João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

  Querido(a) leitor(a)! Nossa nova edição está novamente megaespecial e destaca João Barone, baterista da banda Os Paralamas do Sucesso. Bar...

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Sobre o conto "Era Uma Vez..."


O rei estava morto. Em seu lugar, seu filho Bagmar assumiria, levando o reino de Frontierish a um tempo de fortuna e glória. Mas o irmão de Bagmar, Inrich, pensava de modo diferente.
Inrich crescera ao lado de seu irmão sem se preocupar com sua educação para se tornar um líder. O povo precisava de alguém assim, e via em Bagmar a solução para um problema cada vez mais incontrolável, que o rei, enquanto vivo, não conseguia resolver. Um dragão ameaçava o reino, queimando plantações, casas e atacando o exército, quando este se encontrava a céu aberto, longe das muralhas do imponente castelo do rei.
Até que, um dia, ficou mais audacioso e desceu dos céus para as torres do castelo, célere e ameaçador. A princípio, era um ponto ínfimo no espaço, mas logo mostrou toda sua envergadura. Lançou uma torrente de fogo sobre o telhado da torre mais alta da enorme construção, que explodiu em labaredas cor de sangue. Metade da torre foi derrubada e, com ela, o corpo em chamas do rei e de dezenas de nobres e serviçais, adormecidos na noite que era perturbada pelo clarão do ataque.
Bagmar estava no pátio principal do vasto sistema de casas, celeiros, espaços para treinamento de combate das tropas, cozinhas e torres cercadas por uma muralha de quinze metros de espessura e cinquenta metros de altura. Ouviu quando o esvoaçar das asas do dragão chegou até seus ouvidos e dirigiu-se à muralha. Enquanto subia por uma escada interna, rente ao muro, viu a metade da torre real se desfazer em uma explosão colossal. A seguir, presenciou quando a gente do castelo, nos pátios, era esmagada e queimada com a queda das toneladas de rocha e concreto sobre eles.
O filho do rei sabia o que aquilo significava. Inrich lutaria para se manter no poder, e isso Bagmar devia impedir. Sabia ser a pessoa certa para acabar com a ameaça do monstro, que planava em círculos sobre o complexo real. Assim que atingiu a plataforma na qual soldados armavam uma catapulta múltipla com rochas enormes, Bagmar ordenou a todos que se preparassem, pois o dragão poderia lançar uma chuva de fogo sobre o resto do castelo, a qualquer momento.
O filho do rei esperou. A criatura lançou outro jorro de hálito incandescente sobre o resto da torre do rei, que se desintegrou. Mas os outros moradores do castelo estavam abrigados nos pátios e não sofreram nada com a queda da estrutura. Foi quando o filho mais velho do monarca falecido sacou sua espada e cortou o cordame esticado que mantinha um dos arcos de lançamento da catapulta múltipla engatilhado. A rocha que o armava foi lançada a dezenas de metros, não atingindo o dragão por dois ou três metros.
“Se o monstro tiver visto o disparo... estaremos em maus lençóis...”, pensou Bagmar. Mas, aparentemente, a coisa diabólica estava mais interessada nas torres do castelo. Pousou sobre um telhado, agarrando-se com as garras compridas e aguçadas nos flancos da construção, e um urro agudo ecoou, lançado de sua garganta.
A catapulta múltipla podia girar em círculos. Estava montada sobre a muralha e seu alcance era de duzentos a trezentos metros, em todas as direções. Bagmar viu que o pouso do dragão constituía uma oportunidade única para que o abatesse. Ordenou que fizessem um giro de 45 graus para o Leste, tratando de ajudar os homens que cuidavam da maquinaria, forçando as pesadas manivelas da catapulta.
O dragão expeliu uma nuvem causticante escarlate de sua garganta em direção à torre mais próxima. Dessa vez, certificou-se de espalhar o fogo por toda a construção afilada. Bagmar sentiu quando a segunda lançadeira estava na posição correta e pediu ajuda aos deuses. Abaixou a lâmina que segurava contra as cordas do mecanismo e uma rocha de trinta toneladas foi lançada. Acertou uma asa do dragão, que urrou e alçou voo.
Porém, sem uma asa, ele não podia voar, apenas planar. Fez um voo rasante sobre os pátios e se chocou com a muralha, caindo no pátio principal. Com esforço, urrando sempre, pôs-se de pé, cuspindo fogo e mantendo a população à distância. Realmente, a asa esquerda pendia, parcialmente solta. A criatura olhava para todos os lados e percebia que não havia saída. Os soldados lançavam flechas de arbaletas e arcos, além de usarem outras catapultas, armadas nas muralhas e trazidas de outros pátios.
Enfraquecida pelo choque com a rocha de trinta toneladas, alvo de inúmeras flechas e sendo atingida por pedras menores, o dragão resolveu contra-atacar. Saltando de cinco em cinco metros, com o auxílio da asa ainda boa, varreu o espaço em que se encontrava com fogo. Soldados correram, atingidos pelas labaredas e gritando. Muitos morreram antes que fossem socorridos.
Bagmar mirou sua catapulta, com a ajuda de seus comandados, para a cabeça do dragão. Era a terceira lançadeira que punha em funcionamento. Havia uma quarta, mas o filho do rei queria manter esta como reserva, para o caso de precisarem dela em uma emergência. Giraram as manivelas, até que a catapulta ficou em posição. O fogo já atingia as moradias dos servos e nobres e ameaçava destruir as outras torres. O dragão, desesperado, girava em torno de si e espalhava destruição a uma velocidade espantosa. Logo, o castelo ruiria.
Bagmar esperou, até que a cabeça do monstro ficasse na mira. Cortou os cordames. A rocha de dez toneladas foi lançada e atingiu a cabeça do dragão, que se ocupava de espalhar morte e destruição, cinquenta metros abaixo.

