Flávia Muniz - Foto divulgação |
Nesta superentrevista, a renomada e premiada escritora Flávia Muniz (foi três vezes indicada ao Prêmio Jabuti por obras infantis e recebeu o Prêmio APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte, com o título juvenil Viajantes do Infinito), autora de mais de 70 obras publicadas entre literatura, entretenimento e apoio didático, algumas traduzidas para o espanhol e o italiano, e com mais de 33 anos dedicados à literatura, conta sobre sua trajetória de sucesso. Confira!
Fale um pouco sobre você.
Sempre fui sensível às formas de arte, e ao cinema, teatro, música e literatura. Comecei a contar histórias em sala de aula, na época em que era professora do Infantil e do Fundamental I. Havia sempre um período na semana para essa atividade, proposta inicialmente com a leitura de um livro. Eu o apresentava, falava sobre o autor, começava a contar e as crianças terminavam de ler... Uma estratégia que eu já usava para fomentar o interesse dos alunos pela leitura. Dava certo! Ouvir histórias é muito bom, prazeroso, divertido, e eu sempre escolhia alguma com enredo misterioso, fantástico, desafiador. Por ver a reação positiva dos alunos diante de boas histórias, e também por gostar de ler, me dediquei a estudar mais profundamente a literatura infantil e juvenil, conhecer as obras dos autores e fazer entrevistas para saber mais sobre cada um. Foi desse modo que conheci pessoalmente muitos deles, inclusive a Stella Carr — que depois se tornou minha “madrinha literária” —, por conta do sucesso que fazia entre a garotada com suas histórias de aventura e medo.
Isso tudo se passou no início dos anos 80. Em 84, lancei meu primeiro livro pela Editora Moderna, depois publiquei um conto em uma revista infantil e comecei a fazer pequenas matérias sobre Arte na escola. Foi aí que minha vida profissional sofreu uma mudança bem interessante. Aceitei o convite para trabalhar na Editora Abril, na área de publicações de entretenimento para crianças, com as revistas Disney de joguinhos e atividades, HQs, super-heróis, literatura infantil... E assim atuei como editora-chefe durante 13 anos! Foi uma época incrível, de muito aprendizado e trabalho em equipe, conquistas bacanas ao lado de gente muito criativa e talentosa.
Também editei didáticos infantis e literatura na Moderna e na FTD. Fiz muitos trabalhos dos quais me orgulho, tipo orgulho do Bem, de satisfação com o que se produz, entende? É muito prazeroso dedicar-se à comunicação para crianças e jovens. Acrescenta especial sentido à vida, e alegria no coração.
Sempre fui sensível às formas de arte, e ao cinema, teatro, música e literatura. Comecei a contar histórias em sala de aula, na época em que era professora do Infantil e do Fundamental I. Havia sempre um período na semana para essa atividade, proposta inicialmente com a leitura de um livro. Eu o apresentava, falava sobre o autor, começava a contar e as crianças terminavam de ler... Uma estratégia que eu já usava para fomentar o interesse dos alunos pela leitura. Dava certo! Ouvir histórias é muito bom, prazeroso, divertido, e eu sempre escolhia alguma com enredo misterioso, fantástico, desafiador. Por ver a reação positiva dos alunos diante de boas histórias, e também por gostar de ler, me dediquei a estudar mais profundamente a literatura infantil e juvenil, conhecer as obras dos autores e fazer entrevistas para saber mais sobre cada um. Foi desse modo que conheci pessoalmente muitos deles, inclusive a Stella Carr — que depois se tornou minha “madrinha literária” —, por conta do sucesso que fazia entre a garotada com suas histórias de aventura e medo.
Isso tudo se passou no início dos anos 80. Em 84, lancei meu primeiro livro pela Editora Moderna, depois publiquei um conto em uma revista infantil e comecei a fazer pequenas matérias sobre Arte na escola. Foi aí que minha vida profissional sofreu uma mudança bem interessante. Aceitei o convite para trabalhar na Editora Abril, na área de publicações de entretenimento para crianças, com as revistas Disney de joguinhos e atividades, HQs, super-heróis, literatura infantil... E assim atuei como editora-chefe durante 13 anos! Foi uma época incrível, de muito aprendizado e trabalho em equipe, conquistas bacanas ao lado de gente muito criativa e talentosa.
Também editei didáticos infantis e literatura na Moderna e na FTD. Fiz muitos trabalhos dos quais me orgulho, tipo orgulho do Bem, de satisfação com o que se produz, entende? É muito prazeroso dedicar-se à comunicação para crianças e jovens. Acrescenta especial sentido à vida, e alegria no coração.
