Marinice da Silva Fortunato - Foto divulgação
Biografia
Marinice da Silva Fortunato, desde tenra idade e até o
momento, com 77 anos, continua fazendo perguntas e, das respostas, novas
perguntas.
Declamava poemas na escola (tinha entre 11 e 14 anos).
Quando um professor veio cumprimentá-la, pensou que o motivo seria por ela
declamar bem, mas este professor lhe disse: “Estou elogiando a letra do poema”.
Foi então que começou apreciar as mensagens dos poemas, das canções, dos textos
literários... e questões foram surgindo...
Fez Mestrado e Doutorado na Pontifícia Universidade Católica
(PUC-SP). Sua dissertação de mestrado (Uma Experiência Educacional de
Autogestão. A Escola Moderna Número 1 na sua Gênese – 1992) e a tese de
doutorado (A Categoria Solidariedade Humana no Pensamento de Kropotkin – 1998) buscavam
respostas para questões tais como: Como a autogestão, a auto-organização, no
campo pedagógico podem colaborar para que o povo se liberte da exploração, da
opressão? Qual o papel da solidariedade na construção de um mundo justo e
amoroso? Que significa “pedagogismo ingênuo”, “desobediência civil”?
Lecionou por 50 anos (1962-2012) nos diferentes graus de
ensino: alfabetização de crianças, jovens (EDUCAFRO), adultos (MOBRAL), atuando
também como professora universitária, coordenadora pedagógica, supervisora de
ensino, coordenadora de curso de Pedagogia, coordenadora de pós-graduação. Na
Igreja, trabalhou com Círculos Bíblicos (hoje Comunidades Eclesiais de Base),
Equipes Docentes e Fraternidade Charles de Foucauld. A militância
político-partidária não a satisfez; via essa ação muito longe dos
grupos/pessoas dos bairros de periferia.
Em todas as instituições a rebeldia não lhe rendeu prêmios,
mas desenvolveu a resiliência da autora na luta por um mundo justo e amoroso.
ENTREVISTA:
Sinopse
Esta obra contém textos em versos e em prosa que foram
escritos, em sua maioria, há muito tempo, pela autora. Contém também textos de
autores diversos que marcaram sua formação desde a infância.
Do "baú" saem as memórias, buscando respostas às
questões colocadas pela sua vida, pela vida dos outros e de seus ancestrais.
As memórias contam com a colaboração da Luz, seja do Sol,
seja da Lua e a de todos os seres que habitam nosso Planeta.
Abrir o "baú" pode ser: busca do autoconhecimento, busca na compreensão do presente, e busca para melhor se projetar o futuro, desde que essa busca seja realizada sempre de forma coletiva.
O QUE ME MOTIVOU A ESCREVER ESTE LIVRO
A publicação deste livro não foi planejada. Na pandemia,
organizando meu escritório, encontrei poemas, contos escritos por mim há muito.
A frase de Padre Antônio Francisco Bohn: “Falar é dizer ao vento. Escrever é
contar ao tempo” de novo me incomodou.
Como compartilhar memórias? Por que nada sei ou pouco sei
sobre meus antepassados? Onde está este tesouro? O vento levou?
Chorei. Descobri que o desejo de escrever esteve sempre
presente em meu coração, porém eu não
sabia.
Escrever é se comunicar com pessoas, mesmo sem a presença
física delas. Comunicação que se dá no tempo de cada um, no seu momento. Ah! Se meus avós tivessem escrito...
Não consegui escrever uma história. Só saíram pedaços,
pedras, flores, espinhos, cores... A história, onde ela está? Talvez não se
trate de criá-la mas de encontrá-la.
No momento, escrever é a minha maneira de “estar no mundo” engajada na luta por uma sociedade justa e amorosa.
A QUESTÃO DA LEITURA NO MEU PAÍS
Em nosso país, a leitura de livros físicos e/ou digitais é
para poucos, segundo dados do Instituto Pró-Livro. Mesmo textos longos na
internet não são muito apreciados e/ou compreendidos.
Motivos não faltam. A desigualdade econômica, social e
política eleva a taxa de analfabetismo entre pobres, negros, indígenas. Quantos
brasileiros passam fome, não têm emprego, moradia...
Nossas escolas carecem de bibliotecas, distribuem apostilas
desinteressantes, indicam obras literárias nem sempre segundo o interesse do
consumidor.
Cabe a nós, que amamos a leitura de livros e a leitura
do mundo, fazer este
trabalho de estímulo à leitura. Como?
Criando encontros de estudos, debates, reflexões utilizando
o livro, que deve ser escolhido pelo grupo. O que ler, para que ler, por que
ler, como ler são questões interessantes!
Desde 1962, quando eu era professora primária, e até hoje,
este é o trabalho que oferece LUZ para minha vida. Encontros tais como: escola
de pais, biblioteca volante, grupos de ex-alunos, clube de mães, cursos de
primeiros socorros, grupos de compra comunitária, horta escolar, clube de
leitura (nas residências), Café com leitura (no bar), Grupo SALS (Segurança
Alimentar Sementes do Amanhã) (encontros com merendeiras), alfabetização de
adultos, Educafro, Estudo em grupo sobre nossa cultura afro-indígena, Estudo
sobre a escola pública (Equipes Docentes), Estudo do Meio... (O uso da internet
pode estar aqui presente).
Existe livro para
além do livro e isto fui descobrindo na partilha que se faz nestes encontros.
Livros ainda não escritos!
Aí se encontra meu laboratório de pesquisa que dá sentido à minha vida, onde busco
respostas às questões que a VIDA, o UNIVERSO nos faz. Posso não compreender o
COSMO, com seus mistérios, mas acredito que ele cabe em mim, em nós.
Resumindo, creio que livros e mundo precisam
ser lidos para que nossa cegueira vá, aos poucos, se transformando em
autoconhecimento, conhecimento do outro, do Universo.
Saliento o seguinte: tive excelentes professores, com ou
sem escolaridade, alguns formados com louvor na Universidade da Vida.
Agradeço a todos.
Estimulemos os escritores locais, pois assim poderemos nos
ver um pouco mais. E aqui termino com Clarice Lispector:
“Perdi muito tempo até aprender que não se guarda as palavras: ou você as fala, as escreve ou elas te sufocam.”
MINHAS ÚLTIMAS LEITURAS
1- Cadernos
de memórias coloniais – Isabel Figueiredo (2009)
2- Um
defeito de cor – Ana Maria Gonçalves (2006)
3- Ideias
para adiar o fim do mundo – Ailton Krenak
4- Torto
arado – Itamar Vieira Júnior.
5- Memórias
de um autodidata no Brasil. Maurício Tragtenberg – Sonia Alem Marrach (org.)
6- A
Pedagogia Libertária na História da Educação Brasileira – Neiva Beron Kassick e
Clóvis Nicanor Kassick. (2000)
7- Saramago no Roda Viva (não é livro).
Link para o livro:
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades
Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma
da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para
pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora
Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021) e O quarto
número 2 (Editora Uirapuru, 2021). Organizadora dos livros Uma noite no castelo
(Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte,
2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020), Um fantasma ronda o campus
(Editora Verlidelas, 2020), O medo que nos envolve (Editora Verlidelas, 2021) e
Queimem as bruxas: contos sobre intolerância (Editora Verlidelas, 2021).
Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde
1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de
gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil.
Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru.
Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se
intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora
Mercado de Letras, 2020) e seu mais novo livro juvenil se denomina O quarto
número 2 (Editora Uirapuru, 2021).
0 comments:
Postar um comentário