Foto: Paula Mello - Ilustração da capa: Eva Uviedo |
Fale-nos sobre você.
Fabrina Martinez, 42, nasceu em Campo Grande (MS) e mora desde 2012 em Marília (SP). É jornalista, mestre em letras - estudos literários - e mediadora do Leia Mulheres Marília. Seu livro de estreia, Sabendo que és minha, foi contemplado pelo Proac em 2019 e publicado pela editora Jandaíra em 2020.
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre o livro. O que a motivou a escrevê-lo?
Sabendo que és minha conta a história de uma mulher que vê a mãe morrer durante o processo de restauração da relação delas. A partir do luto por essa perda, a narradora analisa suas escolhas, a relação com a própria filha, seu lugar na família e como o luto afeta sua existência num mundo obcecado pela felicidade.
Quem, de fato, me motivou a escrever foi a Toni Morrison. Já havia um tempo em que eu procurava um livro que abordasse o luto pela morte da mãe e não encontrava. A Simone de Beauvoir (que sempre faz tudo) escreveu Uma Morte Muito Suave sobre os últimos dias de vida da própria mãe, mas não sobre o luto. Era algo que eu queria e precisava. Um dia me deparei com uma frase dela dizendo que "se você encontrar um livro que realmente queira ler, mas ainda não foi escrito, então deve escrevê-lo". Então, fiz. Mas eu sentia que não era um livro que eu queria apenas escrever, mas também publicar. Foi quando me inscrevi no Proac em 2019 e fui contemplada. Honestamente, não sabia se conseguiria sem o aval do Proac. Foi um momento transformador porque eu não acreditava em mim, o irônico é que não duvidava do texto. O livro, assim como uma filha, é uma parte de mim que não sou eu.
Como analisa a questão da leitura no país?
Acredito no poder transformador dos livros, mas não sei se posso fazer essa análise. O que posso dizer, com alguma segurança, é que precisamos de mais livros para termos menos problemas óbvios como os que enfrentamos agora.
O que tem lido ultimamente?
Mulheres. Nos primeiros meses da quarentena li a Tetralogia Napolitana da Elena Ferrante e foi essencial para minha saúde mental. Depois que entreguei o livro passei por um período de ressaca, tanto da escrita quanto da leitura. Ainda não escrevi muitas coisas, mas tenho lido autoras brasileiras vivas como a Monique Malcher, Natália Borges Polesso, Morgana Kretzmann, Angélica Freitas, Conceição Evaristo, Pilar Bu e Nina Ferreira, entre várias outras escritoras. Acho que o único autor que li em 2020 foi o Domenico Starnone. Acho. Estar no Leia Mulheres Marília, primeiro como participante e depois como mediadora, mudou muito a minha perspectiva na hora de escolher um livro. Estou feliz com essa mudança.
Quais os seus próximos projetos?
Essa resposta muda de acordo com o dia e, talvez, com o horário em que me perguntam isso. hahahahaha
No momento, estou aprendendo a conviver com o Sabendo que és minha. Sabe, meu livro de estreia é baseado na frase que mais me dói dizer: minha mãe morreu. Por mais que ele seja outra coisa que não eu, o livro nasceu de uma parte muito machucada de mim. Isso torna difícil fazer coisas que, tenho certeza, seriam simples e agradáveis em outras circunstâncias. Por exemplo, divulgar o livro ou até mesmo responder essa entrevista.
Apesar disso, tem uma parte minha que está sempre vendo uma ou outra situação e pensando que aquilo daria um bom texto, independentemente do formato. O que posso dizer com alguma surpresa é que logo, logo estarei em três antologias: duas de poesia e uma de contos. Mas sinto que o próximo livro será uma história de amor. O Sabendo que és minha também é, mas de outro jeito, outro amor.
Uma pergunta que não fizemos e que gostaria de responder.
Leiam autoras brasileiras vivas, priorizem livros publicados por editoras independentes e comprem em livrarias de rua.
Link para o livro:
https://polenlivros.lojavirtualnuvem.com.br/produtos/sabendo-que-es-minha/
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019) e O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020) e Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020). Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais novo livro se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020).
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