Você tem mais de 70 livros publicados. Fale sobre sua trajetória literária. Como é seu trabalho de criação?
Algumas narrativas nasceram de observações do cotidiano escolar e do relacionamento com as crianças: seus afetos, o jeito como resolvem os problemas, seus medos e desejos. Na escola tudo está em ebulição para um bom observador. Com os filhos também se aprende, mas na sala de aula há uma rica variedade nos modos de ser e pensar, um cardápio de temas e sabores bem temperados.
Com o passar dos anos, fui elaborando novas premissas que partiram da admiração por certos personagens ficcionais, memórias afetivas de infância, idealização de aventuras, e até de reportagens que atraíram minha atenção. Assim, escrevi contos, novelas e um primeiro romance. Os temas medo, coragem, talentos, meio ambiente, relacionamento interpessoal, narrativas de terror e fantasia foram atraindo minha atenção e, a cada um deles, eu dediquei algumas histórias.
Por exemplo, há um momento na vida de uma criança em que ela se descobre leitora. E o melhor: uma leitora autônoma! Esse dia ficou muito marcado em minha história pessoal. E foi tão importante para mim que fiz uma coleção de contos para que outros meninos e meninas pudessem, ao final, partilhar de sensação semelhante que é a alegria da conquista da leitura! Usei algumas técnicas de facilitação como personagens animais, vocabulário controlado, mas compensei na trama incluindo enigmas, compondo detalhes visuais e propostas para desenvolver a imaginação dos leitores.
Recentemente, publiquei dois trabalhos que exploram circunstâncias exóticas, certo viés sombrio, relacionado aos textos clássicos de terror e aos contos de Grimm (Terror em três atos e O Manto Escarlate, SESI/Editora). Gosto muito de literatura fantástica e seus gêneros, fantasia, horror e ficção científica.
Por que a ligação com a temática de suspense?
Porque há muito interesse do leitor se a história proporcionar acesso a emoções como o medo, a suspeição, o assombramento. Porque nesse tipo de história é necessária uma construção especial de circunstâncias, ter linguagem convincente, certo estilo de texto e o mais importante: ideias criativas que sobrevivam à descrença prévia do leitor — que já é mais experiente por seu contato com jogos digitais e o cinema. Essas boas características precisam se manter em cada história para atrair leitores, causar sobressaltos. E não é fácil ser convincente...
Mas quando obtemos sucesso, ganhamos pontos com esse leitor em formação, que certamente partirá para uma próxima leitura com maior interesse. Recebo mensagens de adultos que leram determinados livros de minha autoria quando jovens e afirmam seu interesse por leitura após terem tido essa boa experiência. Fico feliz com esse retorno...
Algumas narrativas nasceram de observações do cotidiano escolar e do relacionamento com as crianças: seus afetos, o jeito como resolvem os problemas, seus medos e desejos. Na escola tudo está em ebulição para um bom observador. Com os filhos também se aprende, mas na sala de aula há uma rica variedade nos modos de ser e pensar, um cardápio de temas e sabores bem temperados.
Com o passar dos anos, fui elaborando novas premissas que partiram da admiração por certos personagens ficcionais, memórias afetivas de infância, idealização de aventuras, e até de reportagens que atraíram minha atenção. Assim, escrevi contos, novelas e um primeiro romance. Os temas medo, coragem, talentos, meio ambiente, relacionamento interpessoal, narrativas de terror e fantasia foram atraindo minha atenção e, a cada um deles, eu dediquei algumas histórias.
Por exemplo, há um momento na vida de uma criança em que ela se descobre leitora. E o melhor: uma leitora autônoma! Esse dia ficou muito marcado em minha história pessoal. E foi tão importante para mim que fiz uma coleção de contos para que outros meninos e meninas pudessem, ao final, partilhar de sensação semelhante que é a alegria da conquista da leitura! Usei algumas técnicas de facilitação como personagens animais, vocabulário controlado, mas compensei na trama incluindo enigmas, compondo detalhes visuais e propostas para desenvolver a imaginação dos leitores.
Recentemente, publiquei dois trabalhos que exploram circunstâncias exóticas, certo viés sombrio, relacionado aos textos clássicos de terror e aos contos de Grimm (Terror em três atos e O Manto Escarlate, SESI/Editora). Gosto muito de literatura fantástica e seus gêneros, fantasia, horror e ficção científica.
Por que a ligação com a temática de suspense?
