Isaac Asimov - Imagem divulgação |
*Por Roberto Fiori
Lillian Wright estava ajustando cuidadosamente as persianas das janelas da sala... e, ao mesmo tempo, espiando sua nova vizinha, que tinha se mudado com a família há bem pouco tempo. Ela estava tomando seu banho de Sol, o que fazia com considerável frequência. Havia uma série de coisas que tornavam a família Sakkaro bem diferente, para não dizer, “excêntrica”.
Lillian notara que nunca vira o Sr. Sakkaro indo para o trabalho. George, o marido de Lillian, retrucou logo que também ninguém o vira indo para o trabalho, e ninguém reclamara. Ao que Lillian dissera: “Você fica em casa, escrevendo. E ele, o que faz?”. Além disso, a Sra. Wright vira cem vezes a Sra. Sakkaro olhando para o céu. Quando ficava um pouquinho nublado, ela nunca saía de casa. O filho deles costumava jogar bola no imenso gramado que eles tinham, fora de casa, e, quando as nuvens começavam a se acumular no céu, a Sra. Sakkaro gritava para ele entrar, que ia chover. Uma vez, fazia um dia bonito, com apenas algumas nuvens, e ela desandara a gritar... e não chovera. Também, eles não eram dados a conversas. Apenas um “Olá!”, de vez em quando, nada além disso.
Tommie, filho de George, contara a ele que os vizinhos eram do Arizona, ou do Alabama, e os Wright acharam que provavelmente era por isso que eles se preocupavam com a chuva. Os Sakkaro não sabiam, simplesmente, o que fazer quando chovesse. Lillian decidiu fazer uma visita à Sra. Sakkaro. Ela parecia tão agradável... e foi nesse momento que Lillian notou que a vizinha tinha os olhos pregados em uma nuvem. E decidira entrar.
Lillian visitara a Sra. Sakkaro e reparara como a casa deles era limpa. Uma casa impecável! A cozinha, parecia que nunca tinha sido usada. Quando a visitante pediu um copo-d’água, a vizinha enchera o copo sob a torneira tão vagarosamente, que nem uma gota caiu na pia. E passara o copo para Lillian com um guardanapo limpo. Higiene hospitalar!
Lillian disse a George que convidara a família Sakkaro para passarem o dia seguinte no Parque de Murphy. O que vira, na casa dos Sakkaro, era que eles assinavam todos os jornais, devido à pilha que o carteiro deixava na casa deles. E, o que era estranho, a Sra. Sakkaro telefonara ao marido para saber da previsão do tempo para o dia seguinte. Ele respondera que os jornais informavam que o tempo ia ser bom, mas estava aguardando o último boletim do tempo no rádio.
Os Sakkaro eram jovens agradáveis, morenos e simpáticos. O pai carregava em uma bolsa um radinho portátil, para ouvir a previsão do tempo. O filho trazia um barômetro aneroide. No Parque, Lillian pagou todas as atrações, fazendo com que a Sra. Sakkaro protestasse contra, em vão. O Sr. Sakkaro disse a George que ele era um “estudioso da natureza humana”, e George pensara que ele era uma pessoa rica, por não fazer absolutamente nenhuma ideia do que o homem fazia para viver. E George assegurou a Lillian que os vizinhos não eram do Arizona, pois, ao comentar com o vizinho isto, este ficara espantado, gargalhou e perguntou a George se ele tinha sotaque do Arizona...
Depois, os Wright ficaram surpresos com o que os Sakkaro haviam comprado: três bengalas de algodão-doce enormes. Ofereceram um algodão-doce a cada um dos Wright que, educadamente, aceitaram. Jogaram uma partida de arremesso de dardos, bateram fotografias, gravaram as suas respectivas vozes e mediram a força de suas mãos. E os Sakkaro compraram mais uma porção de algodões-doces para o filho, o que deixou os Wright enjoados.
George havia oferecido um cachorro quente para o Sr. Sakkaro, mas ele recusara, fazendo cara feia, e Lillian quis comprar um suco de laranja para a esposa dele, mas ela dera um pulo e recusara. Parecia que tinham jogado suco na cara dela... Nisso, o tempo estava ficando nublado. Os Sakkaro caíram sobre George, com educação, mas insistentes. Tinham mesmo que ir para casa. Parecia que ia mesmo desabar uma tempestade. A Sra. Sakkaro queixou-se que todas as previsões haviam anunciado tempo bom. Segundo George, era difícil se fazer uma previsão local precisa, mas, se ocorresse, não duraria mais do que quarenta minutos. Ao que o filho dos Sakkaro pareceu à beira das lágrimas e a Sra. Sakkaro, segurando um lenço, tremia visivelmente.
