Júlio Emílio Braz - Foto divulgação |
Nesta superentrevista, o renomado escritor Júlio Emílio Braz, que dispensa apresentação, fala sobre seu livro de contos, publicado pela Editora Imperial Novo Milênio, e sobre o fascinante gênero literário de terror.
Quanto tempo demorou para escrever o livro CONTOS DE ARREPIAR?
Os contos foram escritos em épocas distintas, mas em nenhum deles eu gastei mais do que metade de um dia. Adoro escrever contos.
Por que o gênero literário de terror? Você acha que o público gosta desse tipo de "pegada"?
Segundo Lovecraft, a primeira emoção do homem foi o medo e acredito que boa parte da humanidade aprecia levar seus sustinhos de vez em quando ou então não entraria numa roda-gigante, não visitaria locais aprazíveis como onde a possibilidade real de ser sequestrado, explodido, assaltado e morto é mais do que uma possibilidade, e principalmente, não votaria em certas pessoas pelo mundo afora. No caso de meu público juvenil e até o infantil, eles têm verdadeira fascinação pelo gênero (tanto quanto pelo policial). O problema, na minha opinião, é o mediador, já que desgraçadamente a maioria das crianças deste país ainda depende da escola para ter acesso e contato com a leitura, e o mediador deste contato, o professor, via de regra, não sabe muito bem como explorar as inegáveis potencialidades pedagógicas do gênero, já que o interesse da garotada já existe. ALIÁS, ALGO PARECIDO TAMBÉM OCORRE COM O GÊNERO POLICIAL E COM A POESIA.
Quanto tempo demorou para escrever o livro CONTOS DE ARREPIAR?
Os contos foram escritos em épocas distintas, mas em nenhum deles eu gastei mais do que metade de um dia. Adoro escrever contos.
Por que o gênero literário de terror? Você acha que o público gosta desse tipo de "pegada"?
Segundo Lovecraft, a primeira emoção do homem foi o medo e acredito que boa parte da humanidade aprecia levar seus sustinhos de vez em quando ou então não entraria numa roda-gigante, não visitaria locais aprazíveis como onde a possibilidade real de ser sequestrado, explodido, assaltado e morto é mais do que uma possibilidade, e principalmente, não votaria em certas pessoas pelo mundo afora. No caso de meu público juvenil e até o infantil, eles têm verdadeira fascinação pelo gênero (tanto quanto pelo policial). O problema, na minha opinião, é o mediador, já que desgraçadamente a maioria das crianças deste país ainda depende da escola para ter acesso e contato com a leitura, e o mediador deste contato, o professor, via de regra, não sabe muito bem como explorar as inegáveis potencialidades pedagógicas do gênero, já que o interesse da garotada já existe. ALIÁS, ALGO PARECIDO TAMBÉM OCORRE COM O GÊNERO POLICIAL E COM A POESIA.
O livro faz parte do projeto Minha Biblioteca (2018), da Prefeitura de São Paulo. Fale-nos sobre isso.
Louvo quando o Estado se preocupa em criar tais pontes entre o cidadão e o conhecimento. Esse projeto da prefeitura paulistana é antigo e me encanta que ele não sofre com os problemas tão comuns de descontinuidade que afetam muitos municípios e estados brasileiros, onde, dependendo do humor e até da concepção de vida dos eleitos, projetos tão meritórios como este ou o simples investimento em educação e cultura são amesquinhados por tolas e passageiras antipatias partidárias ou ideológicas. Cultura e educação não têm ideologia ou partido. São patrimônios de sociedades modernas e participativas. Infelizmente, quando a crise bate à porta de todos nós, governo ou não, as primeiras vítimas geralmente são as áreas culturais e até as educacionais. Mas muitos projetos como o Minha Biblioteca sobrevivem graças à perseverança de anônimos abnegados ou de governantes mais esclarecidos. O processo em si é muito simples apesar de bem burocrático: as instituições governamentais lançam editais, os editores interessados se inscrevem e atendendo a todas as solicitações e passando pelo crivo de análises feitas geralmente por especialistas, os livros são selecionados e adquiridos. No caso específico deste projeto, o pagamento é até inacreditavelmente rápido e desburocratizado.
Você é um escritor prolífico. O que tem escrito ultimamente?
