O livro pode ser adquirido por meio do seguinte link da editora da PUCRS, tanto na versão impressa como na versão digital: https://editora.pucrs.br/livro/1408/
SOBRE O AUTOR
Renato Barros de Castro nasceu em 1982 no Ceará, e reside em Porto Alegre. É doutorando em Letras (Literatura Comparada) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde desenvolve tese sobre narrativas de viagem sob supervisão do Prof. Dr. Gerson Roberto Neumann. Mestre em Letras e graduado em Comunicação Social (Jornalismo), também é autor dos livros de crônicas Viagem a um Brasil insólito (Prêmio SECULT, 2015) e Geografia afetiva (Prêmio Milton Dias, 2011). Publicou, no campo da ficção, os livros O mistério de Frida Zeiden (contos), obra finalista do Prêmio SESC de Literatura 2016, e Inventário das sombras (romance), dentre outros.
DADOS TÉCNICOS DA OBRA
Data de publicação: setembro de 2020.
Editora: ediPUCRS.
Páginas: 258.
Textos de José de Alencar inéditos em livro contidos na obra:
1. Folhetim – Conversa com os meus leitores (Jornal Diário do Rio de Janeiro, ano XXXIV, número 107, quinta-feira, 17 de abril de 1856, pág. 1).
2. Apólogos (Jornal Diário do Rio de Janeiro, ano XXXVI, número 202, segunda-feira, 31 de julho de 1856, pág. 1).
PREFÁCIO DA OBRA
Em qualquer literatura, quando se pesquisa um escritor considerado canônico, sempre existe a falsa impressão de que tudo já foi dito, o que faz com que tais escritores sejam deixados de lado. Entretanto, quando olhamos de novo para eles, tal perspectiva, às vezes condicionada por modismos críticos, é posta abaixo, notadamente quando o óbvio vem à tona, isto é, o de que há sempre novas possibilidades de se ver, dependendo apenas do ajuste do olhar e da sensibilidade analítica do pesquisador. É este o caso do presente trabalho de Renato Barros de Castro.
Numa pesquisa paciente que, inclusive, não descuida do diálogo com a tradição crítica, o autor revisita o primeiro (e pouco estudado) momento literário de José de Alencar, o do folhetinista, para mostrar como as crônicas iniciais, publicadas no Correio Mercantil e no Diário do Rio de Janeiro, tiveram relação direta com o desenvolvimento do projeto ficcional alencariano. Discutindo, de saída, alguns aspectos importantes como a visão de José de Alencar sobre a fisionomia da cidade, ancorado na teoria das imagens de Peter Burke e na postura do flâneur baudelairiano, passando pela visada sobre as peculiaridades da capital do Império e o consequente desenvolvimento da imprensa oitocentista, bem como sobre as especificidades do gênero folhetim, o autor, no momento principal da pesquisa, apresenta um José de Alencar vocacionado tanto para a política quanto para a literatura.
No estudo específico das crônicas, além de (re)encontrar alguns textos inéditos de Alencar, marca do pesquisador comprometido com o seu objeto de estudo, Renato Barros de Castro, por meio de leitura atenta, não apenas mostra várias facetas temáticas que o escritor cearense contemplou em suas crônicas (o literato, o fabulista, o poeta, o dramaturgo, o crítico teatral, o político, o polemista, o flâneur e o pensador), como também, ao entrelaçar a leitura das crônicas com os primeiros experimentos romanescos (Cinco minutos e A viuvinha), reconhece, como novidade analítica, alguns traços realistas nessas obras. Em outras palavras, reconhece na minúcia do cronista, observador atento dos costumes e da cidade, a gestação do romancista.
Em suma, pode-se dizer que a pesquisa de Renato Barros de Castro é um trabalho de fôlego que merece ser lido, sobretudo nos dias de hoje. Em tempos obscuros, voltar ao passado sempre ajuda, e muito, a entender as peculiaridades do presente.
Wilton José Marques
(Professor de Literatura Brasileira e Teoria Literária da Universidade Federal de São Carlos/UFSCar)
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