João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

  Querido(a) leitor(a)! Nossa nova edição está novamente megaespecial e destaca João Barone, baterista da banda Os Paralamas do Sucesso. Bar...

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Crônica: Quando Deixei de Ser Jovem e Passei a Gostar de Literatura Fantástica

Foto divulgação
*Por Roberto Fiori

O início. O espaço negro e estrelas pontilhando-o. A imagem desceu e um planeta se mostrou. Era bege, algum mundo desértico, provavelmente. O som aumenta, a sinfonia eclode quando uma nave pequena, mas armada com lasers, lançados em direção à sua popa, atravessando o vácuo em riscos azul-esverdeados pálidos, atingem uma segunda nave, maior e encouraçada. O mesmo se dá, quando a nave maior lança feixes de laser vermelhos em direção ao casco frágil da pequena astronave. O confronto mais esperado se daria quando um homem do lado do bem, dotado de poderes místicos, um “Mestre Jedi”, de nome Obi-Wan Kenobi, se deixaria sacrificar em luta contra Lorde Vader, “Mestre de Sith”, que se deixara levar para o lado negro da Força. Este seria um confronto final, caso a estação espacial imperial em que os dois homens duelavam com sabres de luz não tivesse de ser destruída, por uma frota de caças da Aliança Rebelde.

E tudo terminou bem, até que surgiu um novo filme, em continuação a “Star Wars — A New Hope” (“Guerra nas Estrelas — Uma Nova Esperança”), chamado “The Empire Strikes Back” (“O Império Contra-Ataca”), obra cinematográfica mais ambiciosa ainda que a  primeira, que deu origem a toda uma série de filmes, onde Bem e Mal entram em confronto, onde a Aliança Rebelde luta numa galáxia dominada pelas forças maléficas do Império.

Essa foi minha verdadeira e mais empolgante experiência no mundo da Ficção Científica. Era 1977, quando o filme “Guerra nas Estrelas” foi lançado no mundo inteiro. Comecei a ler Bradbury, sua história “O Menino Invisível” sendo um conto indicado por meu pai. A história é emblemática, tendo você dez anos de idade, apenas. Vieram outros livros, alguns não somente de Ficção Científica, como “Raiders of the Lost Ark” (“Caçadores da Arca Perdida”), aventura satírico-cômica, que ironizava com bom humor os filmes de aventura tipo Tarzan e Jim das Selvas.

Descobri a Coleção Argonauta muito cedo, mas não antes que eu ganhasse um livro do cientista Isaac Asimov em meu aniversário de onze anos: “Lucky Starr and the Pirates of the Asteroids” (obra lançada pela Editora e Livraria Hemus, aquela editora famosa, da Trilogia Fundação, sim, aquela mesmo!) com o nome de “O Vigilante”. Era uma edição mais antiga, anterior àquela com a capa colorida contendo um mundo e naves orbitando-o, com o título de “O Vigilante das Estrelas”. A Coleção Argonauta trouxe escritores como Arthur C. Clarke, Clifford D. Simak, Philip Jose Farmer, Brian Aldiss, Poul Anderson, John Brunner, Philip K. Dick, Bob Shaw, C. M. Kornbluth, Keith Laumer e outros. Edições de Bolso, vindas de Portugal, e que seriam a principal fonte de cultura de antecipação que eu tive.

No centro da cidade de São Paulo, havia uma livraria que vendia livros e HQs. Lá, adquiri, para acrescentar às obras que meu pai já tinha, livros da Coleção Galeria Panorama, também portuguesa. Obras como Tau Zero, de Poul Anderson, um ou outro clássico, como algumas partes da saga “World of Tyers” (aventuras traduzidas para o português sobre o herói da América pré-colombiana Kickaha) contribuíram para amenizar minha sede de aventuras no espaço e no tempo.

A Coleção Europa-América foi descoberta por mim e meu irmão na Rua São João, uma das mais famosas do Centro Velho de São Paulo, na Livraria Temos Livros (antiga livraria Nova Hemus). Aquela livraria, que acredito ainda existir, vendeu durante décadas obras de Ficção Científica, Fantasia, Terror e Horror, além de livros esotéricos, de divulgação científica e estava abarrotada de outras obras, de ficção e não ficção. Era com ansiedade que eu gastava meus níqueis comprando coisas, desde o romance pós vanguardista “Os Três Estigmas de Palmer Eldrich”, de Philip K. Dick, até obras de colecionador, como “A Cratera da Morte”, de Clifford D. Simak.

Mas o que levaria uma criança de dez anos a buscar, entre as duas mil obras de Literatura Fantástica em inglês, italiano, francês e português, que lotavam as estantes de sua casa, adquiridas por seu pai ao longo de décadas, obras tão estranhas como “O Caos Suicida”, de Edmund Cooper? Obras que descreviam de modo muito competente a destruição da civilização e seu reerguer, ao longo de um período de sofrimento, onde a desorganização, as ruínas e a morte grassavam a cada quilômetro que se atrevesse a atravessar, numa Terra que tinha tudo para perder seu filho preferido: o Homem? Ou então, levariam essa criança a descobrir maravilhas, como as obras de Jack Vance e Robert Silverberg, em um mundo que era tão prosaico e fútil, a própria realidade em que ela vivia?

