Fale-nos sobre você.
Eu tenho mestrado em Psicologia pela Universidade São Francisco, especialização em Psicopedagogia, sou formada em Psicologia e Pedagogia, docente no ensino superior em cursos de graduação e pós-graduação desde 2001. Também já atuei na área de Desenvolvimento de Pessoal em empresas de diversos ramos e já fui consultora na área de Humanas. Atualmente além da docência faço atendimentos nas áreas de Psicologia Clínica e Psicopedagogia.
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre seu livro. O que a motivou a escrevê-lo?
A ideia do livro surgiu da pandemia em 2020, da experiência do isolamento escolar e da paixão pela educação. Faz muito tempo que tenho este desejo e estava adiando, a intensidade das emoções neste período de pandemia mundial, com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo e nós, educadores, tivemos que dar conta de fazer a Educação acontecer, com a melhor qualidade possível, foi o que me motivou, porque em poucos meses vivi intensamente experiências que acredito valerão por anos. Tudo que acredito e procuro colocar em prática, mas muitas vezes não é possível, emergiu na “educação remota” e precisei dar muito mais autonomia para meus alunos, pois não estava tão por perto assim, para socorrê-los, compartilhei mais vezes os problemas que estava enfrentando, pois estávamos no mesmo “barco”, era tudo muito novo para mim e para eles, ao mesmo tempo que não estava perto fisicamente, estava perto on-line mais tempo, então confiei no meu instinto de que na hora que começasse a colocar no papel as vivências deste período, elas fluiriam e foi o que aconteceu.
Como analisa a questão da leitura no país?
Eu vejo a questão da leitura de uma forma muito negativa, infelizmente, acho que lemos pouco. Esta é só uma impressão, mas que vem de algumas “buscas informais” que costumo fazer, pois não é meu objeto de estudo. Eu sinto na sala de aula o despreparo do nosso aluno universitário e muitas vezes o “desgosto” pela leitura e sinceramente fico muito triste, pois isto é reflexo de uma educação básica que não os ensinou a gostar de ler. Eu tenho certeza que uma criança que é estimulada a ler poderá vir a gostar de ler, mas acredito também no poder que o ensino superior tem em relação a isto, pois já testemunhei transformações grandes em alunos que não gostavam, ou não sabiam ler ou nem sabiam que gostavam, porque não tinham o hábito de ler. Neste sentido, acredito que o trabalho do educador é fundamental em qualquer idade para influenciar positivamente um aluno e transformá-lo num leitor.
Como analisa a questão da educação, sobretudo nessa época de pandemia?
Não vejo a educação com bons olhos no seguinte sentido, todos sabemos que a educação de qualidade faz toda diferença, mas infelizmente no nosso país, quem poderia fazer isto efetivamente acontecer não tem vontade política, social e econômica. Não temos no nosso país uma educação equitativa e nesse período de pandemia as coisas ficaram piores ainda, pois à classe alta não faltou educação, temos visto em várias reportagens, internet, programas educativos, professores particulares, enfim, todos os recursos que o dinheiro pode comprar e para as classes mais empobrecidas do país resta esperar o ano acabar, somente. A pandemia só mostrou a estratificação das classes sociais que nós conhecemos bem e reforçou o que as diferenças econômicas e de classes sociais podem fazer.
Uma pergunta que não fizemos e que gostaria de responder.
Eu gostaria de falar a respeito dos meus colegas professores universitários, vou falar dos docentes universitários, pois trabalho com estes. Para os professores além dos conflitos pessoais, vieram jornadas extensas de trabalhos, muita pressão com prazos, questões formais, estruturais, sistêmicas, que de um jeito ou outro, num espírito colaborativo, fomos dando conta. Porém, nós tivemos que pensar nos alunos, porque a relação professor-aluno já é por si só, muitas vezes, uma relação conflitante e nesse período foi importante praticar a empatia, pois cada aluno da sala de aula estava sendo bombardeado com problemas sérios de família, de saúde, emocionais e trazia-os para o convívio com os colegas e professores. Portanto, é de fundamental importância que o professor se cuide também, para manter-se saudável, com inteligência emocional, autoestima, para assim poder cuidar dos outros, com empatia, respeito mútuo, boas relações interpessoais, afetividade e amor.
Link para o livro:
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019) e O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020). Organizadora dos livros: Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020) e Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020). Colunista da Revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e colunista da Revista Conexão Literatura. Seu mais novo livro se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020).
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