Porque há muito interesse do leitor se a história proporcionar acesso a emoções como o medo, a suspeição, o assombramento. Porque nesse tipo de história é necessária uma construção especial de circunstâncias, ter linguagem convincente, certo estilo de texto e o mais importante: ideias criativas que sobrevivam à descrença prévia do leitor — que já é mais experiente por seu contato com jogos digitais e o cinema. Essas boas características precisam se manter em cada história para atrair leitores, causar sobressaltos. E não é fácil ser convincente...
Mas quando obtemos sucesso, ganhamos pontos com esse leitor em formação, que certamente partirá para uma próxima leitura com maior interesse. Recebo mensagens de adultos que leram determinados livros de minha autoria quando jovens e afirmam seu interesse por leitura após terem tido essa boa experiência. Fico feliz com esse retorno...
Como analisa o mercado de livros infantojuvenis?
Há mais de 30 anos participo desse mercado como autora e editora. É fascinante compreender todo o percurso do livro, desde sua concepção e até que ganhe espaço nas mãos do leitor. São muitos profissionais envolvidos no processo. Muitas demandas a considerar. Cada qual com sua necessidade e saber específico. Há investimentos, riscos, apostas certeiras, outras surpresas agradáveis.
Desde que ingressei percebo variações de expectativas. Antes, livros-brinquedo, e-books, agora o podcast, os audiolivros que retornam... A chegada de novas tendências sempre agita o mercado, soma movimentos e produz resultados.
Percebo uma maior produção de livros infantis e jovens adultos de uns anos para cá, uma recorrência de temas de fantasia, autores independentes em plataformas de autopublicação, o movimento da compra e venda de gigantes editoriais, a união de editoras menores realizando lindos projetos de parceria comercial. Todos disputam o mercado que também depende de vendas ao governo e da adoção escolar para sobreviver.
Noto que as editoras têm investido em produtos diferenciados, em novos segmentos de público, formatos e projetos gráficos, e o objeto livro está mais requintado, valorizado, bem apreciado. E há também o investimento em novas mídias para que as histórias permaneçam ao alcance dos leitores.
Esses também mudaram como era esperado. Reagem à tecnologia, ao novo modo de contar histórias. Mas o desafio de despertar para elas é eterno, já os recursos podem variar.
Tenho reunido boas experiências, conquistas e aprendizados ao longo desses anos. Procuro estar sempre atenta, participando de iniciativas ligadas ao livro e leitura, de seminários e cursos e em constante contado com os leitores. Celebro com alegria o sucesso artístico e comercial dos parceiros e procuro aprender com suas trajetórias, que são sempre singulares. Por mais que se observe o outro, cada um caminha sozinho, em boa companhia.
Como vê a questão da leitura no país?
Sou uma educadora e isso, basicamente, me torna uma criatura esperançosa, apesar das vastas dificuldades que enfrentamos no setor da Educação. Sou uma profissional que acredita em mudanças, na melhoria de processos, em transformações. Muitas conquistas foram feitas no cultivo do hábito da leitura, principalmente na educação infantil e nas séries iniciais. Há maior empenho de profissionais e instituições, de modo geral, no fato de assumirem para si essa responsabilidade de fomento à leitura, de reconhecer e valorizar além da leitura, para a formação literária dos alunos.
Os professores e mediadores de leitura buscam formação, valorizam suas atuações, formam grupos de apoio, estão mais atuantes e participativos. O acesso à internet e aos sites voltados à educação e leitura facilitou em muito a divulgação de boas práticas escolares, sucessos e fracassos são compartilhados, podem ser mais bem analisados, replicados, criticados, agregam conhecimento.
Livros têm sido resenhados por jovens, em canais do YouTube e plataformas que reúnem leitores, como a SKOOB, entre outras. É um movimento de troca, de exercer a opinião, de escrever para o outro sobre determinado livro e autor. Há booktubers jovens e adultos, com formação acadêmica e literária, realizando divulgação de obras, valorizando autores e histórias, clássicas e contemporâneas! Há espaço no prestigiado Prêmio Jabuti para o fomento à leitura! E para práticas inovadoras dos professores, há reconhecimentos variados.
As bibliotecas públicas estão se renovando e assumindo novas e modernas funções para ofertar, além de rico acervo, uma nova postura como lugar de encontro e conhecimento: troca, descoberta, saber coletivo compartilhado. São melhorias que merecem ser pontuadas.
