“O bar era escuro e cheirava a cinza de cigarro e aguardente. A lei antinarcóticos revelara-se inútil. Os banheiros dos fundos serviam para se fumar, cheirar, injetar, dissolver de modo sublingual, pingar nos olhos e ouvidos e aplicar sobre a pele todo o tipo de droga vinda do vazio interestelar. E olhem que essas eram somente as poucas formas de se dopar que eu conhecia.
“Eu permanecia sentado numa mesa, bebericando meu whiskey arcturiano de malte, cevada e extrato de tentáculos de lula, vindas do Oceano Glacial de Arcturus I, sentindo que alguma coisa iria acontecer. Ou melhor, vir até mim, como uma locomotiva de cinquenta mil toneladas brutas sem controle e sem freios hipercondutores de emergência.
“Joguei minha cabeça contra a mesa com tanta força, que pensei que, ou a mesa iria se dividir ao meio, ou minha cachola seria servida como angu de caroço. E foi justo na hora-H, porque o magnetotiro passou queimando tudo num raio de vinte metros, acima de meu corpo.
“Chutando minha cadeira para trás com os dois pés, desequilibrei o atirador, a dois metros de distância de mim. Caí ajoelhado no piso de cimento frio e saquei meu desintegrador. O tiro reduziu o assassino a um monte de cinzas. O bar foi destruído e eu teria de procurar outro antro de vagabundos para comprar minha mercadoria. Trouxera de Andromedae-5 um pouco de metal liqui-solido, para abastecer as usinas de antimatéria da Terra, de Sixsiun-2 vim carregado de animais selvagens, para os zoológicos em levitação supercondutora nas calotas polares. E em Niblar-4, caçara e empacotara corpos de criaturas descomunais do gelo próximo ao zero Kelvin, dos lagos frígidos da superfície daquele planeta, para abastecer restaurantes cinco estrelas de luxo.
“Tudo valia por volta de um ou dois milhões de créditos do tesouro planetário, aqui na Terra, mas sem contatos para distribuir os produtos que eu tinha, bem, aquilo era bem ilegal, portanto...
— Ei — perguntou um angariano de três metros de altura, que eu reparara a um canto junto à entrada do bar, quando chegara. Quem mais era inteligente e pesava meia tonelada? Respondi, colocando minha arma no coldre do cinturão:
— Pode falar, amigo...
— Soube que tem material para as usinas do Sistema Solar.
— Oh, grandão, não fomos apresentados, ainda! Sou Jeff Burlar, viajante do espaço, às suas ordens...
— Foi bom com o desintegrador, há pouco. Meu nome é impronunciável, precisaria de cinco línguas se enroscando na boca para dizê-lo. Chame-me de Dick, vamos sair daqui.
“Fora, um disco aéreo para duas pessoas nos esperava. Quando sobrevoávamos o porto, vi, pela cúpula de proteção do aparelho aéreo, alguns projéteis vindo em nossa direção, disparados de uma torre de vigilância de eurodímio erigida até alcançar cem metros de altura. O disco inclinou-se e, a uma velocidade impossível, deixou para trás as ogivas autopropulsionadas, que explodiram, ao se chocar sem controle.
— Ei, Dick, ensine-me como explodir alguns mísseis como aqueles, qualquer dia.
— Com um dispositivo vetorial magnético no casco do disco, fiz dos projéteis objetos imantados. Eles se atraíram e o impacto os destruiu.
“Olhei para os destroços acompanhados de fumaça, caindo. Pensei que esse era um truque novo, eu deveria estar caducando, sem imaginar algo tão simples e tão eficiente.
“Ultrapassamos a região do litoral e entramos na zona florestal. Milhares de acres de vegetação nativa passavam por baixo do disco. Quando eu me perguntava em que momento seríamos atingidos, e, dessa vez, para valer, Dick dirigiu o transporte para uma clareira, visível quando demos um rasante de dar nó no estômago sobre o topo de centenas de palmeiras.
