Fale-nos sobre vocês.
Olá, nós somos o Estúdio Molotov HQ, um coletivo de quadrinhos de Santo André (SP) formado por dois andreenses, o roteirista Victor Zanellato, e o ilustrador Diogo Mendes. Nosso estúdio surgiu com o intuito de fomentar a produção andreense de quadrinhos, criando histórias com personagens que moram na região do ABC paulista e seus arredores. O nome do coletivo faz referência ao coquetel molotov, a arma química incendiária usada principalmente em protestos e conflitos urbanos.
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre a HQ. O que os motivou a publicá-la?
O nosso primeiro trabalho impresso pelo Molotov HQ se chama “Assalto ao útero”. A história narra a trajetória de Cristina, uma mulher grávida de 9 meses que trabalha como coletora de materiais recicláveis na divisa de São Paulo e Santo André. O título da história é bem revelador e acredito que vocês imaginam o que deve acontecer.
Assalto ao útero, como muitos outros títulos que virão pelo selo Molotov HQ, narra uma trajetória de luta e resistência. Infelizmente vivemos em uma sociedade onde muitas injustiças sociais acontecem diariamente, violências extremas que não são notadas, pois não espirram sangue, mas são tão agressivas quanto. E nosso coletivo tem como maior motivação trazer isso a discussão e reflexão.
Fale-nos sobre o trabalho de vocês.
Agora com o Assalto ao útero publicado estamos focados na venda dos exemplares e na produção das próximas histórias que estão por vir. “Pavilhão” e “Ringue” são dois outros títulos que estão em pré-produção no momento, e eles, assim como o “Assalto”, têm o mesmo objetivo de trazer histórias dos moradores do ABC paulista em uma perspectiva dramática, contando mais histórias de luta e resistência.
Como a vida é complexa e cheia de espectros diferentes, após esses títulos temos outras histórias mais “leves”, que abordam super-heróis, anti-heróis e grupos revolucionários. Histórias mais divertidas, com humor e aventuras, mas que não perdem o foco das discussões das questões sociais e de desigualdade.
O que têm lido ultimamente?
Eu (Victor) atualmente tenho acompanhado alguns mangás que ainda são produzidos no Japão, como “Attack on Titan”, “My hero academia”, “One punch-man” e “One Piece”. Também estou lendo contos dos romancistas H. P. Lovecraft e Henry James.
Enquanto eu (Diogo) estou lendo “Akira” (Katsuhiro Otomo) e “Love Kills” (Danilo Beiruth), terminei recentemente “Na quebrada” (uma coletânea com diversos artistas sobre histórias periféricas) e “BlackSad” de Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido (quadrinho noir incrivelmente bom com furries, sim FURRIES). Além de quadrinhos estou lendo “Sintomas Mórbidos” da Sabrina Fernandes, que discute os rumos políticos da sociedade brasileira pós- manifestações de junho de 2013.
Nota: Furry ("peludo" em inglês) é um estilo relacionado a personagens animais ficcionais que apresentam características humanas.
Quem quiser conhecer mais sobre o trabalho de vocês, como poderá fazê-lo?
O Estúdio Molotov HQ tem um instagram, o @molotovhq, onde efetuamos a venda dos nossos quadrinhos, e postamos todas as novidades que estão por vir. Além do instagram também temos uma página no facebook: facebook.com/molotovhq.
Por que fazer quadrinhos?
Eu (Victor) gosto de refletir sobre isso. Além de ser quadrinista eu também sou educador. Eu acredito que os quadrinhos, assim como a literatura e outras formas de expressão artística, têm um grande potencial de transformação na sociedade. Histórias de qualidade formam leitores críticos que fazem reflexões sobre o mundo em que vivem. Eu faço quadrinho para propor exatamente isso, existe um mundo cruel, desigual e injusto, e nas artes podemos apontar essas coisas, e propor mudanças de pensamentos e de ações.
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019) e O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020). Organizadora dos livros: Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020) e Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020). Colunista da Revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e colunista da Revista Conexão Literatura. Seu mais novo livro se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020).
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