*Por Ademir Pascale
A obra Edgar Allan Poe - Medo Clássico - II, publicada pela DarkSide Books é mais do que um livro. Posso dizer que é um livro-presente, ainda mais para quem é fã do Poe, assim como eu sou. A obra, organizada e traduzida Por Marcia Heloisa, que além de pesquisadora do horror também é fã árdua do mestre, apresenta vários textos, entre contos, poemas e cartas. Aliás, um grande diferencial são as cartas. Ao lê-las, pude sentir uma certa intimidade com o Poe e conhecer o homem que passava por dificuldades financeiras e problemas amorosos, além de perceber nitidamente que era um apaixonado por comida, como podemos observar no trecho da carta escrita em 7 de abril de 1844 para sua tia e sogra Maria Clemm (Muddy): "No desjejum, tomamos um café muito gostoso, quente e encorpado, bem escuro e sem muito creme. Serviram as fatias de vitela e o presunto bom, mais ovos, pães muito saborosos e manteiga. Acho que nunca fiz uma refeição tão farta e nunca tomei um desjejum tão saboroso. Queria que a senhora tivesse visto os ovos e a variedade das carnes."
Os textos, muito bem traduzidos pela Marcia Heloisa, apresenta um dos contos mais tenebrosos de Edgar Allan Poe. Sempre digo em rodas de amigos que o meu conto preferido do Poe é sem duvida "A queda da casa de Usher", que não está nessa obra, mas um dos mais terríveis (digo terrível no sentido de gerar medo em quem o lê), é o conto Morella, escrito em 1835. Ao lê-lo, cenas passam em nossa mente e ao que parece ser simples, passa a ser algo que só poderia ter sido criado por uma mente completamente criativa. Este é o primeiro conto da obra e apresenta, claro, Morella. A história é narrada em primeira pessoa, um modo de Edgar Allan Poe em deixar o leitor mais próximo do protagonista e de dar mais vivacidade ao que é apresentado no texto. Morella, que era dotada de profunda erudição, conhecia as artes místicas, objeto de estudo que com o tempo passou a ser também do protagonista que se apaixonou por ela. No decorrer das linhas, nota-se uma personagem que poderia ser considerada bruxa deveras conhecedora das artes ocultas. Uma mulher de olhos melancólicos e de pele branca, tão pálida que notava-se as veias azuladas, com olhos expressivos e marcantes. Outro ponto que destaco em um conto de Edgar Allan Poe, a rica descrição que ele fazia de seus personagens. Seus textos sempre iniciam mornos e gradativamente ficam mais quentes no decorrer das linhas chegando ao ápice bem no final, ao que notamos também que nosso coração segue o enredo da trama, algo que acontece ao ler "Morella".
Certa vez postei algo sobre esse conto na fanpage "Edgar Allan Poe - Poe's Club" e uma leitora dos EUA disse que o considerava como o pior do Poe. E realmente pode não agradar os leitores mais conservadores, mas um verdadeiro conto de horror tem realmente que mexer com o leitor, deixar marcas, dar medo e gerar arrepios. E garanto que Morella gera tudo isso, sendo o final, as últimas linhas do conto, terríveis.
Outros bons contos fazem parte da obra, como William Wilson, o conhecido "O retrato oval", "O anjo do bizarro. Uma história Extravagante", "O demônio da perversidade", um texto que provavelmente refletia a própria personalidade do Poe quando passava da conta na ingestão do álcool e outras drogas. "Breve colóquio com uma múmia", "Hop-frog ou Os oito orangotangos acorrentados", "Uma descida ao maelstrom", "A caixa oblonga", "O enterro prematuro", que considero outro conto de tirar o fôlego, pois imagina você ir dormir tranquilamente e acordar trancafiado num caixão?, "A verdade sobre o caso do sr. Valdemar" e também o conto "O homem da multidão", que considero o conto mais frio do Poe.