“O solo se abriu e penetramos no subsolo. Uma caverna, que parecia não ter limites, em escuridão absoluta. Aos poucos enxerguei as máquinas, edifícios, indústrias, aeronaves e um espaçoporto. Vi quando uma máquina de soldar imensa lançava seu arco-voltaico, unindo duas placas de titânio cinquenta vezes mais largas e cem vezes mais compridas que o disco aéreo.
— Falta pouco, Burlar. Veja como o raio trator nos conduz direto para o alvo — o enorme piloto tirou as mãos dos dois manches de direção e o disco, com um leve estremecimento, foi atraído para os portões que levavam a outra seção da caverna.
— Ali — Dick apontou. — Lá está o nosso meio de transporte, esperando.
“A nave era de origem extraterrestre. Uma plataforma, sobre a qual se elevava uma cúpula. Semelhante ao disco aéreo aerodinâmico, mas de dimensões tão vastas, que, ao nos aproximarmos, senti um calafrio me enregelar os membros. Completamente lisa era sua superfície, na qual penetramos por uma passagem de dez metros de altura, em seu casco de cem a duzentos metros de altura. O disco aéreo foi direcionado para a direita e chegamos a uma série de docas espaciais fixas em diversos pontos internos do casco, cada uma, à medida em que nos aproximávamos, revelando uma nave e dezenas e dezenas de peças de equipamento sendo transportadas por drones robóticos de um lado ao outro da espaçonave a que atendiam.
— Qual é a nossa meta, Dick? O que querem que façamos?
— Aprecie a vista, Burlar. Será a coisa mais interessante que verá, por um bom tempo.
“Atravessamos a região das docas, passando por um vão na estrutura interna da nave-mãe. E vi. Máquinas e dispositivos eletromecânicos instalados por toda a estrutura. Naves de tamanho reduzido, iluminadas por holofotes de ferir os olhos. Verdadeiros colossos de metal maciço, em comparação com o disco, desaparecendo na escuridão quase absoluta da imensa nave, à medida que se olhava para as profundezas. Naquele lugar, não havia nada sendo reparado ou construído. Era uma área pronta para uma futura viagem.
“Aproximamo-nos de uma plataforma e o disco foi direcionado para ela. Pousou e Dick desligou o campo de segurança que nos mantinha presos aos assentos.
— Logo verá o Supervisor — e, antes de eu responder, Dick acrescentou: — É o manda-chuva.
“Entrar naquela nave gigantesca foi fácil. Imaginei que estávamos sendo vigiados por câmeras de segurança e disparadores de laser, mas não vi nada. Sabia que um passo em falso e eu seria abatido como uma lebre. Ou uma raposa.
“A porta interna da superestrutura da nave estelar se abriu, ao nos aproximarmos. O vazio do corredor me fazia desconfiar dos motivos de Dick e do Supervisor. Chegamos a uma porta hexagonal, no final da passagem. Fixei os olhos no homem que se encontrava na poltrona em frente. Ele falou:
— Dick me falou de você, Burlar. Estamos observando a população inteira da Terra, faz cinco de seus anos — vi que um campo magnético separava o chefão de nós, pelo leve tremeluzir no ar, próximo às paredes, na intersecção do chão e do teto, com cada uma delas.
— Quer só o metal liqui-solido que está em minha nave, Supervisor? Ou quer que eu me una a um propósito mais nobre? Digamos que eu venda a você meu produto. Oh, sim, combustível para naves estelares ele serve, também. Mas porque você se arriscaria a me trazer ao seu Q.G., nessa gruta tão grande que qualquer um se perderia?
— Primeiro, Burlar, sabe que poderia ter liquidado você no bar. Dick também é bom com armas portáteis. Segundo, sabemos onde está sua nave. Lemos sua localização por um neuro-scanner remoto. Com isso, podemos ler as memórias de qualquer um. Terceiro, poderíamos roubá-lo e deixá-lo neste planeta, ou despachá-lo para o espaço.
