A cobra grande talvez seja a mais difundida
lenda amazônica. Praticamente toda localidade tem um relato envolvendo uma
cobra que vive na água ou sob a cidade (que será destruída por um terremoto
quando a cobra se mexer).
Dentre essas várias lendas, uma das mais
famosas interessantes é a da Cobra Norato.
Conta a lenda que uma índia engravidou e, na
hora do parto descobriu que seus dois filhos eram cobras. Aí a lenda bifurca:
alguns dizem que, com medo dos outros índios matarem seus filhos, ela os joga
no rio. Em outros relatos, é ela mesma, aterrorizada, que os joga na água.
Qualquer que seja a situação, logo temos duas
cobras singrando os rios amazônicos, ambas gigantescas, mas de personalidade
oposta: enquanto Norato é bom, Caninana é má. Caninana aterroriza os
ribeirinhos, afundando barcos e matando quantos pode, enquanto Norato é
conhecido por salvar as vítimas de naufrágios.
Evidentemente, com personalidades tão
antagônicas, diz a lenda que um dia ambos se encontram e acertam as diferenças.
A lenda de cobra Norato e Canina aparece no meu
livro Cabanagem ilustrada brilhantentemente pelo quadrinista amazonense Romahs.
O desenho, impressionante, consegue captar toda a grandiosidade desse mito.
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