João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

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terça-feira, 2 de junho de 2020

Eduardo Cardoso e o livro Corpo-Luto

Eduardo Cardoso - Foto divulgação
Eduardo Cardoso é formado em Letras pela Universidade do Grande ABC. É professor de Língua Portuguesa da prefeitura do município de São Paulo. Especialista em Filosofia e Pensamento Político Contemporâneos pelo Centro Universitário Assunção e graduando em Filosofia pela Universidade Paulista, além de pós-graduando em Educação Transformadora pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e psicanalista em formação pela Escola de Psicanálise de São Paulo. Na área literária, participou da “1ª. Antologia Literária do Grupo de Escritores da UniABC” (livro organizado por Adriano Calsone e Sérgio Simka, publicado pela Editora da UniABC, em 2006) e da coletânea “Contos (para Ler) na Universidade” (livro organizado por Sérgio Simka e ítalo Bruno, publicado pela Editora Iglu, em 2009). “Corpo-luto” é o seu romance de estreia (publicado pela Editora Todas as Musas, em 2020).

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Eduardo Cardoso: O meu processo de escrita, começou mesmo, quando iniciei a minha Licenciatura em Letras. Antes, eram apenas rascunhos, crises existenciais, poemas escritos na fase da adolescência etc. Comecei no meio literário em termos de escrita e publicações (pois desde cedo, sempre fui um leitor assíduo) – quando fui convidado pelo professor Sérgio Simka a participar da Primeira Antologia Literária do grupo de escritores da Universidade do Grande ABC e depois da coletânea: Contos para ler na Universidade. Daí em diante não parei mais de escrever. 

Conexão Literatura: Em seu romance de estreia, você dá voz a um personagem próximo do momento da morte. Como ocorreu essa escolha? 

Eduardo Cardoso: A morte está a todo o momento nos rodeando, porém não sabemos o que é a morte, e principalmente, quando ela aparecerá para nós. O que vemos é a materialização da morte, representada na figura do cadáver alheio – temos uma ideia de que “ali jaz” – entretanto, sentimos essas perdas. A morte pode vir subitamente, ou aos poucos, maltratando o corpo. O meu processo de escrita, também foi baseado em perdas de pessoas queridas e familiares. 
Outro motivo que me levou a escrever a obra Corpo-luto foi a questão de que parte dos jovens e idosos estão desistindo de viver. Por que isto está acontecendo? Por que adolescentes simplesmente não querem mais viver? Por que há uma taxa altíssima de suicídios entre os idosos? Diante destes fatos, passei a fazer leituras sobre o assunto. Além disso, vejo o descaso de parte da sociedade em como trata as pessoas de idade avançada - um objeto envelhecido, obsoleto que não serve mais para nada. Sendo assim, a escrita de Corpo-luto é social - foi direcionada para as relações de afetos que estão ocorrendo entre as pessoas, cujas amizades ou relacionamentos terminam por apenas um clique - o quanto essas relações no fundo são vazias. E as plataformas digitais? Elas nos dão a ideia de que temos realmente cinco mil amigos - olha que loucura? No máximo, conhecemos umas cinquenta pessoas de forma não virtual - as relações se tornaram "líquidas”, como escreveu o sociólogo Zygmunt Bauman (infelizmente já falecido). Obviamente, que fiz um recorte, pois não posso escrever ou determinar que todas as pessoas pensam ou agem desta forma. 
A personagem principal Domenico é um acadêmico em idade avançada, com grandes perdas em sua vida, que passa a se questionar "o que é o morrer?". Portanto, o fluxo narrativo ocorre com o processo narrador-personagem que apresentam ao leitor as suas angústias, seus medos, suas ausências e seus amores - e são seus questionamentos que podem levar os leitores e leitoras a refletir um pouco mais sobre suas próprias vidas. 

Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro? 

