João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

  Querido(a) leitor(a)! Nossa nova edição está novamente megaespecial e destaca João Barone, baterista da banda Os Paralamas do Sucesso. Bar...

sexta-feira, 27 de março de 2020

Sobre o conto “Como se Divertiam”, de Isaac Asimov

Isaac Asimov - Foto divulgação
*Por Roberto Fiori

Na página marcada como ano de 2.157, no diário de Margie, ela escreveu que seu irmão Tommy havia achado um livro. Um livro de verdade!
Tommy havia encontrado o livro no sótão de sua casa. O avô de Margie dissera a ela um dia que, quando era menino, seu avô, por sua vez, havia dito que um dia todos os livros eram escritos em papel.
Tommy comentara que livros eram um desperdício. Que, no caso de livros escritos em papel, podia-se lê-los e depois jogá-los fora. Era diferente de uma tela de televisão, em que milhares de livros podiam ser lidos, sem ocupar espaço.
O menino, de treze anos disse à sua amiga, dois anos mais nova, que o livro que encontrara tratava de escolas.
— Escola? — Margie respondeu. — E que existe para falar sobre escola? Eu detesto a escola.
Margie detestava a escola. Agora, mais do que nunca, quando seu professor mecânico lhe passara um teste de Geografia atrás do outro, e ela se saíra cada vez pior. 
Sua mãe a levara, preocupada, ao Inspetor Municipal. Mas não era culpa de Margie. Ela estava se saindo satisfatoriamente bem. Seu padrão global de resultados estava mais do que correto, para a idade dela. O que ocorria era que o professor mecânico da menina estava ajustado para uma velocidade acima do normal. O inspetor dissera isso para a Sra. Jones, mãe de Margie, e afagara a cabeça da garotinha, depois de reajustar o professor para um nível médio de uma criança de dez anos de idade.
Margie não entendia porque se escreveria sobre a escola. Na realidade, o que existia em 2.147 eram os professores mecânicos, que ensinavam às crianças na própria casa deles. A fresta por onde Margie tinha de enfiar os resultados dos testes, era a parte que ela menos gostava. Tinha de preencher os testes como cartões perfurados, lidos depois pela máquina em segundos, ou menos.
Mas Tommy lhe dissera que as escolas de que o livro escrito tratava eram diferentes das atuais. Ocorrera há muito, muito tempo, séculos atrás, quando um homem era o professor. Quando as crianças, em uma dada idade, aprendiam todas a mesma coisa, em um edifício especialmente construído.
Mas Margie não acreditava que um homem pudesse ensinar tanto como um professor mecânico. Tommy lhe dissera então que sim, era possível, que mesmo seu próprio pai sabia quase tanto quanto um professor mecânico.
A Sra. Jones interrompeu a conversa das duas crianças, quando chegou a hora da escola de Margie. Ela tinha começado a ler o livro e estava gostando muito dele. Pediu, então, para ler o livro depois da escola, uma hora em que Tommy também deveria se encontrar com seu professor.
Margie se dirigiu à sua sala de aula, perto de seu quarto. Seu professor, agora devidamente ajustado para a idade da menina, a esperava. Falou que hoje iriam aprender a somar frações próprias. E Margie, a pedido de seu professor, se preparou para inserir os deveres de ontem na fresta de entrada. A tela do professor havia se acendido, e a garotinha suspirou.
Ela pensou nas antigas escolas, quando o avô de seu avô era pequeno. As crianças da vizinhança se reuniam, gritando e rindo no pátio da escola, sentavam-se nas salas de aula, faziam companhia umas às outras no encerramento do dia, quando iam todas juntas para casa. Aprendiam as mesmas coisas e podiam reunir-se para se ajudarem nos deveres de casa. 
Os professores eram gente...
O professor mecânico apresentava na tela:
— Quando somamos as frções ½ e ¼...
Margie pensava consigo mesma como as crianças deveriam ter gostado daquilo, antigamente.  Pensava em como se divertiam...

