O renomado escritor Júlio Emílio Braz está lançando seu mais novo livro. Nesta entrevista, ele fala um pouco sobre ele.
Quem é Júlio Emílio Braz
Júlio Emílio Braz nasceu em 16 de abril de 1959. Autor de livros infantis e juvenis há quase quarenta anos, começou sua carreira literária de maneira curiosa: desempregado, aceitou convite para escrever roteiros para as revistas de terror da antiga em Editora Vecchi em outubro de 1980. Seguiram-se publicações em outras editoras no Brasil e países como Estados Unidos, Bélgica, Portugal, entre outros e sua primeira premiação: o Ângelo Agostini da AQC como melhor roteirista de quadrinhos de 1986. Em 1983 começa a escrever Bolsilivros de bangue-bangue para a Editora Monterey, escrevendo cerca de quatrocentos títulos sob 39 pseudônimos também para editores como Nova Leitura e Cedibra. Em 1988, publicaria seu primeiro infantojuvenil, Saguairu, pela Atual Editora, e no ano seguinte ganharia o Prêmio Jabuti de Autor Revelação. Em 1990 escreveria sketches de humor para o humorístico Os Trapalhões na TV Globo e atualmente dedica-se exclusivamente à Literatura infantojuvenil, com quase duzentos livros publicados no Brasil e no exterior (em 1997, a tradução para o alemão para seu livro Crianças na Escuridão – Kinder im Dunkeln – lhe daria prêmios na Suíça – o Blaue Brillenschlangue – e na Áustria – o Austrian Children Blooks Award.
ENTREVISTA:
O que o motivou a escrevê-lo?
Na verdade, “Epaminondas Goiabeira e a Máquina da Felicidade” trabalha com as perdas que nos marcam e nos definem ao longo da vida. Ele começa quando o protagonista da história, então um homem crescido nos idos dos anos sessenta, recebe a notícia da morte do filho, um militante de esquerda durante a ditadura militar. Enquanto ele sofre por conta da notícia repentina e devastadora, volta a pensar nos tempos de infância e particularmente em sua primeira perda, a mais importante e fundamental, a perda da inocência. Coincidentemente a história se passa nos anos da Gripe Espanhola e ele mora no Rio, filho de uma importante figura da República. O pai, com medo de que o filho seja vítima da febre, envia o filho para viver com o irmão na Costa Verde do Rio de Janeiro. Os dois irmãos se detestam e no início o menino é acolhido com frieza pelo tio e se refugia na amizade de alguns empregados do tio e posteriormente na figura misteriosa de um vizinho, Epaminondas Goiabeira, que descobre mais tarde estar construindo uma ainda mais misteriosa Máquina da felicidade com a qual pretende recuperar a felicidade perdida. O envolvimento entre os dois se torna crescente é fácil imaginar a grande decepção do menino quando tudo não passava de um engodo de Epaminondas Goiabeira, um homem infeliz que após perder a família num naufrágio, para não enlouquecer ou exatamente por ter enlouquecido, se entregou à construção da tal Máquina sabendo de antemão que ela jamais funcionaria.
Não darei spoiler, viu?
A ideia do livro partiu das observações minhas sobre a necessidade do ser humano nos dias de hoje de ser ou se apresentar feliz que infesta hoje as redes sociais e como contraditoriamente nos apresentamos cada vez mais vazios e infelizes.
Como analisa o país pós-pandemia?
Quanto ao país pós-pandemia, ainda estou esperando por ele, mas antevejo um período conturbado neste mundo cada vez mais dividido entre a ignorância imobilizante de alguns e a ousadia cognitiva e a insaciável busca pelo conhecimento de outros. Torcendo para que não nos destruamos no processo.
Abraços,
Júlio Emílio Braz
Link para o livro:
https://www.oficinaraquel.com.br/livro/epaminondas-goiabeira-e-a-maquina-da-felicidade/
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019) e O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020). Organizadora dos livros: Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020) e Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020). Colunista da Revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e colunista da Revista Conexão Literatura. Seu mais novo livro se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020).
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