Contos do Loop, série da Amazon Vídeo que
estreou este mês é toda baseada nas incríveis pinturas de Simon Stalenhag. Isso
resume as maiores qualidades e os maiores problemas da nova atração da Amazon
Video. Trata-se de uma atração com aparência incrível, em que alta tecnologia
se associa a um visual retrô e a eventos estranhos. Mas é também uma série de
diretor, em que o roteiro parece estar a serviço das imagens.
A história se passa num local no qual está
instalada uma empresa misteriosa chamada Loop. Nunca sabemos exatamente o que o
Loop faz, mas vislumbramos algumas possibilidades através de pequenos
acontecimentos que impactam os moradores locais: uma menina cuja casa
desapareceu com a mãe, dois amigos que trocam de corpos, o homem que compra um
robô para proteger sua família, a moça que descobre uma forma de congelar o
tempo, um rapaz que vai para outra dimensão na qual encontra consigo mesmo.
Aliás, deveria haver uma regra básica, sempre ignorada pelos moradores do Loop:
jamais mexer em qualquer coisa que encontre na floresta ou em qualquer outro
lugar.
Os episódios contam histórias completas, mas
que se conectam, são interligadas. O personagen secundário de uma história vira
protagonista na história seguinte e assim em diante até que a história de todos
seja contada.
Há episódios muito bons, como “Êxtase”, em que
uma garota descobre uma maneira de congelar o tempo e usa esse recurso para ter
um interlúdio amoroso com seu namorado. Os dois passam um mês vivendo como
querem na cidade paralisada. Curioso é que esse episódio vai fazer os moradores
acharem que há uma quadrilha de assaltantes agindo, o que vira o gancho para o
episódio do homem que compra um robô para proteger sua família.
Outro que merece destaque é “Inimigos”: um
rapaz é abandonado pelos colegas em uma ilha aparentemente deserta e descobre
que há um habitante misterioso. O episódio tem um bom equilíbrio entre terror e
poesia e se liga diretamente ao episódio seguinte, “Casa”, com a história do
filho do protagonista de “Inimigos”.
Por outro lado, há episóidos como “Ecoesfera”
que são decepcionantes. Nele, algo fantástico está acontecendo, mas não existem
pistas do que seja. Deixar que o expectador imagine tudo pode ser interessante
num quadro de Simon Stalenhag, mas não funciona em um seriado.
Contos do Loop foi anunciado como um anti Black
Mirror, o que é uma boa definição. Se em Black Mirror a visão sobre a
tecnologia quase sempre é pessimista e o resultado desastroso é quase certo, no
seriado da Amazon há um otimismo inerente, mesmo quando tudo parece levar ao
desastre.
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