Há desafios como a manutenção de políticas públicas de acesso à cultura, livros para todos, acesso à internet, a baixa remuneração dos professores e de profissionais ligados à educação, entre outros. Mas o panorama atual, em comparação com os anos de minha formação, que já foram o BOOM literário, me parece ser de ganho... e com bônus!
Qual a dica que daria para quem pretende ser escritor?
Há mais de 30 anos participo desse mercado como autora e editora. É fascinante compreender todo o percurso do livro, desde sua concepção e até que ganhe espaço nas mãos do leitor. São muitos profissionais envolvidos no processo. Muitas demandas a considerar. Cada qual com sua necessidade e saber específico. Há investimentos, riscos, apostas certeiras, outras surpresas agradáveis.
Desde que ingressei percebo variações de expectativas. Antes, livros-brinquedo, e-books, agora o podcast, os audiolivros que retornam... A chegada de novas tendências sempre agita o mercado, soma movimentos e produz resultados.
Percebo uma maior produção de livros infantis e jovens adultos de uns anos para cá, uma recorrência de temas de fantasia, autores independentes em plataformas de autopublicação, o movimento da compra e venda de gigantes editoriais, a união de editoras menores realizando lindos projetos de parceria comercial. Todos disputam o mercado que também depende de vendas ao governo e da adoção escolar para sobreviver.
Noto que as editoras têm investido em produtos diferenciados, em novos segmentos de público, formatos e projetos gráficos, e o objeto livro está mais requintado, valorizado, bem apreciado. E há também o investimento em novas mídias para que as histórias permaneçam ao alcance dos leitores.
Esses também mudaram como era esperado. Reagem à tecnologia, ao novo modo de contar histórias. Mas o desafio de despertar para elas é eterno, já os recursos podem variar.
Tenho reunido boas experiências, conquistas e aprendizados ao longo desses anos. Procuro estar sempre atenta, participando de iniciativas ligadas ao livro e leitura, de seminários e cursos e em constante contado com os leitores. Celebro com alegria o sucesso artístico e comercial dos parceiros e procuro aprender com suas trajetórias, que são sempre singulares. Por mais que se observe o outro, cada um caminha sozinho, em boa companhia.
Como vê a questão da leitura no país?
Sou uma educadora e isso, basicamente, me torna uma criatura esperançosa, apesar das vastas dificuldades que enfrentamos no setor da Educação. Sou uma profissional que acredita em mudanças, na melhoria de processos, em transformações. Muitas conquistas foram feitas no cultivo do hábito da leitura, principalmente na educação infantil e nas séries iniciais. Há maior empenho de profissionais e instituições, de modo geral, no fato de assumirem para si essa responsabilidade de fomento à leitura, de reconhecer e valorizar além da leitura, para a formação literária dos alunos.
Os professores e mediadores de leitura buscam formação, valorizam suas atuações, formam grupos de apoio, estão mais atuantes e participativos. O acesso à internet e aos sites voltados à educação e leitura facilitou em muito a divulgação de boas práticas escolares, sucessos e fracassos são compartilhados, podem ser mais bem analisados, replicados, criticados, agregam conhecimento.
Livros têm sido resenhados por jovens, em canais do YouTube e plataformas que reúnem leitores, como a SKOOB, entre outras. É um movimento de troca, de exercer a opinião, de escrever para o outro sobre determinado livro e autor. Há booktubers jovens e adultos, com formação acadêmica e literária, realizando divulgação de obras, valorizando autores e histórias, clássicas e contemporâneas! Há espaço no prestigiado Prêmio Jabuti para o fomento à leitura! E para práticas inovadoras dos professores, há reconhecimentos variados.
As bibliotecas públicas estão se renovando e assumindo novas e modernas funções para ofertar, além de rico acervo, uma nova postura como lugar de encontro e conhecimento: troca, descoberta, saber coletivo compartilhado. São melhorias que merecem ser pontuadas.
Há desafios como a manutenção de políticas públicas de acesso à cultura, livros para todos, acesso à internet, a baixa remuneração dos professores e de profissionais ligados à educação, entre outros. Mas o panorama atual, em comparação com os anos de minha formação, que já foram o BOOM literário, me parece ser de ganho... e com bônus!
Qual a dica que daria para quem pretende ser escritor?
Diria para seguir seu caminho sem receio, apurar suas habilidades de observação e pesquisa, ler constantemente e, ao escrever, ter um pé na memória, outro na imaginação, e uma das mãos no dicionário de sinônimos!
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak Editora, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak Editora, 2016), O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), “Nóis sabe português” (Wak Editora, 2017) e Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de mais de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Organizador dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019). Autor, dentre outros, do livro Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019). Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
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