A viagem de volta pareceu nunca terminar. O Sr. Sakkaro deixara seu rádio em um volume muito alto, e ele mudava de estação a toda hora, captando todos os boletins do tempo. A Sra. Sakkaro pediu a George que aumentasse a velocidade do carro, se possível, enquanto fitava lugubremente o céu. A tempestade iria cair logo, pelo vento que soprava na rua em que moravam. Relâmpagos riscavam o céu. As folhas farfalhavam. George estacionou em frente ao portão da imensa propriedade dos Sakkaro. Eles saíram atropeladamente para fora do carro, os rostos distorcidos devido à tensão do momento, e dispararam para o jardim.
O aguaceiro caiu pesadamente, em pingos de chuva enormes. Os Sakkaro pararam a meio caminho da porta da frente e olharam desesperadamente para o céu. Os rostos foram se dissolvendo, ficando sem forma. Os corpos encolheram-se e desmancharam-se, dentro das roupas, que se amontoaram no chão, em três montinhos lamacentos e viscosos. Lillian Wright, juntamente com George e Tommie, permaneceu no carro, olhando horrorizada para a cena. E fez uma observação:
“... feitos de açúcar e receosos de se dissolverem”.
Lillian notara que nunca vira o Sr. Sakkaro indo para o trabalho. George, o marido de Lillian, retrucou logo que também ninguém o vira indo para o trabalho, e ninguém reclamara. Ao que Lillian dissera: “Você fica em casa, escrevendo. E ele, o que faz?”. Além disso, a Sra. Wright vira cem vezes a Sra. Sakkaro olhando para o céu. Quando ficava um pouquinho nublado, ela nunca saía de casa. O filho deles costumava jogar bola no imenso gramado que eles tinham, fora de casa, e, quando as nuvens começavam a se acumular no céu, a Sra. Sakkaro gritava para ele entrar, que ia chover. Uma vez, fazia um dia bonito, com apenas algumas nuvens, e ela desandara a gritar... e não chovera. Também, eles não eram dados a conversas. Apenas um “Olá!”, de vez em quando, nada além disso.
Tommie, filho de George, contara a ele que os vizinhos eram do Arizona, ou do Alabama, e os Wright acharam que provavelmente era por isso que eles se preocupavam com a chuva. Os Sakkaro não sabiam, simplesmente, o que fazer quando chovesse. Lillian decidiu fazer uma visita à Sra. Sakkaro. Ela parecia tão agradável... e foi nesse momento que Lillian notou que a vizinha tinha os olhos pregados em uma nuvem. E decidira entrar.
Lillian visitara a Sra. Sakkaro e reparara como a casa deles era limpa. Uma casa impecável! A cozinha, parecia que nunca tinha sido usada. Quando a visitante pediu um copo-d’água, a vizinha enchera o copo sob a torneira tão vagarosamente, que nem uma gota caiu na pia. E passara o copo para Lillian com um guardanapo limpo. Higiene hospitalar!
Lillian disse a George que convidara a família Sakkaro para passarem o dia seguinte no Parque de Murphy. O que vira, na casa dos Sakkaro, era que eles assinavam todos os jornais, devido à pilha que o carteiro deixava na casa deles. E, o que era estranho, a Sra. Sakkaro telefonara ao marido para saber da previsão do tempo para o dia seguinte. Ele respondera que os jornais informavam que o tempo ia ser bom, mas estava aguardando o último boletim do tempo no rádio.
Os Sakkaro eram jovens agradáveis, morenos e simpáticos. O pai carregava em uma bolsa um radinho portátil, para ouvir a previsão do tempo. O filho trazia um barômetro aneroide. No Parque, Lillian pagou todas as atrações, fazendo com que a Sra. Sakkaro protestasse contra, em vão. O Sr. Sakkaro disse a George que ele era um “estudioso da natureza humana”, e George pensara que ele era uma pessoa rica, por não fazer absolutamente nenhuma ideia do que o homem fazia para viver. E George assegurou a Lillian que os vizinhos não eram do Arizona, pois, ao comentar com o vizinho isto, este ficara espantado, gargalhou e perguntou a George se ele tinha sotaque do Arizona...
Depois, os Wright ficaram surpresos com o que os Sakkaro haviam comprado: três bengalas de algodão-doce enormes. Ofereceram um algodão-doce a cada um dos Wright que, educadamente, aceitaram. Jogaram uma partida de arremesso de dardos, bateram fotografias, gravaram as suas respectivas vozes e mediram a força de suas mãos. E os Sakkaro compraram mais uma porção de algodões-doces para o filho, o que deixou os Wright enjoados.
George havia oferecido um cachorro quente para o Sr. Sakkaro, mas ele recusara, fazendo cara feia, e Lillian quis comprar um suco de laranja para a esposa dele, mas ela dera um pulo e recusara. Parecia que tinham jogado suco na cara dela... Nisso, o tempo estava ficando nublado. Os Sakkaro caíram sobre George, com educação, mas insistentes. Tinham mesmo que ir para casa. Parecia que ia mesmo desabar uma tempestade. A Sra. Sakkaro queixou-se que todas as previsões haviam anunciado tempo bom. Segundo George, era difícil se fazer uma previsão local precisa, mas, se ocorresse, não duraria mais do que quarenta minutos. Ao que o filho dos Sakkaro pareceu à beira das lágrimas e a Sra. Sakkaro, segurando um lenço, tremia visivelmente.
