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| Rosângela Vieira Rocha |
Rosângela Vieira Rocha nasceu em Inhapim, MG, e mora em Brasília desde 1968. É jornalista, advogada, Mestre em Comunicação, escritora e professora aposentada da Faculdade de Comunicação da UnB. Tem treze livros publicados, seis para adultos e sete infantojuvenis. Obteve vários prêmios literários nacionais e regionais. Acaba de publicar seu 5º romance, Nenhum espelho reflete seu rosto, Arribaçã Editora, PB. Participou de várias antologias de contos, na qual se destaca “Mais trinta mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira”, org. por Luiz Ruffato, ed. Record. Colabora nas revistas culturais e literárias digitais Flor de Dendê e Germina. Ministra oficinas e palestras.
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Rosângela Vieira Rocha: Sempre escrevi muito, desde menina, e fiz o curso de graduação em Comunicação, opção Jornalismo, por achar que era o mais indicado para quem gostava de escrever. Depois vi que não era bem assim, eu gostava mesmo era de escrever ficção. No início dos anos oitenta, escrevi uma novela intitulada Rio das Pedras, e logo em seguida um romance, Véspera de Lua. Como este último obteve o Prêmio Nacional de Literatura Editora UFMG 1988, bastante significativo na época, foi o primeiro a ser publicado. Recebeu uma crítica muito boa e trata de um tema muito avançado para aquele tempo, quando nem existia a sigla TPM: menstruação e homossexualidade feminina. Esgotado, foi relançado em 2017, pela editora Penalux. Nos anos noventa praticamente não escrevi ficção, envolvida em outras lutas. Enquanto isso, os originais de Rio das Pedras continuavam na gaveta. Em 2001 o livro ganhou a Bolsa Brasília de Produção Literária, concurso promovido pela Secretaria de Cultura do DF, e só então foi publicado, vinte anos depois. De lá para cá não parei mais, escrevi sete livros infantojuvenis, um livro de contos para o público adulto intitulado Pupilas Ovais, publicado em 2005, e mais três romances, Fome de Rosas (2009), O indizível sentido do amor (2017) e Nenhum espelho reflete seu rosto, o meu 5º romance, recém-publicado.
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Rosângela Vieira Rocha: Sempre escrevi muito, desde menina, e fiz o curso de graduação em Comunicação, opção Jornalismo, por achar que era o mais indicado para quem gostava de escrever. Depois vi que não era bem assim, eu gostava mesmo era de escrever ficção. No início dos anos oitenta, escrevi uma novela intitulada Rio das Pedras, e logo em seguida um romance, Véspera de Lua. Como este último obteve o Prêmio Nacional de Literatura Editora UFMG 1988, bastante significativo na época, foi o primeiro a ser publicado. Recebeu uma crítica muito boa e trata de um tema muito avançado para aquele tempo, quando nem existia a sigla TPM: menstruação e homossexualidade feminina. Esgotado, foi relançado em 2017, pela editora Penalux. Nos anos noventa praticamente não escrevi ficção, envolvida em outras lutas. Enquanto isso, os originais de Rio das Pedras continuavam na gaveta. Em 2001 o livro ganhou a Bolsa Brasília de Produção Literária, concurso promovido pela Secretaria de Cultura do DF, e só então foi publicado, vinte anos depois. De lá para cá não parei mais, escrevi sete livros infantojuvenis, um livro de contos para o público adulto intitulado Pupilas Ovais, publicado em 2005, e mais três romances, Fome de Rosas (2009), O indizível sentido do amor (2017) e Nenhum espelho reflete seu rosto, o meu 5º romance, recém-publicado.
Conexão Literatura: Você é autora do livro “Nenhum espelho reflete seu rosto” (Editora Arribaçã). Poderia comentar?
Rosângela Vieira Rocha: O romance gira em torno de relações amorosas abusivas e tóxicas, iniciadas e que se desenvolvem no ambiente virtual, mais precisamente nas redes sociais. Denuncia questões como o anonimato nas redes e como elas são propícias à impunidade dos abusadores.
Helen, a personagem principal, que narra a história, é dona de uma joalheria. O enredo se revela através de um engenhoso recurso: um psiquiatra de uma cidade distante, que atende uma mulher internada em estado grave, vê na joalheira sua última possibilidade de ajuda à paciente que não responde ao tratamento. Convida-a para dividir, com ele, sua história vivida com Ivan, na expectativa de que, através dos detalhes, possa acessar sua paciente e retirá-la de seu torpor. É nas mensagens que envia a ele que Helen reviverá sua relação com Ivan e seu turbilhão de sentimentos e emoções.
Através de e-mails, o leitor vai tomando conhecimento do jogo de sedução de Ivan, iniciado virtualmente, das expectativas criadas por Helen e do desenlace que só não chega a ser trágico porque o enredo toma outro rumo, condizente com a mulher forte que é Helen. Há dados reais no livro que mostram o quanto o narcisismo perverso, mais comum em homens do que mulheres, está de certa maneira aliado ao machismo.