--//--

Trombetas e gritos enchiam a noite. Bagmar, escolhido pelo Conselho Real para se tornar rei, acenava para a multidão da sacada de uma das torres, ainda de pé. Havia sido um dia de trabalho exaustivo, com o povo e o exército apagando o fogo que ameaçava tudo no perímetro do castelo. Enterraram o dragão na planície exterior, pois a magia poderia fazê-lo acordar novamente. Isso era o que todos temiam. Menos Bagmar. Ele não acreditava que um cadáver pudesse se levantar uma vez mais, mas essa era a crença arraigada entre o povo de Frontierish.
Nos salões das três torres intactas, houve comemoração. Em um deles, o novo rei esperava a chegada dos moradores do castelo. Os soldados também haviam sido convidados e, esperando contra as paredes o início da festa, cercavam a mesa enorme, onde seria trazida comida e vinho. Bagmar sentiu falta de uma pessoa, porém. Seu irmão Inrich. Ordenou que o procurassem, estava preocupado com sua ausência, ele poderia ter sido vítima do dragão.
No décimo andar da torre, onde seria celebrada a festa, Inrich aguardava. Estivera escondido, pois o que planejava fazer não teria volta, nem perdão. No quarto onde se ocultara, armara uma arbaleta com uma flecha de ferro e esperou que as tropas do rei passassem pelos corredores, em frente á porta do aposento, trancada.
Ele desceu, rápido e sem fazer barulho, até a sacada de um átrio, acima do salão de festas. Ajoelhou-se e apoiou o braço esquerdo na mureta, enquanto o direito pousava sobre o outro, firme. Mirou a cabeça de Bagmar. Seu rosto não demonstrava raiva, apenas sabia que era aquilo que precisava ser feito, para que se tornasse rei, no lugar do irmão.
Mas sentiu a espada do capitão de armas trespassar seu pescoço, antes que pudesse puxar o gatilho da arbaleta. A dor crescente foi acompanhada por sua visão, que ficou turva, e enegreceu. Ele tombou.
Quando deram a notícia ao rei, este custou a acreditar. Sabia que não conhecera seu irmão como deveria. Sabia que o irmão era um enigma, mas nunca pensara que ele desejasse sua morte.
Enterraram Inrich no sopé de um monte, a centenas de metros do castelo. E, deixando as festividades para quando reconstruíssem o complexo, se prepararam para refazer o que o fogo havia consumido, no dia seguinte.
Vênus brilhava tanto quanto a Lua minguante. A seu lado, fornecia luz adicional à noite brumosa. As estrelas compareceram em peso no firmamento e a iluminação acesa durante a noite, nos corredores do castelo e nos pátios, faziam da ocasião uma noite a comemorar. E a ser pranteada, também.

 

*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem.

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