A Última Estrela Tropical, de João Augusto, chega ao mercado com consentimento do imortal Antonio Carlos Secchin e da jornalista Ludmila Honorato
Dialogar com poetas do passado e do presente para refletir sobre a angústia do ser humano e seu afastamento do sonho, seu isolamento e sua submissão à exaustiva rotina da vida é a missão do ex-editor da revista eletrônica Brasil que Lê e do Blog do Galeno, o poeta João Augusto, no livro A Última Estrela Tropical - Volume 1: Diálogos e sonho, que chega ao mercado pela Editora Patuá.
Temas como o amor, em suas variadas formas, e a esperança também estão presentes. Repletos de intertextualidades, os poemas esbarram na solidão moderna, que impõe a comunicação imediata e a ausência quase simultânea. A forma natural, nos dias de hoje, diz o poeta, é guardar-se dos riscos da efetiva entrega ("Como Poe, amei sozinho, / o que sozinho me restava amar."). Para João Augusto, o sintoma mais grave é o pertencimento a quase tudo, a interconexão on-line e, no mesmo instante, a presença viva em quase nada.
A Última Estrela Tropical é o sonho que está sendo esquecido, perdido com o passar dos dias, define o autor, de quem o livro tem apresentação do crítico, escritor e doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Antonio Carlos Secchin. "Associando-se à linhagem/linguagem lírica, João Augusto apresenta uma rara qualidade: a elaboração de imagens simultaneamente claras e originais", reforça o membro da Academia Brasileira de Letras. A orelha do livro é da jornalista Ludmila Honorato, repórter do Estadão. É ela quem diz: "No processo de escrever, há de se domar as palavras, e João faz isso como ninguém".
A inspiração de João para o livro, além do amor pela escrita, vem da necessidade de criar um mundo em que o próprio autor caiba. "Embora não espere resposta do mundo, escrevo deixando perguntas, quase afirmações, ao tempo, aos sentimentos que nos embalam ou nos adoecem, questões que remeto a mim mesmo o tempo todo. Escrever é minha forma de pertencer a alguma coisa", afirma.
A poesia, para João Augusto, é a marca do seu contrato com o drama humano, parafraseando o escritor argentino Ernesto Sabato. "A Última Estrela Tropical, pelas mãos do diálogo, num tempo em que nosso país e o mundo vivem a intransigência e acentuam a divisão, torna-se o próprio sonho, quase escasso, solitário, acuado, para o qual precisamos acordar, antes que nossos olhos se cerrem para sempre". O livro é ainda uma forma de homenagear um primo do autor, vítima fatal de câncer.
Canto XXIX, poema do livro, para degustar:
Tarde as tendas da alma se abrem ao sol. Tudo é tão perto, e distante o amor, paralisado. Escrevo desarmado de palavras, como quem planta abraços de papel. Aqui assento meus pensamentos. A inatingível espera da vida que não és. A cidade está vencida, as flores, os ídolos, a vida vencida. Deixa que alguma luz limpe o teu rosto. Que o sal marinho queime as tuas tardes de melancolia. Não, o tempo não chegou de completa justiça. Somos todos inocentes. Seres de avolumados cabelos, pernas e tônus muscular. Temos olhos e tato. E fábricas onde se fabricam cartazes e sobremesas de medo. Onde te escondes mais, é ali que existes. Guardo uma canção antiga num peito cansado. Guardo apenas o ar necessário para encerrar este poema. Minha casa é a rua, a ruína, o relento. Mas meu corpo ainda respira, e deseja amar.
Dialogar com poetas do passado e do presente para refletir sobre a angústia do ser humano e seu afastamento do sonho, seu isolamento e sua submissão à exaustiva rotina da vida é a missão do ex-editor da revista eletrônica Brasil que Lê e do Blog do Galeno, o poeta João Augusto, no livro A Última Estrela Tropical - Volume 1: Diálogos e sonho, que chega ao mercado pela Editora Patuá.
Temas como o amor, em suas variadas formas, e a esperança também estão presentes. Repletos de intertextualidades, os poemas esbarram na solidão moderna, que impõe a comunicação imediata e a ausência quase simultânea. A forma natural, nos dias de hoje, diz o poeta, é guardar-se dos riscos da efetiva entrega ("Como Poe, amei sozinho, / o que sozinho me restava amar."). Para João Augusto, o sintoma mais grave é o pertencimento a quase tudo, a interconexão on-line e, no mesmo instante, a presença viva em quase nada.
