Mariana Brecht - Foto divulgação |
Brazza, livro de estreia de Mariana Brecht, é uma auto-ficção, uma mistura envolvente de thriller político e história de amor. Manuela desembarca em Brazzaville, na República do Congo, para supostamente trabalhar em uma empresa que constrói hospitais e cisternas no país. Ao chegar lá, a paulistana de 27 anos se vê envolvida contra sua vontade na campanha política de um chefe de Estado autoritário. Quando tem seu passaporte confiscado e seu telefone grampeado, tudo que ela quer é partir. Pouco a pouco, ela descobre as paisagens deste país desconhecido e embarca também em uma jornada afetiva, envolvendo-se em um romance com o misterioso Samuel. O desejo de explorar estes novos territórios se opõe às suas convicções e à vontade de voltar para casa. Uma casa que talvez tenha deixado de existir no momento em que ela partiu.
A tensão é uma constante e atravessa todas as relações de Manuela. Logo na primeira semana, ela e sua equipe precisam ser escoltados por militares até um hotel de luxo, ameaçados por um golpe de estado. Ela é logo avisada: que não confie em ninguém, sua posição no país é muito perigosa e em tudo há riscos. Ao ser exposta a um silêncio imposto pela desconfiança, a protagonista se encontra cada vez mais sozinha. Assim, flana pelas ruas de Brazza, pelos departamentos do Congo - um universo de sapeurs coloridos e sereias inventadas. Envolve-se em um romance vertiginoso com Samuel, um dos motoristas da equipe, que tem interesses ocultos na campanha de Sassou e que mostra a Manuela que as relações de dominação têm contornos muito mais sutis do que ela até então havia imaginado. A ambiguidade das amizades construídas em cima da desconfiança, o afeto enigmático de Samuel e o isolamento ditado pelos telefones grampeados acabam transformando a viagem de Manuela em uma jornada atípica de emancipação em um mundo que não pode ser salvo.
O livro assume formas de troca de e-mails, diário e até mensagens de celular. Escrito em primeira pessoa, "Brazza" é um romance de auto-ficção inspirado em uma experiência vivida pela autora na República do Congo, trazendo uma visão cuidadosa e perplexa sobre as idiossincrasias da sua presença naquele território. O livro discute os impactos das relações de dominação entre territórios e dos resquícios de uma lógica colonial na intimidade dos personagens. A autora explora os limites da realidade, da ficção e da poesia até que as três camadas se fundam em uma só. Capa e ilustrações são da artista franco-congolesa Anne-Muanaw. Durante o mês de lançamento, a obra foi a mais vendida no site da editora Moinhos.
Sobre a autora:
Mariana Brecht nasceu em São Roque (SP) em 1990. É roteirista e designer de narrativas da experiência em realidade virtual "A Linha", primeira obra brasileira contemplada com um Primetime Emmy. É graduada em Audiovisual, com especialização em roteiro, pela Universidade de São Paulo (ECA-USP) e mestra em Estratégias Culturais Internacionais pela Université Fédérale Toulouse Midi-Pyrénées.
Serviço - Mais sobre o livro pode ser visto no link https://editoramoinhos.com.br/autor/mariana-brecht/
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