“Como se Divertiam” ("The Fun They Had"), conto escrito por Isaac Asimov, primeiro surgiu em um jornal infantil em 1951. Foi reimpresso em Fevereiro de 1954, na edição de “The Magazine of Fantasy and Science Fiction”, em 1957 na antologia “Earth is Room Enough” (“A Terra Tem Espaço”), em 1960, na coletânea “50 Short Science Fiction Tales” e em “The Best of Isaac Asimov”, em 1973. Foi modificado em um livro inglês, chamado “KEY English 8-9”.
Escrito como um favor pessoal para um amigo, “Como se Divertiam” tornou-se “provavelmente a maior surpresa de minha carreira literária”, Asimov escreveu em 1973. Ele disse que o conto foi reimpresso mais de 30 vezes, e fora planejado que mais impressões seriam feitas.

Não estamos longe da situação de ensino em que as duas crianças do conto se encontram. Nos E.U.A. e no Canadá, a prática de ensino em casa é regulamentada. Na Suécia, é considerada criminosa. Nos dois países da América do Norte, os pais que aderiram a este sistema de ensino ou contratam professores particulares, ou eles mesmos tratam do ensino de seus filhos. Utilizam livros, computadores, tudo o que existe para dar aos jovens uma educação comparável à de uma escola. 
No Brasil, em 2018, mais de 7.000 famílias ensinaram seus filhos. Mas tal prática, até fins de 2019, era proibida pelo Supremo Tribunal Federal. Uma das bandeiras promovidas pelo governo atual era de regulamentar essa prática até o final de 2019, mas tal medida foi adiada para 2020.
É claro que o ensino em casa depende de uma disciplina que é pouco vista no cenário educacional brasileiro. Mas que pode dar muito certo. Basta a família ser bem estruturada, os pais contribuírem para seu êxito, acompanhando seus filhos, ensinando-os, usando computadores e livros.
Não é impossível que o ensino somente por computador se torne uma prática comum. Quando desde cedo as crianças passarem a encarar o computador, o smartphone, o tablet, como ferramentas essenciais em sua vida, melhor será para elas, no caso de se instituir, a longo prazo, o ensino unicamente computadorizado. 
Isso deve ocorrer muito mais para a frente. A sociedade precisa de crianças sociáveis. A vida dos jovens deve existir também fora do lar, para uma futura interconexão entre eles, inclusive porque em um emprego, o que está em jogo é a experiência sócio-educativa, não apenas o acúmulo de conhecimentos por um jovem que não frequente uma instituição de ensino.
Mas uma vida passada estudando em casa não exclui o contato social. Hoje, as pessoas veem-se em uma situação díspare: o caso do Covid-19 Coronavírus alterou por completo a vida social das crianças, jovens e adultos. Quando a crise passar, será possível voltar-se ao nível anterior de convívio social, com reuniões, eventos, trabalho fora de casa, etc.
Mas pensemos por um minuto o que significaria estudar tendo amigos, mas somente com um computador como professor. Será que seria tão eficaz? No conto “Como se Divertiam”, Isaac Asimov coloca claramente que uma disciplina imposta pela família, com horários rígidos para cada aula, seria imprescindível. A criança podia detestar as aulas, mas era obrigada a comparecer às sessões educacionais, feitas em sua própria casa.
É claro que, como se dá hoje em dia a globalização, o ensino caseiro por meio de livros e computadores é perfeitamente possível. Pela Internet, consegue-se aprender por meio de cursos on-line. Universidades formam alunos, tendo estes de pagar uma taxa, estudar em casa, assistir, pelo computador, às aulas e prestar exames via computador. 
Não importa o tipo de ensino. O que vale é a força de vontade do aluno, que, assim como em tudo na vida, deve dar o máximo para se sobressair. Muitos dirão: “Eu tenho a vida inteira pela frente. Por que deveria me sacrificar, tendo um tempo vasto pela frente?”. 
O fato é que, para sobreviver, o homem hoje necessita ser hábil em várias frentes. Ter conhecimento técnico, conhecimento teórico, prático, analítico, experiência acumulada na busca incessante pelo conhecimento, são requisitos muito importantes. É importante que o homem tenha visão de mundo, saiba investir o dinheiro, saiba conduzir um negócio, seja de compra e venda de produtos, como de compra e venda de ações, por exemplo.
No futuro, um computador e a Internet bem que poderão ser as ferramentas de ensino e trabalho. No futuro mais distante, o papel seria abolido. No futuro mais distante, que o homem talvez hoje somente sonhe, teremos o implante cerebral por chip ou algo vagamente semelhante a ele, que nos forneça instantaneamente a sabedoria universal de um milhão de enciclopédias.
E mesmo o computador já seria algo não maior do que uma lembrança.


*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem.

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.
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