“O Supervisor descruzou as pernas e se inclinou em nossa direção, apoiando os cotovelos nos joelhos. Falou, sem rodeios:
— Nesta caverna, uma das milhões existentes no interior da Terra, há algo que ninguém dá a mínima: terra, o húmus de que se compõe o substrato no subsolo. Poderíamos aproveitar um elemento por vez, mas separar elemento químico por elemento químico dá muito trabalho, Burlar. E despesa com equipamento caro e delicado. Seria o mesmo que extrair o diamante da rocha onde ele está incrustado.
— Vocês desejam o poder sobre a Terra...? Mas temos armadas espaciais, exércitos, belonaves aéreas, submarinos que se transformam em navios e aeronaves, armas, pessoal treinado, mais de dois bilhões de soldados... como irão dominar a Terra?
— O governo mundial, Burlar, é um reino, dirigido por um déspota. Um ditador que confia em você. Lembra-se da guerra em Antimor, ou das batalhas de Laurenko, Viannamartis, Ludenkrampf?
“Um clarão se abriu em minha mente. Claro! Se eu tomasse o lugar do Imperador Sandiak, o Supervisor controlaria a Terra.
— E se eu recusar, então...?
— Servirá de combustível para imenso veículo, minha nave estelar particular.
— Aceito. Quando será a ofensiva contra o Imperador?
O Supervisor riu, recostando-se.
— Já viu nosso salão de controle?
--//--
“Dick era minha sombra. Dissera-me que viera de um planeta gasoso-metálico do Sistema de Delfos, uma gigantesca esfera com três Gs de gravidade na superfície. Pensei que o Supervisor o considerava tão competente, que não me forçara a entregar minha arma. Passei em revista os painéis multicoloridos que o salão de controle da “Abdalla” mostrava, com um único piloto para controlá-los. Achei que, se eu tomasse a nave, o Supervisor estaria de mãos atadas.
— Por aqui, Burlar — Dick não fazia questão de gostar das pessoas que vigiava. Apenas as guiava. Saímos numa rampa que dava para o nível inferior. Um grande restaurante reluzente, com bolhas de sabão multicores vindas de reentrâncias no chão, que flutuavam e se perdiam no teto de metal, metros acima. Robôs serviam pratos exóticos e saborosos. Reconheci uma dúzia deles. — Vamos pedir um prato apenas. Sim, para você. Sente-se.
— Vai passar fome, Dick? Pensei que o Supervisor me falara que viera de Delfos-7.
— Não tenho senso de humor, amigo.
— Se somos amigos, pode tirar seu braço escondido do cinto, Dick.
— Eu seria reduzido a cinzas, não é?
“Mantinha minhas mãos sobre a mesa. Haveria uma outra oportunidade.
— Sabe, Dick, o Supervisor não me contou o nome dele.
— Isso, quem sabe é ele e mais alguns aliados. Não se preocupe, teria de te matar, se soubesse a identidade do chefão. Chame-o de “chefe”. Ei, veja, seu prato chegou — o imenso angariano levantou-se e aproximou a manopla do cinto. Ele parou junto a mim e falou o que ninguém mais diria:
— Faça-me o favor de passar o desintegrador, Burlar.
“O garçon, um robô de dois metros de altura, esperava, atento.
“Levei a mão ao coldre e tirei a arma pela empunhadura. Dick esticou o braço, mas eu fui mais rápido. Em um décimo de segundo, passei o indicador no sensor de disparo e a arma despejou sua carga letal. Dick foi transformado não em cinzas, mas em uma substância viscosa e pútrida. Afastei-me do que restara de seu corpo, saltando da cadeira, que começou a derreter. No piso, uma cratera fumegante de três metros de diâmetro afundou.
--//--
“Saí de mansinho do restaurante. Ninguém estava à vista, mas poderiam ter me visto por sensores de imagens e sons. Na rampa que levava ao labirinto de corredores por onde viemos, ouvi o alarme. Saquei o desintegrador e quase fui alvejado por um disparador automático. Reduzi-o a metal incandescente. E pensei no robô-garçon, que vira tudo.
