José Martino
José Martino nasceu na cidade de São Paulo em 1968.
Formado em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), escreveu cerca de
quinze livros entre romance, conto, poesia, biografia e
historiografia. Já foi premiado em diversos concursos literários por todo o
Brasil, destacando-se o “Prêmio Manaus de Literatura” na categoria romance em
2007. Mora na cidade de Atibaia / SP e integra o Coletivo Quatati. Acabou de
lançar seu último romance, “O Priorado de Salomão”.
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
José Martino: Ao contrário da maioria dos escritores que conheço, não comecei escrevendo poesia, mas contos. Há uns trinta anos, entrei pela primeira vez em um concurso literário, realizado no Paraná. Tratava-se de um concurso de nível nacional e, para minha surpresa, o meu conto acabou ficando em primeiro lugar. Isto foi um grande incentivo para mim, vencer um concurso logo em minha “estreia” literária. Por essa época, eu editava um fanzine de literatura chamado Arlequinal, que enviava a diversos escritores e poetas em todo o Brasil. Era o início dos anos 90, época em que também comecei a escrever meu primeiro romance. Como eu estava apenas acostumado a escrever contos e não conhecia muito bem a técnica específica do romance, levei oito anos para concluir uma obra de apenas 150 páginas. Contudo, foi um excelente aprendizado. Meu segundo romance, com mais de 300 páginas, foi escrito em pouco mais de um ano, pois eu já conhecia melhor o caminho a ser trilhado. Depois deste, escrevi um romance histórico, “A Noite Negra”, que demandou imensa pesquisa a respeito das invasões que a cidade do Rio de Janeiro sofreu nos anos de 1710 e 1711 por piratas franceses. Todo o esforço valeu a pena, pois o romance foi o vencedor do Prêmio Manaus de Literatura em 2007, tendo sido publicado pela prefeitura daquela cidade em uma belíssima edição de mil exemplares. Para escrever “O Priorado de Salomão”, meu último romance, também tive que fazer uma grande pesquisa e só cheguei ao texto final após quinze anos de trabalho.
Conexão Literatura: Você citou o seu último livro "O Priorado de Salomão". Poderia comentar?
José Martino: Trata-se de um thriller empolgante, repleto de aventuras, mistérios e enigmas, além de reviravoltas imprevisíveis e surpreendentes. Michael, o personagem principal, é um jovem postulante no convento de Santa Maria delle Grazie em Milão e, casualmente, descobriu em seus subsolos a antiga biblioteca secreta dos cavaleiros templários. Através de três livros ali encontrados - Segredos Ocultos da Igreja, o Evangelho de José de Arimateia e o Diário de Jacques de Molay - ele tomou conhecimento de segredos terríveis, que podem mudar a face do mundo. Quando vai revelá-los a seu amigo e conselheiro, frei Abelardo, este é encontrado misteriosamente assassinado em sua cela. Acusado pelo crime, o jovem foge do convento para não ser preso e acaba se envolvendo numa perseguição cinematográfica. Misturando profecias de Nostradamus à Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo, previsões apocalípticas, Arca da Aliança e fraternidades extremamente secretas, tenho certeza de que este livro encantará todos os leitores que amam romances de aventuras na linha de O Código da Vinci de Dan Brown.
Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação? Quais são as suas inspirações?
José
Martino: Cada escritor possui uma maneira própria para escrever. Há aqueles que
o fazem de um só fôlego, como se alguém lhes ditasse no ouvido as frases já
prontas. Depois que põem as ideias no papel, quase mais nenhum trabalho eles
têm, pois praticamente não há o que se corrigir. Neste grupo, encontram-se os
gênios como Pascal, que compunha tudo dentro de sua cabeça e, graças à sua
memória excepcional, somente se dispunha a escrever quando o texto já estava
acabado no interior do cérebro. Infelizmente, pouquíssimos escritores podem se
dar ao luxo de usar tal método. A grande maioria dos mortais, porém, costuma
sofrer bastante durante a confecção de um texto artístico, principalmente se
quem escreve possui um elevado senso crítico. Eternamente insatisfeitos com os
próprios escritos, estes escritores passam a vida se torturando em busca da
frase perfeita, do vocábulo preciso. É o meu caso. Gasto horas, às vezes dias,
para escrever uma única página.