A viagem de volta pareceu nunca terminar. O Sr. Sakkaro deixara seu rádio em um volume muito alto, e ele mudava de estação a toda hora, captando todos os boletins do tempo. A Sra. Sakkaro pediu a George que aumentasse a velocidade do carro, se possível, enquanto fitava lugubremente o céu. A tempestade iria cair logo, pelo vento que soprava na rua em que moravam. Relâmpagos riscavam o céu. As folhas farfalhavam. George estacionou em frente ao portão da imensa propriedade dos Sakkaro. Eles saíram atropeladamente para fora do carro, os rostos distorcidos devido à tensão do momento, e dispararam para o jardim.
O aguaceiro caiu pesadamente, em pingos de chuva enormes. Os Sakkaro pararam a meio caminho da porta da frente e olharam desesperadamente para o céu. Os rostos foram se dissolvendo, ficando sem forma. Os corpos encolheram-se e desmancharam-se, dentro das roupas, que se amontoaram no chão, em três montinhos lamacentos e viscosos. Lillian Wright, juntamente com George e Tommie, permaneceu no carro, olhando horrorizada para a cena. E fez uma observação:
“... feitos de açúcar e receosos de se dissolverem”.
Este é mais um conto de um dos maiores escritores de Ficção Científica que já existiram, e um dos mais prolíficos escritores, em seu sentido mais amplo. Isaac Asimov publicou este conto, “Chuva, chuva, vá embora!” (“Rain, rain, go away”), em 1959, na revista Fantastic Universe Science Fiction, em seu número de Setembro do mesmo ano. Posteriormente, foi publicada na antologia “Buy Jupiter” (edição original de 1975) e na coletânea “Júpiter à Venda”, pela Hemus Livraria e Editora, em 1979, no Brasil.
Seria possível que existissem seres feitos de um material solúvel à água? Quando falamos em solubilidade, a ideia que temos é a de um material que pode ter suas propriedades físicas modificadas, ao ponto de, em contato com um tipo de solvente. como ácido clorídrico, sulfúrico, ou mesmo, simples água, se tornar menos denso.
A água perfaz nosso organismo em grande parte. O homem possui em seu corpo 65% de água e as mulheres, 60%. No recém-nascido, compõe entre 74 e 80 por cento de seu corpo. A água compõe 71% da superfície de nosso planeta e, desse volume, 97,4% se encontra nos oceanos, em estado líquido.
A água, em nosso corpo, é tão importante, que não existiria vida na Terra, sem a existência dela. No organismo humano, ela age principalmente como solvente, sendo o meio propício para a realização da grande maioria das reações químicas, ou nosso metabolismo.
A água é responsável pela eliminação de substâncias tóxicas. Nossa urina é composta por 95% de água, e é principalmente pela urina que liberamos para fora do organismo as substâncias em excesso ou que não possuem utilidade para nós.
A água é componente principal do plasma sanguíneo, transportando nutrientes, oxigênio e sais minerais para as células. Também, a água transporta os produtos do metabolismo, levando-os dos locais onde são gerados, até onde são eliminados.
A água participa da digestão, sendo componente da saliva e dos sucos digestivos. Também atua na excreção e na absorção de substâncias.
Além de tudo isso, a água atua como protetor de estruturas do organismo humano. Nosso sistema nervoso central (o cérebro e a medula espinhal) é envolto por três camadas de membranas, as meninges. O liquor encontrado entre as meninges, composto principalmente por água, protege o sistema nervoso central de impactos, que poderiam danificá-lo. No caso do líquido amniótico, este protege o embrião em desenvolvimento de impactos, dentro do útero. As lágrimas, cuja função é evitar o ressecamento das córneas, são formadas por água, em sua maior parte, que tem por função também limpar os olhos.
A evaporação do suor, produzida em dias quentes em nossa pele, regula a temperatura do corpo, esfriando-o. A água não pode ser armazenada em nosso corpo. Deve-se ingeri-la, para obter-se sempre um estoque regulador do líquido.
Está claro que a família Sakkaro, no conto de Asimov, não pode ter origem terrestre. Seus corpos seriam formados por substâncias solúveis à água. Mesmo uma gota-d’água poderia matá-los. Triste fim teve a família Sakkaro. Eram simpáticos, estariam na Terra muito provavelmente para estudar o Homem, com finalidade de conhecer uma nova raça ou, por outro lado, estariam em nosso planeta em meio a milhares de outros alienígenas também solúveis à água, com a finalidade de procurar fraquezas entre os humanos. E influir numa futura invasão e transformação do clima da Terra em um clima que fosse aprazível para eles...
*Sobre Roberto Fiori:
Escritor
de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em
Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP
e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a
óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua
guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e
pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto
não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror.
Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando
realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do
espírito elevada e extremamente valiosa.
Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:
Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.
Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem.
Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.
Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.
Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem.
Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
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