“Lembrava do labirinto de corredores e pátios iluminados por luminárias de eletrodite, que conferia uma aparência alaranjada ao interior da nave. Cinco rajadas vindas do corpo de uma torre afilada em um dos pátios pelo qual eu passava fizeram estender-me de bruços no chão. Percebi que seria um alvo difícil, caso ficasse deitado de costas junto ao poço do qual a torre subia, dos níveis inferiores, para os superiores. Atirei mais de cinquenta vezes na estrutura delgada do disparador de laser, e uma explosão quase me deixou sem audição.
“Levantei-me e me joguei para a frente. Entrei na passagem em que havíamos entrado no gabinete do Supervisor e fixei os olhos na porta que levava ao espaço do interior da astronave. Analisei com atenção todas as reentrâncias das paredes, tetos e piso do corredor. Levantei minha arma e disparei contra uma conexão do teto, da qual pendiam cabos de termonite, à prova de calor e impactos com objetos contundentes. Isso eu suspeitava, vira no passado instalações elétricas com aquele tipo de condutor, portanto, regulei minha arma de energia para um nível alto de potência e recuei. Foi uma belezura. Os cabos não se partiram ou se queimaram, mas uma reação em cadeia se deu no teto, destruindo todos os equipamentos eletromecânicos que existiam naquele setor. Quando o que sobrou foram arcos voltaicos inofensivos e uma pilha de destroços no corredor, disparei contra a porta hexagonal, dessa vez usando uma regulagem do desintegrador que dava um toque de artista ao mecanismo destruidor. Minha arma transformou-se em um lança-raios intermitente e eu poderia fazer um desenho na porta, se quisesse, gravado por meio da energia de uma pilha de energia de fusão nuclear, cuja carga durava um milhão de anos.
“A porta cedeu quando completei um oval com o raio contínuo do desintegrador. Demorou para a folha de metal blindado cair para o interior do gabinete do Supervisor, mas, quando caiu, com um estrondo ensurdecedor, fiz bem em ter me abrigado na curva do corredor transversal de onde viera, que levava à passagem principal. Uma chuva de lasers de alta potência foi lançada do interior do gabinete, queimando, destruindo e liquefazendo tudo o que existia. Mesmo a parede às minhas costas foi atravessada pelos raios. Corri para o corredor paralelo à passagem da porta hexagonal. Depois de cinco minutos, os tiros cessaram.
“Caminhei com o máximo de cuidado que consegui e espiei pela esquina com a passagem. O piso apresentava perfurações em tal quantidade, que seria loucura tentar andar sobre a grade destruída que o constituía. O teto fora posto abaixo e levara para os níveis sob a superfície a maioria do pavimento gradeado.
“Teria de tentar por outro local. Teria de tomar a nave estelar pelo salão de controle.
“O salão situava-se a cem metros de distância do gabinete do Supervisor. Quando me dirigi para aquele cérebro controlador, não percebi disparadores automáticos nos corredores ou desintegradores. Isso era natural. Ninguém queria equipamento vital destruído por aquelas imediações, tão próximo ao salão. Ele mesmo poderia ser alvo de fogo amigo, se alguém como eu tentasse invadi-lo. Pensei. A porta que levava ao salão de controle era composta por uma liga alienígena probínea composta com todos os dez materiais mais densos e resistentes existentes na Terra. Apenas o probíneo já era páreo duro, resistia bem ao impacto de um laser industrial, mas a liga da qual era formado com a matéria-prima terrestre tornava a entrada principal do salão uma quase impossibilidade quântica, em termos de atravessá-la sem ter de destruir por completo a nave-mãe.
“Se havia armas automáticas ou sensores de movimento naquele corredor, eu ignorava. Mas eu confiava em meus instintos. Eles me diziam se havia alguma ameaça ou a área estava livre. Olhei para a esquerda, para a entrada do salão, e para a direita, para a confluência de cinco corredores. Fiquei pensando por que ninguém fora enviado para me parar...