Eduardo Cardoso: O meu processo de escrita e pesquisa foram frutos de minhas leituras. Basicamente, um dos livros que me inspiraram a escrita de Corpo-Luto foi:  Vivo até a morte – Paul Ricoeur – o filósofo pensava no auge dos seus oitenta anos, na época – em como seria a sua morte. O que o seu corpo ainda teria a dar ao mundo? Será que sua crença em um plano divino realmente se concretizaria? – em suma, o processo do envelhecer e a proximidade de uma existência física.  Além de outros livros ou autores, como Milan Kundera, José Luís Peixoto e Evandro Affonso Ferreira – que ajudaram a refletir sobre o processo existencial da personagem principal, o senhor Domenico. 
Em relação à conclusão da obra, entre revisões e processo de publicação, aproximadamente um ano, A Editora Todas As Musas trabalhou de forma primorosa na confecção do meu livro. Tenho certeza de que outra editora não daria a atenção necessária que esta obra merece. 

Conexão Literatura: O que é Corpo-Luto para você? 

Eduardo Cardoso: Corpo-Luto é social. É preciso fazer este adendo, porque o enredo não está apenas nas personagens que compõem a narrativa – isto é importante, logicamente, mas o que elas carregam é uma mensagem: por que as pessoas estão desistindo de viver? Por que jovens, com doze ou trezes anos, dizem – “eu não tenho mais vontade de viver?” – Por que eles sentem este vazio? Em suma, por que as relações se tornaram mais fluidas ou líquidas – pegando emprestado a metáfora do filósofo Zygmunt Bauman? E os chamados “idosos” ou pessoas da terceira idade? – quando querem falar com jeitinho, usam este termo. Uma hipocrisia social! Além disso, o que a obra pretende trazer para a reflexão, é o  número altíssimo de suicídios entre os jovens – porque em suma, não veem sentido no presente, e principalmente no futuro, e os mais velhos – em alguns casos, vão justificar – “se não fui feliz até agora, já chega. Obviamente o que trago é um recorte social e isto está implícito e explícito em Corpo-Luto – as personagens apresentam a angústia, a dor, mas também, uma bela história de amor que resiste ao tempo. 

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho que você acha especial em seu livro?  

Eduardo Cardoso: (...), “Mas a morte é o fim de todas as peças. É a música que encerra o ato. Ou, em outros termos, uma música que pode terminar, como nos antigos bolações (mais conhecidos como discos de vinil), quando a música vai diminuindo até ficar somente o chiado da agulha. Em outras palavras, a morte é a música que encerra a vida. Ora, então a morte é a metáfora da vida e não o contrário?’


Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário? 

Eduardo Cardoso: O meu romance Corpo-Luto pode ser adquirido no site da Editora Todas As Musas pelo link: https://www.todasasmusas.com.br/livro_corpo.html 
Minha rede social é: Facebook/Eduardo Cardoso e a minha página é: Eduardo Cardoso Escritor 
e-mail para contato: cardoso.edu@gmail.com 

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta? 

Eduardo Cardoso: Sim. Está em processo de lançamento uma coletânea realizada pela Editora Todas As Musas, intitulada: Histórias do Isolamento – contos, crônicas e desabafos – da qual faço parte como um dos autores.
Em breve, pretendo escrever a continuação de Corpo-Luto, se possível, ainda no ano de 2020

Perguntas rápidas:

Um livro: Sidarta – Hermann Hesse
Um (a) autor (a):  José Luís Peixoto
Um ator ou atriz: Wagner Moura
Um filme: Laranja Mecânica (1971) – Stanley Kubrick 
Um dia especial: Essa resposta é difícil, pois um dia especial, desconsidera todos os outros dias que foram especiais – se me permite, gostaria de destacar um dia que se dividiria em duas partes, o nascimento dos meus filhos: Fernanda e Henrique. 

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário? 

Eduardo Cardoso: Gostaria de encerrar, com uma citação do escritor uruguaio Eduardo Galeano - que pode nos ajudar a seguir em frente: “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
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