Charles
Dickens foi um dos mais importantes escritores do século XX, responsável por
criar a imagem que temos atualmente do natal. Ele tinha uma relação interessante
com Edgar Allan Poe. O autor inglês excursionou pelos Estados Unidos quando Poe
iniciava sua carreira literária e influenciou-o diretamente. No final da vida,
Dickens foi influenciado por Poe e colocou seu talento a serviço do gênero
criado pelo autor do conto “Os crimes da rua Morgue”. O resultado disso é o
livro O mistério de Edwin Drood.
Dickens
escreveu seu texto e publicou-o em fascículos ao longo do ano de 1970. Quando
estava pouco mais da metade, morreu, sem deixar nenhuma anotação de como
pretendia resolver o mistério do estudante que desaparece em uma noite de
tempestade.
O
romance ficou inacabado e se tornou, ele mesmo, um mistério. Quem teria matado
Edwin Drood? Teria ele realmente morrido?
Dois
anos depois de morto, Dickens terminou o texto através do médium
norte-americano Thomas P. James (algo que parece ter saído diretamente de uma
das histórias do próprio Dickens).
A
edição que li, do Clube do Livro, de 1978, publica o final sem aviso sobre o adendo
mediúnico. Além disso, traz diversos erros de revisão (em determinado ponto “livres”
é grafado como “livros”), mas o volume permite perceber como Dickens se saía no
gênero policial. Dickens parece estar mais preocupado com os personagens (e há
vários deles antológicos, como o garoto Delegado), ao contrário de Poe, em que
a ênfase está na construção da trama.
O
final mediúnico apresenta um assassino óbvio, embora traga uma preocupação em
mostrar o detalhamento da investigação. Mas não parece Dickens. A motivação do
assassino é resumida em uma frase e quem leu Um conto de duas cidades sabe que
o autor inglês era capaz de grandes reviravoltas em suas tramas.
O
ideal é ler o livro como uma obra aberta, imaginado como teria sido o final
escrito por Dickens vivo.
Em
tempo, a edição da Lachâtr, mais recente, é mais honesta que a do Clube do Livro, pois
avisa que o parte do livro é de origem mediúnica.
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