“Corri. Algo me dizia para correr. Uma onda de fogo, vinda debaixo do piso do corredor de onde viera, alertara meu sexto sentido, dois segundos antes de me alcançar. O fogo continuou a emergir do solo e saía por uma série de claraboias no teto do corredor para alcançar o andar superior do casco.
“Regulei meu desintegrador para força total. Nada nesse Universo de violência seria capaz de suportar uma carga de dez milhões de graus Kelvin. Deixei a arma no chão e recuei até a confluência dos corredores. Atravessei uma chuva de lasers e fachos de energia pura que saíam das paredes de um deles. Tanto fazia se eram lasers que atravessavam blindagens e couraças ou armaduras anti radiação. Ou se a energia reduzia a mingau uma nave de médio porte. O que interessava era sair dali.
“Por sorte, consegui chegar ao final do corredor sem ser atingido — isso se devia a uma probabilidade em dois milhões, claro —, e uma porta se abriu. Dei com um passadiço, a centenas de metros de altura, pelo negrume que se estendia além da nave mais distante atracada no último nível visível da área inferior da nave. Eu tinha um relógio atômico implantado no cerebelo, portanto sabia o exato momento em que a explosão se daria. Torci para que uma nave estivesse pronta para decolar. Havia dúzias de naves de pequeno porte nas docas um nível abaixo de mim, quando corri para o lado oposto ao do salão de controle. Saltei e caí na parte da frente de uma nave para uma pessoa.
“Havia, dez anos atrás, recebido de presente de um general da reserva, no tempo das Guerras de Desgaste, uma faca de energia, que podia cortar qualquer metal conhecido na época. Eram tempos de descobertas e hoje, talvez o instrumento não cortasse, sequer, o vidro estereomagnetico que compunha o teto abobadado daquela pequena nave. Saquei a faca e acionei-a. Uma lâmina fosforescente surgiu e cortou o vidro.
“Joguei-me no assento e acionei os retrofoguetes. A nave saiu rapidamente, virando para a passagem ainda aberta da nave estelar. Segurei-me firme e acionei os motores principais. Joguei-me contra a poltrona que me envolvia, para o caso de haver algum acidente e eu não ser atirado para fora. Saí em disparada pela abertura no casco e rumei para o imenso portão de acesso ao exterior do espaçoporto, justo quando este estava se fechando. Eu estava sonhando ou o Supervisor sabia de minha fuga?
“Isso não importava, pois faltava menos de um minuto. Um curtíssimo minuto, até eu ter um Inferno de calor, radiação e destroços sendo lançados por toda a caverna, pelo acesso a ela da superfície e, o que era provável, no final um terço da Terra desapareceria.
“Consegui passar pela escuridão e chegar à superfície. Minha nave era de tipo orbital, mas sem uma parte da cúpula de vidro que eu cortara, morreria no espaço sem ar. Dirigi-me para o oceano. Passei pelo porto e elevei-me. A dez mil metros, ouvi. Uma explosão de mais de seiscentos megatons de potência transformou a caverna, o espaçoporto subterrâneo, o porto, em partículas subatômicas. A onda de choque varreu mar, ar e terra, vindo no meu encalço. Eu tinha mil quilômetros a percorrer antes de me sentir seguro. Via pelos monitores traseiros a bola de fogo que se elevava a cinquenta mil metros acima do solo, e subindo. O fogo nuclear me perseguia. Vi pelo indicador de combustível que minha viagem seria curta, muito, muito curta.
“Relaxei. Deixei a navezinha seguir em piloto automático, em velocidade máxima, e recostei-me. A pequena nave acusou “reserva de tanque” e iniciou sua decida rumo às ondas do oceano. Um cogumelo erguia-se próximo demais e a radiação me queimaria vivo em alguns minutos. A trinta metros da água, senti-me sendo desfeito. Mas sem sentir qualquer dor. Fechei os olhos e desmaiei, quando senti os respingos de uma onda me refrescar a cabeça.
