Leonardo Costa
Oliveira é geólogo por formação e tem vários artigos publicados nesta área,
alguns até premiados. Sobre este trabalho de ficção, diz o autor: “Será que
eu também poderia escrever um livro? Criar uma história que pudesse interessar
outras pessoas? Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade trabalhavam como
funcionários públicos...
Talvez, a partir de hoje, eu possa ser geólogo e também escrever... Por que
não?”
Editada em Portugal pela Editora Guerra e Paz e no Brasil pela Editora
Penalux, a obra de Leonardo Costa Oliveira nos apresenta o mundo onírico e
complexo de Amadeo, “um jovem pintor que se busca e se perde nas tensões
cotidianas, entrecortadas entre o real e o imaginário, entre o sonho e a
realidade, entre a lucidez e a embriaguez, entre a vida e a morte”, descreve
Gloria Vianna, crítica literária que assina a orelha da edição brasileira do
livro. E completa: “Por vezes, o leitor, lançado no caleidoscópio narrativo
deste romance, precisa se soltar, à deriva, para saborear a trajetória dos
acontecimentos permeados por uma ilogicidade que flerta com o quase surrealismo
das pinturas de Amadeo”.
Nas
páginas d’O Sonho de Amadeo, a realidade e o sonho fundem-se quando o protagonista recebe
um cartão-postal vindo da terra que o seu subconsciente projetou e inicia uma vertiginosa
procura de respostas nas noites mal dormidas. Um romance com tintas oníricas e
retoques de grande estilo e criatividade.
A
verdade é que a qualidade literária deste livro de estreia parece incontestável
perante a análise feita pelo júri do prémio da UCCLA e da Câmara Municipal de
Lisboa. Um dos jurados, o escritor e poeta António Carlos Cortez, assim
definiou o livro: “Prosa trabalhada […] como se a narrativa viesse dum
além-túmulo sobressaltar-nos”.
O
livro será oficialmente apresentado em Portugal na próxima sexta-feira, dia 28
de agosto, às 18h, no Auditório Sul da 91ª Feira do Livro de Lisboa. E contará
com a presença do autor.
Por aqui, a edição brasileira já pode ser adquirida pelo site da Editora Penalux.
TRECHO:
A pintura de acrílico sobre tela retratava uma figura de aspecto cadavérico em tons de cinza, sem rosto, o qual apontava um revólver em direção ao espectador. Em seu peito, uma roseira vermelho sangue subia em direção a um céu escuro, apinhado de estrelas e se transformava numa linha férrea, até desembocar em um grande jardim, que circunscrevia uma abóbada celestial alaranjada. Dentro da esfera havia outro personagem prostrado de costas para quem o via. Seus pés, entrelaçados a uma vegetação de árvores e plantas exóticas, de um verde espetacularmente viçoso, não permitia identificar onde uma coisa começava e a outra terminava. As pernas fincadas ao solo como raízes profundas denotavam certa angústia e tentavam ludibriar-nos ao confundi-la com a paisagem. Por outro lado, as mãos elevadas e abertas pareciam pedir clemência, ajuda, ou avisar algo. O quadro era bastante colorido. Havia bastante verde, vermelho, amarelo, azul tingindo cada esquina daquela pintura. No entanto, os personagens eram cinzas, com as feições borradas, como num tornado violento; não se conseguia distinguir ao certo se eram homens, mulheres, nem tão pouco se estavam tristes ou felizes. Cinzas. Como dias de outono.”
SERVIÇO
O
Sonho de Amadeo, Leonardo Costa Oliveira – romance
(146 p.; 14x21), R$42,00 (Penalux, 2021)
Link para compra: editorapenalux.com.br/loja/o-sonho-de-amadeo
SOBRE O AUTOR
Leonardo Costa de Oliveira, nasceu em Paracambi, no interior
do Rio de Janeiro. É geólogo, mestre e doutor em geociências. Em 2012 foi
laureado pela Sociedade Brasileira de Geologia com a medalha de ouro Fernando
Flávio Marques de Almeida, pelo melhor artigo de geologia publicado entre 2010
e 2012. Em 2018 participou da antologia independente Sós, e em 2021
foi selecionado para compor a coletânea do Prêmio Off Flip de
Literatura. Durante boa parte de sua vida envolveu-se como guitarrista e
vocalista em bandas de rock alternativo e vem colaborando com resenhas para os
selos de indie rock Crooked Tree Records e Jambre Records. Elementos,
estes, pincelados nas narrativas que desenvolve.
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