Nunca publicado no exterior, o conjunto de textos que compõe esse volume foi oferecido pelo autor às Edições Sesc, tendo sido traduzido do espanhol e editado em formato de livro.
Nessa obra, o leitor é o ator principal e só depois dele vem o escritor, o editor ou o bibliófilo, não no sentido de concorrência, mas como consciência de que todas essas práticas são precedidas pela leitura e ancoram-se nela.
Para Manguel, já não é mais a excelência de um texto que garante sua boa repercussão, mas a emoção que consegue provocar nos ouvintes, ainda que para isso se torne banal. É o que encontramos no ensaio Onde estão os intelectuais?
O autor explora as ambiguidades da escrita, que ora pode transmitir uma informação objetiva, ora pode ser manipulada e dar margem a várias interpretações. Já em outro ensaio, elogia os dicionários como bases essenciais capazes de nos prevenir contra o mau uso da linguagem. Assim, o uso distorcido de palavras que contém conceitos importantes como ideologia, esquerda, direita, fascismo, liberalismo, nacionalismo, entre muitas outras, pode ser evitado com um bom dicionário.
Alberto Manguel elege a leitura como ato fundador, capaz de erigir cidades, formar civilizações, assentar a justiça e garantir sua racionalidade. Para Manguel, o empobrecimento da linguagem e suas consequências no mundo em que vivemos estão relacionadas à nossa fraqueza ou potência enquanto leitores.
O ensaio que dá nome ao livro - Notas para uma definição do leitor ideal - é o pulo do gato em que o autor adentra em suas reflexões mais interessantes sobre o universo dos leitores.
“(...) para mim, a escrita é uma atividade secundária, ocasional, dispensável, mas acho que não poderia viver sem ler.” (Alberto Manguel)
Sobre o autor
O escritor, ensaísta, tradutor e editor argentino-canadense Alberto Manguel é autor de mais de quarenta livros, em sua maioria de não ficção. Nascido em Buenos Aires em 1948, passou parte da infância em Israel, onde seu pai era embaixador da Argentina. De volta a seu país natal, conheceu Jorge Luis Borges, para quem colaborou como leitor entre os dezesseis e os vinte anos de idade. Viveu em seguida na França, onde trabalhou para editoras, ao mesmo tempo em que publicava seus primeiros contos. Morou também em Milão e no Taiti, sempre trabalhando como editor, até radicar-se em Toronto em 1982, tornando-se cidadão canadense. Depois de mais um período
na Europa, retornou à Argentina, onde em 2015 foi designado diretor da Biblioteca Nacional. Em 2016 tornou-se membro da Academia Argentina de Letras. Entre seus livros publicados no Brasil estão O leitor como metáfora: o viajante, a torre e a traça
(Edições Sesc, 2017), Uma história da leitura, Stevenson sob as palmeiras, Lendo imagens e Os livros e os dias, além de antologias que organizou, como Contos de amor do século XIX e Contos de horror do século XIX.
0 comments:
Postar um comentário