Rafael G. Esteque - Foto divulgação |
Tenho 32 anos e sou de São Paulo, cidade onde cresci e que ambienta boa parte das minhas histórias, incluindo o romance de terror que acabei de lançar pela Editora Luva, A Maldição da Mangueira. Tenho contos publicados em antologias de diversas temáticas, principalmente terror e fantasia. Ganhei duas vezes o Prêmio Strix de Literatura, pelas histórias Recompensa e A Rocha e a Brisa. Tenho formação em Direito e História, e atualmente trabalho como tradutor.
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre seus livros. O
que o motivou a escrevê-los?
Escrevo pelo prazer de contar e
compartilhar histórias, principalmente para entreter e proporcionar um escape
da realidade, como a literatura me proporcionou ao longo de toda a vida, mas
também para provocar algumas reflexões, quando posso.
Por exemplo: em Vaidade e Fé,
conto de ficção histórica que publiquei em 2018 na antologia Sinfonia de
Letras, procuro mostrar como os grandes eventos que tornaram um determinado
personagem histórico conhecido só foram possíveis por sua sorte e parcial
ignorância. Em Segredo Desumano, história de terror publicada
diretamente no Kindle, apresento a meus leitores elementos sobrenaturais, mas o
verdadeiro terror está em ações humanas.
Insólita - Museu e Antiquário - lançamento em breve |
A Maldição da Mangueira é minha primeira narrativa de fôlego, na qual abordo temas como ceticismo e coragem, permeados pelos traumas pessoais dos personagens e pelas grandes escolhas que eles devem fazer. Mas não se enganem: é principalmente uma história de terror sobrenatural, para ser lida à noite pelos fortes de coração e atiçar o sempre presente medo do desconhecido. Ao longo da trama, convido o leitor a uma viagem onírica pelo mundo dos sonhos e seus significados, e ao mesmo tempo mantenho um pé fixado no chão, pois a história se passa em São Paulo, com cenas em locais muito conhecidos pelos paulistanos, como o metrô da cidade e o Cemitério do Araçá.
Como analisa a literatura de horror/terror publicada no país?
De todos os grandes temas da literatura, terror e horror talvez sejam os mais perenes, pois os tempos mudam e a ficção se adapta para representar os maiores medos humanos de cada época. Vivemos um momento com muitas questões do mundo real capazes de refletir em novos medos e desesperos na ficção. Nesse contexto, acho que a literatura de terror brasileira está em franca ascensão – uma das marcas disso é o crescimento da Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (ABERST). Até pouco tempo atrás, o gênero do terror e horror no Brasil era marcado por relativamente poucos nomes, mas agora há cada vez mais autores (e mais leitores). Para mim, essas novas histórias que surgem a cada ano são um tesouro esperando para ser descoberto, assim como um fértil mercado literário a ser explorado.
O que tem lido ultimamente?
Justamente pelo que comentei na
pergunta anterior, nos últimos tempos tenho lido cada vez mais histórias de
terror e suspense nacionais, dentre as quais destacaria as antologias de terror
Gótico Suburbano, do autor Hedjan C. S. (que para minha felicidade acabou
sendo o editor do meu livro) e Verdadeiras Histórias de Sangue, de Cesar
Bravo, hoje publicado pela (superpopular) editora DarkSide. Saindo do Brasil, outros
títulos que me prenderam demais foram As coisas que perdemos no fogo
(mais uma visceral antologia de contos), da autora argentina Mariana Enriquez,
e o romance Estrada da Noite, de Joe Hill (filho do rei do terror,
Stephen King, e herdeiro de boa parte do talento do pai). Por fim, fora da
ficção, uma leitura recente que eu destacaria é A guerra da arte, de
Steven Pressfield.
Este ano, além do meu livro solo A Maldição da Mangueira, estou publicando alguns contos em publicações de terror que devem sair em breve, dentre as quais eu destacaria a antologia Insólita – Museu & Antiquário (Editora Luva), na qual alguns autores nacionais reimaginam o conto clássico A Máscara de Prata, de Hugh Walpole. Na minha narrativa, Lembrança de Carnaval, trago este objeto amaldiçoado para exercer sua influência nefasta num típico carnaval brasileiro no litoral. Além disso, estou trabalhando em alguns contos de terror e fantasia para publicação independente no Kindle.
Como os leitores podem apoiar
a literatura nacional de terror e horror?
Para conhecer minhas histórias e
meu trabalho, deem uma passada no meu site e me sigam no instagram:
Obrigado pela conversa! Foi um prazer participar da Conexão Literatura.
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas
Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos
livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita:
atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca
(Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021) e O
quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021). Organizadora dos livros Uma noite no
castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora
Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020), Um fantasma ronda o
campus (Editora Verlidelas, 2020), O medo que nos envolve (Editora Verlidelas,
2021) e Queimem as bruxas: contos sobre intolerância (Editora Verlidelas,
2021). Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde
1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de
gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil.
Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru.
Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se
intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora
Mercado de Letras, 2020) e seu mais novo livro juvenil se denomina O quarto
número 2 (Editora Uirapuru, 2021).
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