Babel baseia-se em convivência e afeto e na busca pela redenção humana
Babel é o romance de estreia do defensor público Frederico Monteiro, inspirado na impossibilidade de um ser humano conhecer integralmente outro ser humano. Para tentar derrubar esta premissa, o autor "acompanhou", durante quase um mês, a vida de um homem. A finalidade? Tentar entender como essa personagem lida com as suas relações pessoais. E, claro, qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.
Assim nasceu Francisco, modesto advogado de meia-idade (bem longe de uma crise), morador da média/grande Babel, que costuma caminhar pela cidade, do apartamento ao escritório, à padaria, à praça. A narrativa se desenvolve, em especial, nas relações que ele mantém com a secretária, Marta, com o pai, com o senhorio do prédio, com a vizinha adolescente, com o padeiro Quincas, com o cliente Salustiano, com a faxineira Neida, com o atendente moreninho, e até com o próprio carro. O leitor segue as interações e os desdobramentos dessas interfaces e é testemunha de como as pessoas que o rodeiam reforçam nele a necessidade humana de convivência e de afeto.
- Nossa tendência é conhecer apenas fatias das pessoas, em especial a fatia que diz respeito à nossa convivência imediata, define. Frederico desconstrói essa verdade e utiliza uma linguagem acessível para conhecer outros pedaços de um mesmo ser humano. Em Babel, é Francisco por dentro, mas na vida real são os Joãos, Marias e tantos outros.
Entre os pontos fortes da obra estão também a realidade e a empatia das personagens; as histórias que se cruzam e das quais cada um de nós poderia ser protagonista; a oscilação entre o trágico e o cômico; e, até, fina crítica à polarização política do Brasil dos últimos anos.
- (...) Não que não esteja disposto a debater, acrescenta Francisco, é sempre um prazer conversar com Quincas sobre a política - sobre as esquizofrenias em geral - ainda mais que a eleição está por dias, possível sentir-lhe o cheiro. O padeiro é um formador de opiniões, já se sabe, quantos que diariamente não passam por ali e ouvem aquela missa com desditosa atenção, com direito a ladainha, sermão e tudo o mais. O Quincas é então mais claro, quer saber do advogado se ele já tem palpite, quem leva essa, a da situação ou o da oposição. E assim dizendo, volta aos ombros um pano branco algo encardido e olha o advogado nos olhos (...)
Paralelamente ao eixo narrativo principal, e de forma bastante coesa, o escritor construiu um segundo eixo narrativo, contando a história por trás de um processo criminal que chega ao escritório de Francisco através do cliente Salustiano. O processo narra a violência, a vingança e o desfecho da família Pádua num tempo que pode ser o hoje de cada um de nós. Quem sabe a redenção de Francisco veio sob este formato?
- Como sou defensor público do Estado, a construção do crime e o desenvolvimento do processo que dele se deriva foi mais simples e natural, muito embora eu não encaixe o enredo do livro nas tramas de advogado/tribunal. O enredo é outro, é principalmente o afeto, explica.
O amor reprimido, o sentimento entre pai e filho, o ciúme, a violência urbana, a pobreza e a esperança também fazem parte desta história, que marca a evolução da escrita do autor – que há dez anos produz contos - para o romance. E ele espera alcançar público dos 14 aos 90 anos numa história envolvente e tão contemporânea.
SOBRE O AUTOR
FREDERICO TEUBNER DE ALMEIDA E MONTEIRO é paulista de Araraquara. Com 40 anos hoje, escreve desde a adolescência, em especial contos e romances. Em 2016, publicou, na versão digital, a coletânea de contos "Sabrina sabe voar". Para depois de Babel, já tem um segundo romance sendo escrito. Trabalha como defensor público do Estado há 12 anos.
Assim nasceu Francisco, modesto advogado de meia-idade (bem longe de uma crise), morador da média/grande Babel, que costuma caminhar pela cidade, do apartamento ao escritório, à padaria, à praça. A narrativa se desenvolve, em especial, nas relações que ele mantém com a secretária, Marta, com o pai, com o senhorio do prédio, com a vizinha adolescente, com o padeiro Quincas, com o cliente Salustiano, com a faxineira Neida, com o atendente moreninho, e até com o próprio carro. O leitor segue as interações e os desdobramentos dessas interfaces e é testemunha de como as pessoas que o rodeiam reforçam nele a necessidade humana de convivência e de afeto.
- Nossa tendência é conhecer apenas fatias das pessoas, em especial a fatia que diz respeito à nossa convivência imediata, define. Frederico desconstrói essa verdade e utiliza uma linguagem acessível para conhecer outros pedaços de um mesmo ser humano. Em Babel, é Francisco por dentro, mas na vida real são os Joãos, Marias e tantos outros.
Entre os pontos fortes da obra estão também a realidade e a empatia das personagens; as histórias que se cruzam e das quais cada um de nós poderia ser protagonista; a oscilação entre o trágico e o cômico; e, até, fina crítica à polarização política do Brasil dos últimos anos.
- (...) Não que não esteja disposto a debater, acrescenta Francisco, é sempre um prazer conversar com Quincas sobre a política - sobre as esquizofrenias em geral - ainda mais que a eleição está por dias, possível sentir-lhe o cheiro. O padeiro é um formador de opiniões, já se sabe, quantos que diariamente não passam por ali e ouvem aquela missa com desditosa atenção, com direito a ladainha, sermão e tudo o mais. O Quincas é então mais claro, quer saber do advogado se ele já tem palpite, quem leva essa, a da situação ou o da oposição. E assim dizendo, volta aos ombros um pano branco algo encardido e olha o advogado nos olhos (...)
Paralelamente ao eixo narrativo principal, e de forma bastante coesa, o escritor construiu um segundo eixo narrativo, contando a história por trás de um processo criminal que chega ao escritório de Francisco através do cliente Salustiano. O processo narra a violência, a vingança e o desfecho da família Pádua num tempo que pode ser o hoje de cada um de nós. Quem sabe a redenção de Francisco veio sob este formato?
- Como sou defensor público do Estado, a construção do crime e o desenvolvimento do processo que dele se deriva foi mais simples e natural, muito embora eu não encaixe o enredo do livro nas tramas de advogado/tribunal. O enredo é outro, é principalmente o afeto, explica.
O amor reprimido, o sentimento entre pai e filho, o ciúme, a violência urbana, a pobreza e a esperança também fazem parte desta história, que marca a evolução da escrita do autor – que há dez anos produz contos - para o romance. E ele espera alcançar público dos 14 aos 90 anos numa história envolvente e tão contemporânea.
SOBRE O AUTOR
FREDERICO TEUBNER DE ALMEIDA E MONTEIRO é paulista de Araraquara. Com 40 anos hoje, escreve desde a adolescência, em especial contos e romances. Em 2016, publicou, na versão digital, a coletânea de contos "Sabrina sabe voar". Para depois de Babel, já tem um segundo romance sendo escrito. Trabalha como defensor público do Estado há 12 anos.
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