Você falou em inspiração. Houve um tempo em que os poetas pediam às musas para elas cantarem, se tivesse necessidade de redigir qualquer coisa. A musa cantava e o poeta escrevia como se estivesse encantado, servindo apenas como intermediário nesse processo, feito um médium moderno. Hoje, já não se acredita mais em musas, mas se acredita em inspiração. Quando não nos sentimos inspirados, há duas coisas que podemos fazer: desligar o computador ou insistir em escrever. Acredito que essa seja a melhor maneira para fazer vir a inspiração. Ao me sentar para começar a criação de um novo conto ou poema, num ambiente reservado e sempre com a porta fechada (segundo Stephen King, todo escritor precisa de um ambiente privado e com a porta fechada para escrever), abro uma página do Word e é muito comum eu permanecer fitando a tela em branco durante algum tempo sem ter nenhuma ideia. Parece que o computador também está olhando para mim e dizendo: “Vamos logo!”. “Começa você”, respondo. “Não, começa você”, ele insiste”. E ficamos nesse impasse sem conseguir escrever nada. No início, é natural sentirmos certa dificuldade no ato da escritura, a frase parece que não flui como deveria e somente quando nos aquecemos é que o processo da escrita tende a se tornar mais fácil.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?
José Martino: Há inúmeras passagens que eu poderia citar do livro. Gosto, especialmente, desta parte que descrevo a maldição que Jacques de Molay lançou sobre o rei Felipe IV, o Belo, o papa Clemente V e o ministro Guilherme de Nogaret, quando estes o observavam ser queimado numa fogueira em praça pública. Trata-se de um episódio que aconteceu de fato e que procurei dar um toque literário:
“O rei ordenou que a fogueira fosse acesa. Então,
enquanto Jacques de Molay estava sendo consumido pelas chamas, em meio a gritos
lancinantes de dor, ainda conseguiu proferir suas últimas palavras, terríveis
ameaças ao ministro, ao rei e ao papa.
- Vós, ministro diabólico e libertino, em vez de
tecer intrigas na corte, difamando a dignidade de uma Ordem que sempre pautou
sua existência em defesa da fé cristã, deveríeis saber melhor aconselhar vosso
rei, pois para isto fostes alçado ao cargo que ocupais. Vós, papa de Satanás,
subserviente e corrupto, deveríeis zelar por vosso rebanho, procurando
encaminhar a alma dos fiéis para a glória celeste e não prostituir o trono de
São Pedro, dobrando-vos a interesses mesquinhos, como fizestes durante todo o
vosso pontificado. E vós, rei ganancioso, traiçoeiro, desleal e hipócrita, que
trazeis no peito um ninho de víboras em vez de um coração humano, deveríeis
dedicar-vos ao bem-estar do povo e não apenas ao vosso real umbigo. Lembrai-vos
que sois lama e nada levareis desta terra onde marcastes a planta de vossos
pés. Pois quem tiver ouvidos, ouça: ainda este ano, todos vós estareis mortos e
vos intimo a comparecer diante do tribunal de Deus para responder por vossos
crimes!
Após Jacques de Molay ter amaldiçoado os três, uma
balbúrdia tomou conta da praça, pois muita gente falava e berrava ao mesmo
tempo. Felipe IV, apoplético, com os olhos cuspindo chamas, mandou que
acrescentassem palha molhada à fogueira, para que a fumaça sufocasse
imediatamente as palavras do odioso templário. Aos poucos, as pessoas tornaram
outra vez a fazer um silêncio respeitoso, bastante consternadas, como se
tivessem tomado consciência da selvageria atroz que atos como aqueles
representavam. Era possível ouvir apenas o murmúrio das labaredas e a
gargalhada execranda, demoníaca, depravada, do depravado ministro, do demoníaco
papa e do execrando monarca. Suas risadas pareciam ecoar pela ilha inteira,
como um réquiem funesto e perverso. Porém, enquanto saboreavam sua vingança, a
multidão que presenciava aquele espetáculo hediondo passou a se pôr de joelhos,
ao constatar que o corpo de Jacques de Molay havia se incendiado, mas as suas
vestes não queimavam! O rei, o ministro e o papa entreolharam-se cheios de
horror, pois jamais tinham visto uma coisa daquelas. Clemente V fez uma prece
pela alma do velho templário, envergonhado.
- Este homem era, na verdade, inocente...
Cerca de um mês após a morte do último grão-mestre do Templo, o papa morreu subitamente. Antes de terminar aquele fatídico ano de 1314, seguiram-no para o túmulo Guilherme de Nogaret e o próprio rei da França, Felipe IV, dito o Belo, que faleceu em virtude de um acidente a cavalo, enquanto caçava, após seu cavalo ter empinado, esquivando-se misteriosamente de algo que ninguém nunca soube explicar o que era. Estava terminado. A maldição de Jacques de Molay cumprira-se exatamente como ele previra.”