Uma obra de Ficção Científica é um mundo aberto. Fala de outros planetas, da destruição da civilização humana, para que se reconstrua ao custo de milhões de vidas, há a construção de outras culturas, por meio de artifícios extraídos da sociologia, exobiologia, filosofia, arquitetura, engenharia, moda, música, pintura, enfim, em outros planetas é apresentado um quadro — nunca imutável! — de civilizações inspiradas na terrestre, com características terrestres. Pois em todo e qualquer livro de Literatura Fantástica, mesmo o mais bizarro, que trate de outras culturas, o ponto de partida sempre será a cultura humana.

Nunca encontramos outras raças, fora da Terra. A Lua é um satélite natural da Terra com traços de água sob sua superfície, mas sem absoluta existência de vida inteligente. Assim o é Marte, com suas calotas onde há gelo, água congelada. Mas não pode sustentar vida, que um dia, há milhões e milhões de anos atrás, num passado não de todo esquecido pelos nossos cientistas, pode ter comportado seres inteligentes. E assim o é, em todo nosso Sistema Solar. Mundos como Titâ, lua de Saturno, onde seus oceanos de metano líquido são mortais para nós; Plutão, o mais afastado planeta de nosso Sistema, chamado de planeta-anão, e que possui matéria congelada, gelo! Mas, e vida? Só existe em nosso planeta, nosso lar. Onde há oceanos de água salgada, mares e ilhas, continentes quilométricos, vulcões, montanhas que ultrapassam as nuvens, florestas exuberantes, vida em profusão e uma atmosfera aprazível e respirável.

O que somos nós, que descendemos de primatas e evoluímos até que, dez mil anos atrás, descobrimos a agricultura, nos fixamos em cidades, galgamos as vertentes de eterna dificuldade que é o acordar, o viver, o comer, o beber, o eliminar, o trabalhar, o estudar, o construir, o “fazer” e o dormir? Somos a forma de vida mais inteligente de nosso planeta. Somos os que, ao mesmo tempo em que nos dedicamos a cuidar de animais feridos ou órfãos, em locais como os desertos do Continente Africano, as Florestas da América do Sul, da América Central, da Indonésia e Filipinas, ou nos aventuramos nas calotas polares para estudar a fauna desses locais tão inóspitos, montando estações científicas, ao mesmo tempo em que lutamos contra desastres ambientais petrolíferos, químicos e nucleares, como em Chernobyl, podemos ser os futuros responsáveis pelo desaparecimento da vida humana e animal da face da Terra.

Realizamos testes nucleares. Envenenamos com produtos químicos nossos rios, lagos e mares. Despejamos às milhares de toneladas ao ano o lixo que não mais é aproveitado em terra firme, nos oceanos. Lançamos detritos em forma de satélites abandonados em órbita da Terra, a tal ponto que hoje se fala em realizar missões para limpar, ao menos em parte, nosso espaço orbital, literalmente “coalhado” de peças de todos os tamanhos, de satélites ou partes deles, o que é bastante preocupante para as futuras missões ao espaço. Em órbita, um astronauta virá a morrer, caso sua roupa protetora seja atingida por um único parafuso, de poucos centímetros de comprimento, que viaje a centenas de quilômetros por hora.

O clima está se alterando preocupantemente. O aquecimento global é uma realidade. Já, hoje, temperaturas recordes matam pessoas de idade em quantidade alarmante na Europa. E não só afetarão a Europa, muito em breve. É muito provável que as temperaturas abruptas, para o topo da escala termométrica, ou para abaixo de zero grau, levem mais e mais pessoas, seja de que idade for, seja em qual estado de saúde — saudáveis ou com problemas cardiorrespiratórios, renais e outros — a um perigoso grau de sobrevivência. As formas de vida mais frágeis, como os ursos polares, estão em risco. Isso está diretamente relacionado com o derretimento das calotas polares e o decaimento abrupto da população de focas, a sua fonte de alimentação. E esse é somente um exemplo.

Muito se fala em se enviar naves para Marte, para Titã, e sondas para Alfa Centauri, distante a quatro anos-luz de distância. Diariamente milhares de homens, mulheres e crianças morrem de fome, de doenças, vítimas de guerras. Haverá um dia em que realmente poderemos nos lançar para colonizar a Lua e Marte ou teremos de nos defrontar primeiro com nossos problemas ambientais, sociais e econômicos?

A resposta está em nossa vontade. Vontade política, econômica, social. Há exemplos gloriosos sendo feitos. Malala Yousafzai, mulher que quando menina foi baleada pelo Talibã por defender o direito à educação no Paquistão, é hoje um exemplo de como a Organização das Nações Unidas está promovendo mudanças sociais no mundo. Mas é um exemplo isolado, praticamente.

O que você faria se fosse convidado a escrever um livro que falasse mal do crime organizado em seu país? Recusaria ou aceitaria? Submeter-se-ia a essa experiência, sabendo que poderia não sobreviver durante muito tempo, caso fossem revelados segredos que só você sabe ou não escreveria o livro, limitando-se a seguir sua vida plácida e relativamente normal?

Você faria como Malala, que publicou o livro “Eu Sou Malala” (“I Am Malala: The Girl Who Stood up for the Education and Was Shot by the Taliban”) ou permaneceria em sua zona de conforto? É uma dúvida que somente você pode responder, e são poucas as pessoas com coragem suficiente para mudar os conceitos do mundo, em detrimento de sua própria e segura vida de que dispõem.

*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem.

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.
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