Fale-nos sobre você.
Sou jornalista, com mestrado em Estudos Culturais
(Filosofia/USP Leste), especialização em informação, mídia e cultura (Celacc-ECA-USP)
e comunicação e marketing (Faenac/SCS). Atuei por muitos anos na Rádio e TV
Bandeirantes e Rádio Gazeta. Na Band AM, além do jornal diário, me divertia
fazendo crônicas radiofônicas para serem lidas pelo saudoso José Paulo de
Andrade e Milton Parron. Na Gazeta, Moraes Sarmento pedia e interpretava o que
eu escrevia. Era uma forma de somar jornalismo e literatura.
No campo acadêmico, como coordenadora de comunicação da
Universidade do Grande ABC (UniABC), criei a Editora UniABC, publicando mais de
30 livros em dois anos, além de diversos artigos. Sempre estive às voltas com
livros e textos. Fui colunista do Literário do site Comunique-se, portal
de jornalistas e integrei o programa Comunique-se levado
ao ar pela All TV.
ENTREVISTA:
Você é publisher
da Editora O Artífice. Fale-nos sobre ela. Fale-nos sobre os livros publicados.
O grande problema de ser independente é o impacto com as crises
que pegam as pequenas primeiro, e muitas não resistem, e ainda a questão de
distribuição. Há uma dificuldade para obter melhor exposição nas prateleiras
das grandes livrarias e é preciso trabalhar com as de bairro e independentes
também. Há vantagens e desvantagens.
Como analisa a questão da leitura
no país?
Ainda creio que a melhor forma de formar novos leitores, e manter
os existentes, é por meio de oficinas, leituras públicas, encontros do escritor
na escola, que geralmente só lidam com os mortos e consagrados. Na biblioteca
pública do Ipiranga, conheci diversos autores que indiretamente me
impulsionaram rumo à literatura: Marina Colassanti, Lygia Fagundes Telles,
Loyola Brandão. Conheci esses autores na biblioteca do bairro, não foi em
Bienal, e me influenciaram uma vida inteira.
O que tem lido ultimamente?
Tenho a mania de ler vários títulos ao mesmo tempo. Como gosto
muito da literatura espanhola, estou ‘degustando’ neste momento Os
herdeiros da terra de Ildefonso Falcones, por quem me apaixonei
desde A Catedral do Mar e A rainha descalça. Os latino-americanos
estão sempre na minha cabeceira para reler, como o fantástico O jogo da
amarelinha, de Julio Cortázar, e Cem anos de solidão, de
Gabriel García Márquez, para reviver a cidade fictícia de Macondo e a saga da
família Buendía, pois este livro marcou minha juventude. Tive muita saudade
dele quando estive recentemente na colorida Cartagena de las Índias, na
Colômbia, e vi a casa do escritor, mas tristemente fechada à visitação.
Sempre retomo em algum momento meus escritores prediletos: Cora Coralina,
Cecilia Meireles, Adélia Prado, a imbatível Clarice Lispector, passeio pela
estrutura literária perfeita de Machado de Assis, retomo Isabel Allende, Lya
Luft, o queridíssimo Fernando Pessoa, e a picardia de Anaïs Nin, a
professora Orides Fontela – esquecida por muitos, mas
genial –, e o ‘primo’ Jorge Luis Borges (brincadeira, apesar da
ascendência espanhola, meu Sólon Borges vem do bisavó Youssef que saiu do Egito
e se perdeu no Brasil). Vale muito a pena voltar ao consagrados e conhecer os
novos, isso ‘areja’ a mente e se aprende muito. Uma releitura possibilita ter
um novo entendimento a respeito do texto. O novo traz outras formas de se
expressar.
O que publicou agora?
Acabei de lançar meu segundo livro de poesias, À espera
dos girassóis: poesias de amor e espera, com a proposta de tornar possível
um passeio pela casa – a sólida, que nos habita, mas que leva à estrutura
interior, repleta de sonhos e expectativas, chegadas e partidas, emoções e
naufrágios. E com prosa poética intensa: “Há dias de sol tão forte que me abro
inteira – feito cortinas –, assim as perdas queimam e secam as cicatrizes.
Quero violetas com flores porque o trabalho de cura é só meu”, um exemplo de
comparação do jardim exterior e interno, com os quais brinco.
Os poemas foram agrupados em função dos motivos tratados:
Jardins regulares – uma brincadeira com o título de seu primeiro livro, Jardins
Irregulares –, Motivos de chegadas, A casa dos sabores, Cotidianos, A
linguagem das águas, As estações do amor (Temporais, Verão, Primavera, Outono,
Inverno).
Na parte dedicada às Estações, pode-se ler: “As estações têm
sempre a porta aberta para o segundo verão. Na turbulência dos girassóis
exuberantes, você surge com o sorriso ávido de flores e ervas aromáticas e
percebo que não estou apenas diante de um corpo absolutamente másculo à vontade
em si mesmo. Mas um rosto com seu depoimento de fera e história, com a sua
biografia de barcos que atravessaram outros mares em busca das cartas
celestiais”, ao se referir aos cheiros domésticos e à essência das flores, mas
acima de tudo à profundidade que existe no feminino. “Suspiramos depois do
amor, possuídos um do outro, quando um bafeja seu espírito no interior do seu
contrário”, é outro exemplo do que se pode esperar do amor, alicerce entre
pares, e deste livro.
Estou na fase final de produção de meu livro de contos, Janelas abertas para uma canção desesperada, havia ficado na gaveta, e também finalizei Mudei meu passado, e agora?, escrito a quatro mãos e dois cérebros, o do amigo Coca Valença e o meu. Estamos com o lançamento recente de A historinha do cachorro Cheirudo, meu e do Cappelli, e conto com mais três livros de poesia, de outro autor, para lançamento no segundo semestre, se a pandemia deixar. E trabalho arduamente no livro Cicatrizes da imigração, resultado da minha dissertação, sobre a repressão aos espanhóis nos anos 1930, na ditadura Vargas.
Link da editora:
http://editoraoartifice.com.br/
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas
Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos
livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita:
atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca
(Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021) e O
quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021). Organizadora dos livros Uma noite no
castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora
Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020), Um fantasma ronda o
campus (Editora Verlidelas, 2020), O medo que nos envolve (Editora Verlidelas,
2021) e Queimem as bruxas: contos sobre intolerância (Editora Verlidelas,
2021). Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde
1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de
gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil.
Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru.
Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se
intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora
Mercado de Letras, 2020) e seu mais novo livro juvenil se denomina O quarto
número 2 (Editora Uirapuru, 2021).
Solange e sempre profunda e tem uma literatura honesta. Seu último livro traz uma poesia madura, quente, desnuda e doce. Parabéns! Adoro!
ResponderExcluirO trabalho da editora é fantástico! Que venham mais e mais títulos!
ResponderExcluirCurti muito a matéria e já compartilhando nas redes sociais. A Conexão é essencial para quem ama livros, autores, leitores, editores. Grata pelo trabalho de vocês.
ResponderExcluirCada novo trabalho da Solange é um aprendizado e a certeza que a felicidade é possível. Sua sensibilidade é transferida para as letras e impressa no coração de quem a lê. Mais um sucesso, parabéns!
ResponderExcluirEu tenho Jardins Irregulares! Ótimo 👍!Bjks, So
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