Reginaldo Leite - Foto divulgação
Reginaldo
Leite é carioca, cenógrafo, com Mestrado e Doutorado pela UFRJ. Desenvolve
pesquisa de Pós-Doutorado, em História da Arte, na Universidade do Estado do
Rio de Janeiro. Professor universitário, da graduação e pós-graduação, criou
projetos de Cenografia e Indumentária para espetáculos e carnaval. Premiado no
IX Festival Nacional de Teatro de Florianópolis Isnard Azevedo e no 26º FESTIN
de Teatro de Toledo, no Paraná. Integra
o grupo de pesquisa “Studiolo:
Estudos em História da Arte da Antiguidade à Primeira Época Moderna”
(UERJ/vinculado ao CNPq). É autor dos
livros: Convergir (2005), Os Crimes de Platão (2019) e A Insanidade que nos
une: um mergulho na arte de enlouquecer (2020).
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário e na arte?
Reginaldo Leite: Meu encontro com as artes visuais tem sua gênese na Escola de Belas Artes da UFRJ, na graduação em Cenografia. Passei por espetáculos teatrais, ópera, dança e carnaval. Venho, também, do campo da pesquisa em leitura de imagem e escrever artigos científicos é uma das minhas atribuições. Entrei na seara literária por conta da cobrança de alunos na Universidade, que já conheciam minhas publicações de estudo, porém, a ficção se apresentava como um desafio encantador. O primeiro livro (2005) tem como alicerce a História da Arte. O segundo (2019) e terceiro (2020) são mergulhos, no campo da ficção, relacionados aos universos, visual e psicológico. Já o recém chegado é um diálogo entre a Paixão de Cristo e as paixões humanas.
Conexão Literatura: Você é autor do livro "Quando a palavra é o gesto e a imagem emoção: considerações sobre as paixões na formação do pintor acadêmico". Poderia comentar?
Reginaldo Leite: O ser humano é seduzido pelo mundo das imagens, pelo poder de persuasão das emoções representadas e por um repertório gestual que o faz acreditar na veracidade da encenação. Este é o alicerce abordado – a capacidade de fazer o espectador acreditar na ilusão e de tornar a retórica visual convincente – desafio máximo do artista acadêmico. Entre mistérios e evidências iconográficas, minha experiência com as paixões é externada por meio do diálogo com pinturas e descobertas inusitadas. É uma viagem ao insólito universo das emoções, no qual a Paixão não é só de Cristo, mas de quem o observa. O livro ainda é abrilhantado pelo Prefácio escrito pela Professora Doutora Maria Berbara (UERJ), uma importante pesquisadora da imagem, com trabalhos na Alemanha, Holanda, Brasil, França e Itália.
Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?
Reginaldo Leite: Venho me dedicando ao emocional. Minhas pesquisas flertam com a fisiologia das paixões e a iconografia cristã. Confesso que o processo não foi simples. Dialoguei com diferentes instituições, materiais e pesquisadores - Accademia Nazionale di San Luca (Roma/Itália), Cambridge University (Inglaterra/Reino Unido), École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris/França), Comitê Brasileiro de História da Arte (CBHA), Museu D. João VI/EBA/UFRJ, Museu Nacional de Belas Artes, Biblioteca Nacional, Biblioteca da Escola de Belas Artes da UFRJ, Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, Universidade Federal de Minas Gerais e Museu Antônio Parreiras. Foi um trabalho de imersão. A ideia para o livro surgiu durante o curso de Mestrado, em 2001, e ficou guardada até agora. Ao longo dos anos ela foi amadurecida e hoje se torna realidade.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho que você acha especial em seu livro?
Reginaldo
Leite: Escolhi trazer a abertura do livro. “Pintura é ilusão? Emoção é
temperamento externado? Pathos é um código visual?
Veja, sinta, ouça.
Uma obra se destaca dentre tantas
outras em Perth, no Reino Unido.
Acompanha os passos de cada visitante do salão expositivo, congela o
olhar do espectador. Não há como hesitar
ao chamado, resistir não é opção. Então,
o que fazer? É preciso ouvir o que a
imagem tem a dizer.
Venha, toque-me, estou aqui, sofro
por ti.
Eis a imagem de Cristo.”
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Reginaldo Leite: Meus livros estão disponíveis no site da editora: www.dragoeditorial.com
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Reginaldo Leite: O artista é um ser inquieto, dinâmico e o processo criativo não se silencia. Encontro-me diante de pilhas de informações e imagens para o próximo livro. Talvez o mais complexo, meu grande desafio enquanto escritor.
Perguntas rápidas:
Um livro: “L’Image du monde” de Gauthier de Mertz
Um (a) autor (a): Ariano Suassuna
Um ator ou atriz: Joaquin Phoenix
Um filme: Coringa
Um dia especial: o dia do nascimento de cada filho, meus livros.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Reginaldo
Leite: Sejamos criativos, imaginativos e, sempre, tolerantes para com as
diferenças e os aparentemente “diferentes”.
Porque em meio a tantas diferenças percebemos o quanto somos iguais. As
emoções não são fraquezas, mas o que nos caracteriza humanos, o humano do Ser.
0 comments:
Postar um comentário