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
José Martino: O livro está sendo vendido no Mercado Livre. Basta digitar na busca “O Priorado de Salomão”, que envio autografado para quem quiser. As pessoas também podem entrar em contato diretamente comigo pelo meu Facebook.
Conexão Literatura: Quais dicas daria para os autores em início de carreira?
José
Martino: Ter paciência e perseverança. Inúmeros escritores me dizem que
escrevem como falam, pondo em prática aquela velha tese pregada, entre outros,
por Miguel de Unamuno. Pois não venham reclamar depois que as pessoas não dão o
devido valor a seu trabalho. É óbvio que quem procede dessa maneira acaba
trazendo para a língua escrita todos os detritos típicos da modalidade oral da
língua. E muitos daqueles que seguem o exemplo do ex-reitor da Universidade de
Salamanca não o fazem apenas porque se identificam com o pensamento do mestre
espanhol, mas simplesmente porque não possuem o espírito paciente e perseverante
que o gênio artístico exige. Querem fazer tudo para ontem, apressadamente, como
se a obra de arte fosse latrina de rodoviária, cuja existência estriba-se na
urgência e na desocupação rápida. O texto mal escrito, mal meditado e mal
corrigido parece que lhes queima os próprios dedos. Esquecidos do conselho de
Guimarães Rosa, que dizia para o artista construir pirâmides e não fazer
bolinhos, eles preferem comer o bolinho frio do dia ao enorme trabalho de
erguer uma obra consistente e duradoura. Segundo Théophile Gauthier, “somente a
arte robusta goza da eternidade”. Veja que mais nada restou da grande Grécia
além de poucas ruínas. Mas suas obras literárias aí estão, resistentes como
bronze. É difícil para um americano entender que seus imensos arranha-céus viverão
menos do que Edgar Allan Poe.
Muitas vezes, toda essa afobação provém do fato de
possuir o autor um ego maior do que o próprio talento. Pessoas há que escrevem
e posam de escritores apenas para alimentar a própria vaidade doentia, buscando
um conforto duvidoso em elogios vazios e, na maioria das vezes, falsos. Mal
põem ponto final num texto e já o atiram na cara dos amigos, famintos para
receber algumas migalhas de aprovação e louvor. Não são escritores, mas
mendigos da pena, que buscam angariar simplesmente o troco reles da glória
miúda.
É próprio dos apressados deixar as coisas inacabadas. Se o escritor abandona seu texto após o primeiro esboço, ele terá grande chance de parir um aleijão. Escrever é como construir uma casa. Você pode até morar nela logo após levantar as paredes e concluir o telhado. Mas todos sabem que a casa não está pronta. É necessário fazer o acabamento, revestir as paredes, assentar o piso, pintar os muros para que a sua aparência se torne mais agradável. O mesmo ocorre com um texto literário. Dá-los ao público sem maior meditação, corresponde a habitar uma casa inacabada.
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
José Martino: Sim, tenho inúmeros projetos, mas não gosto de adiantar nada. Meu objetivo agora é divulgar “O Priorado de Salomão”. Quem quiser conhecer um pouco mais dos meus outros trabalhos, também pode visitar meu site oficial no link abaixo.
Perguntas rápidas:
Um livro: Cem anos de solidão
Um ator ou atriz: Morgan Freeman
Um filme: O Poderoso Chefão
Um hobby: Colecionar livros antigos
Um dia especial: Um Natal da minha infância. Quando acordei, havia debaixo da árvore uma caixa de papelão. Ao abri-la, estava repleta de livros usados, muitos bem velhinhos, comprados em sebo. Aquilo foi extraordinário e abriu um mundo imenso para mim, menino de dez anos.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
José Martino: Gostaria de dizer que meu livro “O Priorado de Salomão” ficou muito bonito, impresso no formato 16cm x 23cm, em papel pólen e possui 464 páginas. Também acompanha um card especial para marcação dos enigmas. Quem quiser, pode assistir a um Book Trailer no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=d7ztaWApCgU
Também aproveito para deixar alguns contatos:
Facebook: www.facebook.com/josemartino.escritorpoeta
Fanpage Facebook: www.facebook.com/oprioradodesalomao
Site Oficial: www.josemartino.com.br
Instagram: www.instagram.com/jose_martino_escritor
Comprar o livro “O Priorado de Salomão”: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1968389888-o-priorado-de-salomo-jose-martino-autografado-p-voc-_JM#position=5&search_layout=stack&type=item&tracking_id=bf301d08-5c2c-44fe-b979-eaf023d56e3f
Grande abraço a todos e obrigado
pela oportunidade!
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