, situações quaisquer). Depois passam pelo meu filtro interior,
são tornadas texto e seguem para seus lugares de publicação. Curioso que eu
sinta que uma crônica se ajusta melhor a um espaço do que a outro. Por exemplo:
as crônicas do Rascunho me vêm para o jornal, não sinto que sirvam para
o blog da Relicário. É como se nascessem já direcionadas. E assim vou fazendo.
Quem quer escrever crônicas pode, então, ler mais, observar temas e linguagens, estar de antena ligada, sentir que pode transformar qualquer coisa em texto. Dar graça a isso é que é o pulo do gato. Muitas crônicas são boas porque criam uma camada de linguagem muito legal para algo que pode ser banal. Então é claro que é preciso escrever, escrever sempre, exercitar-se nisso, mesmo que se rasgue ou apague no fim, para sempre recomeçar.
Link para o livro:
https://editoramoinhos.com.br/loja/doida-pra-escrever/
Outra entrevista com Ana Elisa Ribeiro:
http://www.revistaconexaoliteratura.com.br/2019/02/ana-elisa-ribeiro-e-o-livro-edicao-e.html
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021) e O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020), Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020), O medo que nos envolve (Editora Verlidelas, 2021) e Queimem as bruxas: contos sobre intolerância (Editora Verlidelas, 2021). Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e seu mais novo livro juvenil se denomina O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021) e seu mais novo livro juvenil se denomina O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021).
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