A Última Estrela Tropical é o sonho que está sendo esquecido, perdido com o passar dos dias, define o autor, de quem o livro tem apresentação do crítico, escritor e doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Antonio Carlos Secchin. "Associando-se à linhagem/linguagem lírica, João Augusto apresenta uma rara qualidade: a elaboração de imagens simultaneamente claras e originais", reforça o membro da Academia Brasileira de Letras. A orelha do livro é da jornalista Ludmila Honorato, repórter do Estadão. É ela quem diz: "No processo de escrever, há de se domar as palavras, e João faz isso como ninguém".
A inspiração de João para o livro, além do amor pela escrita, vem da necessidade de criar um mundo em que o próprio autor caiba. "Embora não espere resposta do mundo, escrevo deixando perguntas, quase afirmações, ao tempo, aos sentimentos que nos embalam ou nos adoecem, questões que remeto a mim mesmo o tempo todo. Escrever é minha forma de pertencer a alguma coisa", afirma.
A poesia, para João Augusto, é a marca do seu contrato com o drama humano, parafraseando o escritor argentino Ernesto Sabato. "A Última Estrela Tropical, pelas mãos do diálogo, num tempo em que nosso país e o mundo vivem a intransigência e acentuam a divisão, torna-se o próprio sonho, quase escasso, solitário, acuado, para o qual precisamos acordar, antes que nossos olhos se cerrem para sempre". O livro é ainda uma forma de homenagear um primo do autor, vítima fatal de câncer.
Canto XXIX, poema do livro, para degustar:
Tarde as tendas da alma se abrem ao sol. Tudo é tão perto, e distante o amor, paralisado. Escrevo desarmado de palavras, como quem planta abraços de papel. Aqui assento meus pensamentos. A inatingível espera da vida que não és. A cidade está vencida, as flores, os ídolos, a vida vencida. Deixa que alguma luz limpe o teu rosto. Que o sal marinho queime as tuas tardes de melancolia. Não, o tempo não chegou de completa justiça. Somos todos inocentes. Seres de avolumados cabelos, pernas e tônus muscular. Temos olhos e tato. E fábricas onde se fabricam cartazes e sobremesas de medo. Onde te escondes mais, é ali que existes. Guardo uma canção antiga num peito cansado. Guardo apenas o ar necessário para encerrar este poema. Minha casa é a rua, a ruína, o relento. Mas meu corpo ainda respira, e deseja amar.
João Augusto - Foto divulgação |
O AUTOR
João Augusto é jornalista e escritor e mora em Ribeirão Preto. Foi editor da revista eletrônica Brasil Que Lê e do Blog do Galeno. A Última Estrela Tropical é o quinto livro do autor. Foram publicados Que Diabo de Poeta És Tu? (Editora São Francisco), Sem a Sombra de um Guarda-chuva (Scortecci), Poesia de Telhado (Escrituras) e A Verdade é a Mais Bela entre as Falsas Criaturas (Editora Patuá). Avesso a prêmios e quase recluso com seus livros, João raramente expõe suas obras.
Ainda assim, o poeta coleciona menções de autores que são verdadeiros expoentes da literatura nacional: Menalton Braff, vencedor do Jabuti do ano 2000, o chamou de um dos bons poetas contemporâneos do Brasil, assim como Fernando Py, e o já falecido jurado também do Jabuti Paulo Bentancur.
SERVIÇO:
A Última Estrela Tropical
João Augusto
Editora Patuá
Páginas: 79
Formato: 13,8 x 21cm
Preço: R$ 40,00
João Augusto é jornalista e escritor e mora em Ribeirão Preto. Foi editor da revista eletrônica Brasil Que Lê e do Blog do Galeno. A Última Estrela Tropical é o quinto livro do autor. Foram publicados Que Diabo de Poeta És Tu? (Editora São Francisco), Sem a Sombra de um Guarda-chuva (Scortecci), Poesia de Telhado (Escrituras) e A Verdade é a Mais Bela entre as Falsas Criaturas (Editora Patuá). Avesso a prêmios e quase recluso com seus livros, João raramente expõe suas obras.
Ainda assim, o poeta coleciona menções de autores que são verdadeiros expoentes da literatura nacional: Menalton Braff, vencedor do Jabuti do ano 2000, o chamou de um dos bons poetas contemporâneos do Brasil, assim como Fernando Py, e o já falecido jurado também do Jabuti Paulo Bentancur.
SERVIÇO:
A Última Estrela Tropical
João Augusto
Editora Patuá
Páginas: 79
Formato: 13,8 x 21cm
Preço: R$ 40,00
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