Em seu primeiro romance, roteirista de Pantera Negra remonta sociedade escravocrata americana do século XIX sob a perspectiva dos escravizados “Eu me perguntava quem poderia preencher o vazio intelectual
que me atormentava depois da morte de James Baldwin.
Claramente é Ta-Nehisi Coates.”
Toni Morrison
As plantações de tabaco nos Estados Unidos, sobretudo nas colônias do Sul, garantiram a riqueza e a manutenção de privilégios dos grandes senhores de terra ao longo do século XIX. Tudo isso à custa do trabalho e do sangue de pessoas escravizadas. Quando enfim o declínio recai sobre as fazendas do interior da Virgínia, Howell Walker percebe que precisará preparar um substituto para assumir a administração de sua propriedade. Só que seu único herdeiro não tem a menor aptidão para desempenhar o papel. E o jovem Hiram, apesar de muito mais capacitado, é filho ilegítimo de Walker e, acima de tudo, um escravizado.
Primeiro romance do premiado jornalista Ta-Nehisi Coates, A dança da água, lançado no Brasil pela Intrínseca, fala da escravidão nos Estados Unidos sob um ponto de vista diferente. A trama com elementos mágicos, por vezes surrealista, gira em torno do jovem Hiram, que, depois de quase morrer afogado nas águas do rio Goose ao lado do meio-irmão, descobre um poder extraordinário e até então oculto dentro de si. Desse breve encontro com a morte brota uma grande urgência: Hiram precisa escapar do lugar que ao mesmo tempo foi seu lar e prisão desde o nascimento. Fruto de uma década de escrita e pesquisa, A dança da água foi lançado com exclusividade para os assinantes do clube do livro da editora, o intrínsecos, em julho.
Ta-Nehisi Coates narra toda a atrocidade infligida a homens, mulheres e crianças negros através de gerações de escravizados, compondo um relato comovente e místico sobre destino e propósito, perda e separação. A história de Hiram Walker é a de uma criança separada à força da mãe, negligenciada pelo pai e privada do direito de definir o rumo da própria vida. Mas também é a história de como a cultura e as tradições de um povo sobreviveram às inúmeras tragédias impostas a ele ao longo de gerações. Citando o emblemático abolicionista Frederick Douglass na epígrafe do livro, Coates reforça o desejo de que seu relato histórico, ainda que ficcionalizado, contribua para a criação de um novo paradigma sobre os muitos séculos de escravidão. “Meu papel foi contar o papel do escravo. Para a história do senhor não faltam narradores.”
“Um trabalho de imaginação impressionante e imenso significado histórico.”
― Rolling Stone
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