João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

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sexta-feira, 6 de março de 2020

Sobre o conto “Fogo do Inferno”, de Isaac Asimov

Isaac Asimov - Foto divulgação
*Por Roberto Fiori

Alguns congressistas, militares de altas patentes, repórteres e um punhado de cientistas se achavam presentes, na noite da primeira apresentação.

Houve Alvin Horner, da imprensa, que mencionou a Joseph Vincenzo, de Los Alamos, que “agora iríamos aprender algo”, mas Joe falou que não era coisa importante. Mas eram os primeiros instantes, os primeiros bilionésimos de segundo após uma explosão atômica, que seriam mostrados em câmera de filmagem superlenta. 

Daria certo, para Vincenzo. Já havia provas iniciais de que daria certa a filmagem. Para ele, as bombas eram a sentença de morte do homem. E ele, para esse tipo de coisa simples, muito simples, não sentia nada. 

“Observe à sua volta: eles estão excitados, empolgados, mas não com medo. Não com medo suficiente. Homens presenciaram a transformação de ilhas sob o fogo nuclear de uma bomba-H em crateras e foram em seguida para suas casas, dormir”.

Literalmente, para Vincenzo, a explosão nuclear era o fogo do Inferno. Mas não, ninguém se incomodava com o fogo do Inferno. Ninguém.

As luzes se apagaram. Na tela, a torre de disparo se apresentava sombria. Tensão na plateia, que silenciara. Um ponto de luz surgiu no topo da torre, ardendo, tomando um ângulo incerto à medida que se expandia, de lá para cá. Um homem gritou, outros berraram. Podia-se farejar o medo, ele estava em sua própria boca. O sangue congelara.

A bola ovalada de luz projetara-se, pausara, antes de se expandir rápido em uma esfera brilhante. Naquele instante a bola de fogo mostrara manchas escuras com olhos, linhas escuras como sobrancelhas finas e arqueadas. Um delinear de cabelos em forma de V, a boca torcida parda cima, rindo loucamente no fogo do Inferno. E havia chifres, também.


Este é o conto “Hell-Fire” (“Fogo do Inferno”) do reconhecido mestre da Ficção Científica, Isaac Asimov. Foi publicada em 1979, na antologia “Earth is Room Enough” (“A Terra Tem Espaço”), pela Editora e Livraria Hemus, no Brasil.

Falo agora de uma mensagem de uma página do livro “Five Worlds of Our Lives –  Ingredients and Results of War and Revolution — A Geo-History”, pelos editores da revista Newsweek e pelos cartógrafos da C. S. Hammond & Co., Inc., publicado em 1961. A tradução dessa mensagem, “A Bomba-H — A Pior Arma”, é de suma importância, pelo valor humanista e documental que traz:

“O mundo estremeceu quando as tremendas nuvens em forma de cogumelo pairaram sobre as ruínas de Hiroshima e Nagasaki, na horrível aurora da Era Atômica. Mas isso foi apenas o início da invenção da destruição em massa.

“O homem havia destravado a energia do átomo, uma força que podia ser utilizada para a ilimitada destruição ou para propósitos pacíficos, como o combustível nuclear e a pesquisa médica. Porém, mais viria. Infelizmente, a Guerra Fria forçou os Estados Unidos a se concentrar no desenvolvimento de armas nucleares de poder destrutivo o mais variado, para os propósitos táticos os mais amplos, armazenando-as como uma defesa a uma possível agressão futura.

“Em 1949, o monopólio atômico foi quebrado pela União Soviética e a corrida nuclear entre as grandes potências se iniciou. Testes com bombas trouxeram o medo global, quando as explosões liberaram grande quantidade de partículas radioativas na atmosfera, que, ao se precipitar, causariam mortes ou deformações.

“Em 1950, o Presidente Truman decidiu-se pelo poder atômico, por completo. Ele ordenou que cientistas desenvolvessem a bomba de hidrogênio, um dispositivo que fundiria átomos de hidrogênio, da mesma forma que o Sol o faz, podendo liberar quantidades de energia que fariam a bomba atômica parecer ridícula.

“Em 1952, sobre um atol no Oceano Pacífico nas Ilhas Marshall, a fusão do hidrogênio ocorreu em uma estupenda bola de fogo. Um ano mais tarde, a Rússia desenvolveu sua própria bomba de hidrogênio. A Inglaterra logo juntou-se ao “clube nuclear”, bem como a França. Com rápidos passos largos na aquisição de tecnologia, cientistas previram que armamentos nucleares poderiam ser desenvolvidos por nações menos poderosas.

“A maioria dos pensadores percebeu que era desesperadamente necessário um controle das armas atômicas; mas todas as tentativas de se negociar a limitação nuclear ou o desarmamento encontraram na União Soviética apenas rejeição sem sentido a um sistema de inspeção. Quando o arsenal de armas atômicas continuou a crescer, o mundo cogitou seja se um combatente poderia sobreviver a uma Guerra Atômica, seja se poderia haver tal coisa como uma vitória.

“A visão apocalíptica de uma Terceira Guerra Mundial travada com armas atômicas levou muitos peritos militares a um direcionamento das armas para guerras limitadas ou convencionais, que eram mais toleráveis, embora havia esses que questionavam se tais guerras poderiam sempre ser controladas. E a disponibilidade crescente de armas atômicas aumentou em muito a chance de que algum cálculo mal executado poderia levar acidentalmente ao holocausto da bomba de hidrogênio.

“Esses foram os problemas que perseguiram o homem na Era Nuclear. Através de tentativa e erro, ele alcançou um novo mundo; sua chave foi uma escalada nas armas e em suas potencialidades. Com a liberação da energia do átomo, ele agora possuía o poder para arrasar tudo da face da Terra. Ou, certamente para beneficiar a raça humana.

“Uma questão central dessa Era foi essa: o Homem usaria seu único e maravilhoso cérebro parda a morte ou para a vida?”


*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem.

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
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