Mariana Pio nasceu em 1990, em Belo Horizonte. Formou-se em Direito, cursou Filosofia e estudou Teatro, mas acredita que a informação importante esteja no seguinte: cresceu entre Minas e Bahia e foi criada por uma família de mulheres. Escreve em blogs desde a adolescência, participa de antologias e revistas e publicou seu primeiro livro de poesias, “Ombros hereges”, em 2018, pela editora Urutau. Devota da curiosidade, pesquisa ancestralidade e saberes antigos. Mariana é uma escritora e poeta monodissidente latino-americana – brasileira. Para saber mais: umpio.com.br
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Mariana Pio: Publico em blogs desde 2009. Nessa época, ainda adolescente, publicava majoritariamente minicontos. Com a poesia eu tinha uma relação de adoração, de reverência. Assim, demorei alguns anos pra me arriscar com os versos. Só que fluiu tão bem que fiquei (na poesia). Meu primeiro livro, o Ombros Hereges, foi lançado em 2018, quando o original foi aprovado em uma chamada aberta da editora.
Conexão Literatura: Você é autora do livro “Ombros Hereges”. Poderia comentar?
Mariana Pio: O Ombros Hereges é uma releitura de poesias que vinha escrevendo havia já muitos anos quando resolvi reuni-las. Percebi que havia um fio condutor nítido na minha criação: o feminino, a vida interior das mulheres. Quando assimilei que a reconstrução, a colagem da minha escrita era coesa o suficiente para virar uma obra eu estava lendo Calibã e a Bruxa, e isso me nutriu de confiança para colocar o livro no mundo.
Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?
Mariana Pio: esse livro que cito, Calibã e a Bruxa, é uma fonte riquíssima pra compreender a história das mulheres no ocidente. Ele foi o miolo e o eixo da minha pesquisa. Também o estoicismo e algumas mitologias, em especial as divindades femininas, têm grande parte na minha forma de colocar as coisas. À medida que ia relendo as poesias mais antigas, ia remoldando-as para a linguagem do Ombros Hereges e recheando com referências históricas – tanto no sentido da História como no da minha própria ancestralidade. Quanto ao tempo, é importante ter em mente que a base de grande parte das poesias já existia, daí entre começar esse processo de remodelar-e-costurar e ter o livro aprovado na chamada, foram uns 6 meses.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho que você acha especial em seu livro?
Mariana Pio: “sou minha casa /inclusive meu corpo /lampejo abrigo que acaba /brilho mulher leoa de asa”. Ou ainda “alguns não são atravessados /ou são demais porém fechados: /atravessam a vida /com a permeabilidade /de um bloco de concreto //ainda de vez em quando nasce /um pé de planta /nesses lugares improváveis”.
Conexão Literatura: Quais dicas daria aos autores em início de carreira?
Mariana Pio: diria para se conhecerem bem, para descobrirem o que gostam de ler e que tipo de escrita os atravessa com intensidade. Ter uma fonte literária sólida é algo que considero importante. E, além disso, disciplina e confiança no que cria: nenhuma criação que produza significado para si é em vão.
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Mariana Pio: pode adquirir entrando em contato comigo pelo instagram @umpio, ou ainda pelo site da editora: https://editoraurutau.com.br/titulo/ombros-hereges. também tenho um site onde falo de várias coisas, inclusive poesia: umpio.com.br
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Mariana Pio: sim, tem um novo livro de poesias em processo. Espero que seja publicado ainda em 2121.
Perguntas rápidas:
Um livro: no momento, “paisagem com grão de areia”, da Wislawa Szymborska
Um (a) autor (a): Hilda Hilst
Um ator ou atriz: Fernanda Montenegro
Um filme: no momento, “Ema”
Um dia especial: o dia do lançamento do Ombros Hereges.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Mariana Pio: um agradecimento a todo mundo que apoia a poesia nacional, especialmente a feminina, e um voto de que sejamos mais, de que nossas vozes sejam múltiplas e potentes e que botemos mais poesia no mundo.
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