Outros bons contos fazem parte da obra, como William Wilson, o conhecido "O retrato oval", "O anjo do bizarro. Uma história Extravagante", "O demônio da perversidade", um texto que provavelmente refletia a própria personalidade do Poe quando passava da conta na ingestão do álcool e outras drogas. "Breve colóquio com uma múmia", "Hop-frog ou Os oito orangotangos acorrentados", "Uma descida ao maelstrom", "A caixa oblonga", "O enterro prematuro", que considero outro conto de tirar o fôlego, pois imagina você ir dormir tranquilamente e acordar trancafiado num caixão?, "A verdade sobre o caso do sr. Valdemar" e também o conto "O homem da multidão", que considero o conto mais frio do Poe.
Na parte dos poemas, temos "Lenore", que é um poema que adoro, "Um sonho dentro de um sonho", título que é um trecho de uma conhecida frase de Edgar Allan Poe e "Annabel Lee", que é o mais belo de todos.
As cartas ficaram quase no final. São cartas escritas pelo Poe e que foram enviadas para John Allan, seu pai adotivo do qual herdou o sobrenome "Allan". Nessas cartas dá para notar claramente que Poe suplicava pelo amor de John, que nunca foi correspondido. A obra também apresenta a carta de Poe que foi enviada para o político e escritor norte-americano John Pendleton Kennedy, também para Thomas Willis White, que era editor da Southern Literary Messenger, para Maria, sua tia e sogra e para Virgina Clemm, sua prima e jovem esposa, além de outra carta para James Russel Lowell, que era crítico e editor, para George Washington Eveleth, que era fã do Poe (sim, Poe se correspondia com seus fãs). E também a carta para o conhecido Rufus Wilmot Griswold, o homem que foi o autor do obituário de Poe e que escreveu sua primeira biografia o citando como um homem sem caráter, maníaco e alcoólatra.
No final temos uma linha do tempo bem resumida, mas que não deixa de ser interessante, principalmente para quem está começando a ler Poe ou que ainda não sabe muito sobre a sua vida. Essa linha do tempo vai desde o seu nascimento, em 1809 até a sua morte, em 1849. Nas últimas 5 páginas, notamos fotos das pessoas que cercavam e que eram importantes para Poe, como da sua mãe biológica Eliza Poe, seus pais adotivos, sua tia e de sua prima e esposa Virginia Clemm, além de Rufus Griswold e de Annie Richmond, Frances Osgood e Sarah Helen, moças das quais Poe teve um rápido relacionamento. Para finalizar, tanto no início como no final, encontramos um grande pôster do Poe e isso é mais do que um presente que enriquece todo o material, numa obra de capa dura belamente ilustrada.
Mais do que recomendado.
As cartas ficaram quase no final. São cartas escritas pelo Poe e que foram enviadas para John Allan, seu pai adotivo do qual herdou o sobrenome "Allan". Nessas cartas dá para notar claramente que Poe suplicava pelo amor de John, que nunca foi correspondido. A obra também apresenta a carta de Poe que foi enviada para o político e escritor norte-americano John Pendleton Kennedy, também para Thomas Willis White, que era editor da Southern Literary Messenger, para Maria, sua tia e sogra e para Virgina Clemm, sua prima e jovem esposa, além de outra carta para James Russel Lowell, que era crítico e editor, para George Washington Eveleth, que era fã do Poe (sim, Poe se correspondia com seus fãs). E também a carta para o conhecido Rufus Wilmot Griswold, o homem que foi o autor do obituário de Poe e que escreveu sua primeira biografia o citando como um homem sem caráter, maníaco e alcoólatra.
No final temos uma linha do tempo bem resumida, mas que não deixa de ser interessante, principalmente para quem está começando a ler Poe ou que ainda não sabe muito sobre a sua vida. Essa linha do tempo vai desde o seu nascimento, em 1809 até a sua morte, em 1849. Nas últimas 5 páginas, notamos fotos das pessoas que cercavam e que eram importantes para Poe, como da sua mãe biológica Eliza Poe, seus pais adotivos, sua tia e de sua prima e esposa Virginia Clemm, além de Rufus Griswold e de Annie Richmond, Frances Osgood e Sarah Helen, moças das quais Poe teve um rápido relacionamento. Para finalizar, tanto no início como no final, encontramos um grande pôster do Poe e isso é mais do que um presente que enriquece todo o material, numa obra de capa dura belamente ilustrada.
Mais do que recomendado.
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