--//--
“O navio de guerra “Aquarius” desmaterializara-me e me trouxera para a sala de cirurgias no deque interior à máquina de guerra, onde fui submetido a um tratamento antirradiação. Em dois dias, o comandante daquela belonave veio me ver.
— Melhor, senhor... ãh... — ele me pareceu confuso, por um momento ... — Jeff Burlar, sim, acho que estou com os papéis certos.
— Obrigado, capitão...
— Comandante.
— Sim, bem — e pigarreei baixo. — Sinto-me ótimo. Qual a potência exata daquela explosão, da qual escapei?
— Foi uma explosão solar, aquilo. Uma explosão solar. Das pequenas — ele aproximou o dedo indicador do polegar. Mas sem dar um riso.
Cofiei meu cavanhaque e disse-lhe:
— Oh, puxa... alguém sobreviveu, num raio de três mil quilômetros?
— Acredito que nossas preocupações se acabaram, Jeff Burlar — ele deu um passo para trás e falou, às suas costas: — Podem entrar!
Estas são as últimas palavras que meu gravador de voz captou. O resto, bem, fui mandado para uma missão em um satélite de Júpiter, onde se dá, nesse exato momento, um motim contra o governo do planetoide. Mas é claro que acabarei com a rebelião, assim como reduzi a cinzas radioativas o Levante da Caverna, na Terra.
Apesar de não estar bem certo disso. Os amotinados são em número de dez milhões e minha frota dispõe de cinco mil soldados treinados.
Resta apelar para as bombas de seiscentos megatons de potência, que trouxemos por via de segurança.
*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.
Sobre o livro Cedrik - Espada & Sangue:
“Em uma época perdida no Tempo,
onde a Escuridão ameaçava todos,
surgiu um líder.
Destruição, morte, tudo conspirava contra.
Mas era um Homem de extremos, audacioso.
Era um Homem sem medo”.
Dos Relatos e das Crônicas da Velha Terra.
Em sua obra “Cedrik – Espada & Sangue”, o escritor Roberto Fiori coloca sua imaginação e força de vontade à prova, para escrever seu primeiro romance. Um livro de Fantasia Heroica, no gênero Espada & Feitiçaria, em que, em uma realidade paralela, a Terra da Idade do Ferro torna-se campo de lutas, bravura, magia e paixão.
Cedrik é um Guerreiro capaz de levantar 75 kg em cada braço e, ao mesmo tempo, de escalar uma parede vertical de mais de 20 metros de altura facilmente. Em meio a ameaças poderosas, parte para o Leste, em missão de vingança. Acompanham-no a bela princesa Vivian, vinda do Extremo Leste, e o fiel amigo Sandial, o Ancião, grande arqueiro e amigo a toda prova.
Os amigos enfrentam demônios, monstros, piratas e bandidos sanguinários. Usam de magia para se tornarem fisicamente invencíveis. Combatem demônios vindos do Inferno, no Grande Mar. Vivian é guardiã e protetora do Necrofilium, livro que contém maldições, feitiços e encantamentos em suas páginas.
A intenção do autor é continuar por anos as aventuras de Cedrik, escrevendo sobre todo um Universo Fantástico, em que bárbaros e guerreiros travam lutas ferozes e feitiçaria não é uma questão somente de “se acreditar” em seu poder, mas de realmente utilizá-lo para a batalha, como uma arma.
A obra pode ser adquirida com o autor, pelo e-mail spbras2000@gmail.com, no site da Editora Livros Ilimitados, em livrarias virtuais e no formato de e-book, na Amazon. Os links para acessar o livro são:
1. Americanas.com:
2. Submarino.com:
3. Amazon.com:
4. Site da Editora Livros Ilimitados:
https://www.livrosilimitados.com/product-page/cedrik-espada-e-sangue
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