Junia de Vilhena, psicanalista e professora da PUC/RJ, autora do consistente prefácio da obra, assim o encerra: “O interesse de Freud por literatura e pela arte em geral revela a riqueza das interseções com as descobertas sobre o inconsciente. O texto de Rosângela Vieira Rocha busca uma outra aproximação. É através da teoria psicanalítica que a personagem Helen vai procurar um sentido para o que viveu, numa tentativa de elaboração de suas angústias, criando, dessa maneira, uma outra narrativa para o que lhe parece incompreensível”.
Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?
Rosângela Vieira Rocha: A pesquisa e a escritura do livro foram feitas quase que concomitantemente. Fiquei meio obcecada pelo tema, que acho fascinante, e pesquisei durante noites a fio, madrugada adentro. Assisti a dezenas de vídeos de depoimentos e entrevistas, mas depois vi que tinha de me aprofundar mais, pela complexidade do tema, e li vários livros de psicanálise, além de obras sobre joalheria e gemologia. Foi uma pesquisa muito intensa e extensa. Levei um ano entre pesquisa e escrita. Dediquei-me exclusivamente ao livro durante todo o ano de 2018.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do qual você acha especial em seu livro?
Rosângela Vieira Rocha:
"Dias depois, ao acessar a rede, deparei-me com uma enorme e majestosa foto de Ivan, que eu nunca tinha visto, em que ele aparecia da cintura para cima, o rosto meio de lado, em frente a um espelho. Ele havia trocado a sua foto de capa por outra, tirada uns quinze anos antes, quando nem existia o selfie. Fiquei chocada com a imagem, que me causou grande mal-estar. Arrepiei-me diante do que me pareceu uma força maléfica. Foi como se Narciso tivesse saído dos livros de mitologia e invadido a minha vida, a minha casa, o meu computador, a minha alma. Não o Narciso jovem e belo das ilustrações, indefeso diante de sua maldição, mas um Narciso degenerado, velho, sujo, agressivo na sua declaração de que ninguém no mundo lhe importava de fato, jogando o seu ódio, a sua solidão, a sua indiferença, o seu enfado e a sua desnecessidade na cara dos outros, insolente, obcecado por sua imagem asquerosa, e posando com o queixo bem levantado, os lábios desdenhosos e os olhos baços, vazios. A visão transportou-me também, de alguma maneira, ao retrato de Dorian Gray. Desaparecera o Dr. Henry Jekyll, dando lugar agora ao diabólico Edward Hyde."
Conexão Literatura: Qual a dica que pode dar a um escritor iniciante?
Rosângela Vieira Rocha: Que esteja preparado para remar contra a maré. Fazer literatura nesse país não é fácil. Em décadas anteriores, era difícil encontrar editoras. Hoje, com a proliferação das editoras alternativas, esse não é mais o principal problema. A dificuldade maior é divulgar o trabalho, e sobretudo distribuí-lo. São várias etapas, algumas meio complicadas. É necessário ter persistência, arregaçar as mangas sem medo e acreditar no próprio talento, mesmo em meio às adversidades do processo.
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir um exemplar do seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Rosângela Vieira Rocha: estou no facebook, https://www.facebook.com/rosangela.vieirarocha e meu endereço de e-mail é rosavi@uol.com.br O livro pode ser adquirido diretamente comigo ou no site da editora: www.arribacaeditora.com.br O exemplar custa R$60,00 (frete incluído).
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Rosângela Vieira Rocha: Sim. Estou com uma ideia para um romance, que não me sai da cabeça. Mas por enquanto não passa de uma sementinha. Aliás, é assim que os projetos surgem. Descobri que a narrativa longa é a que mais me atrai. Eu me sinto mais à vontade escrevendo romances.
Perguntas rápidas:
Um livro: Orgulho e preconceito
Um (a) autor (a): Jane Austen
Um ator ou atriz: Michael Caine
Um filme: Um dia muito especial, de Ettore Scola
Um dia especial: o do meu casamento.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Rosângela Vieira Rocha: Gostaria de agradecer à equipe da Revista Conexão Literatura pela oportunidade de divulgar o meu trabalho literário. Como professora de jornalismo e como entrevistada, achei as perguntas benfeitas, por sua concisão e acurácia.
Rosângela Vieira Rocha: O romance gira em torno de relações amorosas abusivas e tóxicas, iniciadas e que se desenvolvem no ambiente virtual, mais precisamente nas redes sociais. Denuncia questões como o anonimato nas redes e como elas são propícias à impunidade dos abusadores.
Helen, a personagem principal, que narra a história, é dona de uma joalheria. O enredo se revela através de um engenhoso recurso: um psiquiatra de uma cidade distante, que atende uma mulher internada em estado grave, vê na joalheira sua última possibilidade de ajuda à paciente que não responde ao tratamento. Convida-a para dividir, com ele, sua história vivida com Ivan, na expectativa de que, através dos detalhes, possa acessar sua paciente e retirá-la de seu torpor. É nas mensagens que envia a ele que Helen reviverá sua relação com Ivan e seu turbilhão de sentimentos e emoções.
