Lu Magalhães - Crédito Camila Brogliato |
Por Lu Magalhães
O levantamento Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro – realizada pela Nielsen Book e coordenada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e Câmara Brasileira do Livro – aponta que houve um crescimento de 7,7% nas vendas para o mercado nacional. Esse dado significa que, descontada a variação do IPCA no período, o aumento real foi de 3,3%. O melhor resultado foi registado em Obras Gerais, que obteve um aumento real de 14,8%. Um dado interessante, na minha opinião, está na comercialização: destaque para um aumento relevante em livrarias exclusivamente virtuais; vendas pela internet e marketplace; e para escolas e colégios. A venda online cresceu de 0,74% para 5,2%.
Em 2019, o setor livreiro produziu 395 milhões de exemplares, sendo que 80% deles foram reimpressões. O comparativo entre 208 e 2019 revela que houve um aumento de 7,5% no número de títulos e 13% em exemplares. O faturamento foi de R$ 5,7 bilhões – R$ 1,6 bilhão é resultado das vendas para o governo. No ranking de gênero, o melhor desempenho, excetuando didáticos, está nos livros religiosos, seguidos por literatura infantil e adulta, respectivamente.
Desde 2014 não temos um resultado tão positivo. Claro que estamos longe do ideal e que a pandemia terá um impacto considerável no setor – a estimativa é que as perdas acumuladas, até o presente momento, sejam de 13% – mas os dados indicam a reação do setor, sobretudo uma mudança comportamental do leitor brasileiro. Com o isolamento social e a impossibilidade de comprar livros diretamente nas livrarias, os leitores brasileiros têm investido na aquisição de e-books. Essa é a aposta da Primavera Editorial que desde 2015 passou a fazer a conversão do catálogo de títulos para o digital e adotar, para os novos títulos, o lançamento de versões on-line e impressas. Hoje, com 89 obras no portfólio de e-books, a editora registrou 4.853 downloads da obra O livro dos negros, em apenas 12 dias; esse foi o primeiro título a integrar a ação de marketing, exclusiva para o período de quarentena.
O aumento nas vendas de dispositivos eletrônicos de leitura, nos últimos anos, fez com que a Primavera Editorial investisse no lançamento e na conversão do catálogo para atender a esse público crescente. Além da versão digital, investimos em audiolivro que, segundo estimativa, aumenta dois dígitos ano a ano. Mesmo quando as editoras não estavam dispostas a investir para criar um portfólio sólido de títulos, fomos na contramão. Desde 2015 temos feito um trabalho que tem por objetivo dar ao leitor de língua portuguesa opções de obras em diferentes plataformas – do impresso ao on-line; essa estratégia de estreitar relacionamento com os leitores, via downloadgratuito de títulos, tem se mostrado acertada. Ao ter acesso a um livro gratuito, esse leitor fica curioso em saber mais sobre a Primavera Editorial e se sente instigado a adquirir mais obras.
Que ao término do distanciamento social e vencida a pandemia do covid-19, possamos lembrar que os livros foram – para muitos de nós – grandes companheiros para vencer um dos momentos mais difíceis da humanidade. E eles serão, também, grandes conselheiros da fase que está por vir.
Lu Magalhães é presidente da Primavera Editorial, sócia do PublishNews e do #coisadelivreiro. Graduada em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), possui mestrado em Administração (MBA) pela Universidade de São Paulo (USP) e especialização em Desenvolvimento Organizacional pela Wharton School (Universidade da Pennsylvania, Estados Unidos). A executiva atua no mercado editorial nacional e internacional há mais de 20 anos.
SOBRE A EDITORA | A Primavera Editorial é uma editora que busca apresentar obras inteligentes, instigantes e acalentadoras para a mulher que busca emancipação social e poder sobre suas escolhas. www.primaveraeditorial.com
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