Através de e-mails, o leitor vai tomando conhecimento do jogo de sedução de Ivan, iniciado virtualmente, das expectativas criadas por Helen e do desenlace que só não chega a ser trágico porque o enredo toma outro rumo, condizente com a mulher forte que é Helen. Há dados reais no livro que mostram o quanto o narcisismo perverso, mais comum em homens do que mulheres, está de certa maneira aliado ao machismo.
Junia de Vilhena, psicanalista e professora da PUC/RJ, autora do consistente prefácio da obra, assim o encerra: “O interesse de Freud por literatura e pela arte em geral revela a riqueza das interseções com as descobertas sobre o inconsciente. O texto de Rosângela Vieira Rocha busca uma outra aproximação. É através da teoria psicanalítica que a personagem Helen vai procurar um sentido para o que viveu, numa tentativa de elaboração de suas angústias, criando, dessa maneira, uma outra narrativa para o que lhe parece incompreensível”.
Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?
Rosângela Vieira Rocha: A pesquisa e a escritura do livro foram feitas quase que concomitantemente. Fiquei meio obcecada pelo tema, que acho fascinante, e pesquisei durante noites a fio, madrugada adentro. Assisti a dezenas de vídeos de depoimentos e entrevistas, mas depois vi que tinha de me aprofundar mais, pela complexidade do tema, e li vários livros de psicanálise, além de obras sobre joalheria e gemologia. Foi uma pesquisa muito intensa e extensa. Levei um ano entre pesquisa e escrita. Dediquei-me exclusivamente ao livro durante todo o ano de 2018.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do qual você acha especial em seu livro?
Rosângela Vieira Rocha:
"Dias depois, ao acessar a rede, deparei-me com uma enorme e majestosa foto de Ivan, que eu nunca tinha visto, em que ele aparecia da cintura para cima, o rosto meio de lado, em frente a um espelho. Ele havia trocado a sua foto de capa por outra, tirada uns quinze anos antes, quando nem existia o selfie. Fiquei chocada com a imagem, que me causou grande mal-estar. Arrepiei-me diante do que me pareceu uma força maléfica. Foi como se Narciso tivesse saído dos livros de mitologia e invadido a minha vida, a minha casa, o meu computador, a minha alma. Não o Narciso jovem e belo das ilustrações, indefeso diante de sua maldição, mas um Narciso degenerado, velho, sujo, agressivo na sua declaração de que ninguém no mundo lhe importava de fato, jogando o seu ódio, a sua solidão, a sua indiferença, o seu enfado e a sua desnecessidade na cara dos outros, insolente, obcecado por sua imagem asquerosa, e posando com o queixo bem levantado, os lábios desdenhosos e os olhos baços, vazios. A visão transportou-me também, de alguma maneira, ao retrato de Dorian Gray. Desaparecera o Dr. Henry Jekyll, dando lugar agora ao diabólico Edward Hyde."
Conexão Literatura: Qual a dica que pode dar a um escritor iniciante?
Rosângela Vieira Rocha: Que esteja preparado para remar contra a maré. Fazer literatura nesse país não é fácil. Em décadas anteriores, era difícil encontrar editoras. Hoje, com a proliferação das editoras alternativas, esse não é mais o principal problema. A dificuldade maior é divulgar o trabalho, e sobretudo distribuí-lo. São várias etapas, algumas meio complicadas. É necessário ter persistência, arregaçar as mangas sem medo e acreditar no próprio talento, mesmo em meio às adversidades do processo.
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir um exemplar do seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Rosângela Vieira Rocha: estou no facebook, https://www.facebook.com/rosangela.vieirarocha e meu endereço de e-mail é rosavi@uol.com.br O livro pode ser adquirido diretamente comigo ou no site da editora: www.arribacaeditora.com.br O exemplar custa R$60,00 (frete incluído).
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Rosângela Vieira Rocha: Sim. Estou com uma ideia para um romance, que não me sai da cabeça. Mas por enquanto não passa de uma sementinha. Aliás, é assim que os projetos surgem. Descobri que a narrativa longa é a que mais me atrai. Eu me sinto mais à vontade escrevendo romances.
Perguntas rápidas:
Um livro: Orgulho e preconceito
Um (a) autor (a): Jane Austen
Um ator ou atriz: Michael Caine
Um filme: Um dia muito especial, de Ettore Scola
Um dia especial: o do meu casamento.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Rosângela Vieira Rocha: Gostaria de agradecer à equipe da Revista Conexão Literatura pela oportunidade de divulgar o meu trabalho literário. Como professora de jornalismo e como entrevistada, achei as perguntas benfeitas, por sua concisão e acurácia.
Livro excelente! Temas da maior atualidade numa linguagem nítida e trama que nos prende até o fim. Recomendo muito!
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