Atualmente, enfrentando a crise e toda sorte de dificuldades comuns a qualquer profissional que deseje viver decentemente de seu ofício (talvez um pouco pior, pois meu ofício é encarado por boa parte de nossa sociedade, não como ofício mas como diletantismo - neste último sábado mesmo, lendo um artigo sobre plágio no Segundo Caderno do O Globo, li a declaração de uma entrevistada cujo nome esqueci que, "como sabemos, não é possível viver de escrever, principalmente no Brasil"), estou me desdobrando em uma incipiente carreira de editor e escrevendo dois livros concomitantemente (essa é outra de minhas particularidades: nunca escrevi apenas um texto de cada vez, mas até três), a saber: uma coletânea de contos policiais intitulada "Post-Mortem" e rabiscando as primeiras páginas de um projeto muito antigo e sempre postergado intitulado "Abrolhos Pete", que vem a ser uma história de piratas. Morasse eu nos Estados Unidos ou em algum lugar onde fosse viável viver de escrever, talvez tivesse um agente que me descolasse um editor capaz de me conceder um adiantamento para que eu concluísse meu livro. Todavia, aqui, onde eu sou um louco por teimar em viver de escrever, tenho que me desdobrar editando, vendendo meus livros, fazendo palestras e outras impossibilidades escritas que algum desavisado (pois no Brasil não se vive de escrever) me encomenda. Ah, é: entre 1982 e 1993 eu escrevi livros de bolso de bangue-bangue com cerca de trinta pseudônimos. Redundou em 412 livros. Em uma de minhas mudanças eu os perdi e agora eu os estou recuperando em sebos (principalmente do sul do país) ou de grupos de apaixonados pelo gênero. Estou digitando tudo e pretendendo relançá-los. Por conta disso, estou buscando um editor que se interesse, seja para publicações como eram feitas naquela época, ou seja, para bancas de jornais, ou em livrarias (tenho um projeto mais caprichado, que envolve inclusive a criação de um pseudônimo persona, com biografia e tudo, que assumiria a "autoria" das obras). Da mesma forma, lancei alguns juvenis digitalmente pela Biblioteca 24 de São Paulo e pela Amazon, e um policial adulto chamado O Caça-Homens também pela Amazon. Como vemos, é um bocado de coisas para um simples diletante, não?
Aquele abraço,
Júlio Emílio Braz
Para adquirir o livro:
https://www.imperiallivros.com.br/index.php/catalogo/product/61-contos-de-arrepiar
*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a Série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Organizador dos livros Uma noite no castelo (Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Xeque-Matte, 2019). Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Xeque-Matte, 2019). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
Louvo quando o Estado se preocupa em criar tais pontes entre o cidadão e o conhecimento. Esse projeto da prefeitura paulistana é antigo e me encanta que ele não sofre com os problemas tão comuns de descontinuidade que afetam muitos municípios e estados brasileiros, onde, dependendo do humor e até da concepção de vida dos eleitos, projetos tão meritórios como este ou o simples investimento em educação e cultura são amesquinhados por tolas e passageiras antipatias partidárias ou ideológicas. Cultura e educação não têm ideologia ou partido. São patrimônios de sociedades modernas e participativas. Infelizmente, quando a crise bate à porta de todos nós, governo ou não, as primeiras vítimas geralmente são as áreas culturais e até as educacionais. Mas muitos projetos como o Minha Biblioteca sobrevivem graças à perseverança de anônimos abnegados ou de governantes mais esclarecidos. O processo em si é muito simples apesar de bem burocrático: as instituições governamentais lançam editais, os editores interessados se inscrevem e atendendo a todas as solicitações e passando pelo crivo de análises feitas geralmente por especialistas, os livros são selecionados e adquiridos. No caso específico deste projeto, o pagamento é até inacreditavelmente rápido e desburocratizado.
Você é um escritor prolífico. O que tem escrito ultimamente?
Atualmente, enfrentando a crise e toda sorte de dificuldades comuns a qualquer profissional que deseje viver decentemente de seu ofício (talvez um pouco pior, pois meu ofício é encarado por boa parte de nossa sociedade, não como ofício mas como diletantismo - neste último sábado mesmo, lendo um artigo sobre plágio no Segundo Caderno do O Globo, li a declaração de uma entrevistada cujo nome esqueci que, "como sabemos, não é possível viver de escrever, principalmente no Brasil"), estou me desdobrando em uma incipiente carreira de editor e escrevendo dois livros concomitantemente (essa é outra de minhas particularidades: nunca escrevi apenas um texto de cada vez, mas até três), a saber: uma coletânea de contos policiais intitulada "Post-Mortem" e rabiscando as primeiras páginas de um projeto muito antigo e sempre postergado intitulado "Abrolhos Pete", que vem a ser uma história de piratas. Morasse eu nos Estados Unidos ou em algum lugar onde fosse viável viver de escrever, talvez tivesse um agente que me descolasse um editor capaz de me conceder um adiantamento para que eu concluísse meu livro. Todavia, aqui, onde eu sou um louco por teimar em viver de escrever, tenho que me desdobrar editando, vendendo meus livros, fazendo palestras e outras impossibilidades escritas que algum desavisado (pois no Brasil não se vive de escrever) me encomenda. Ah, é: entre 1982 e 1993 eu escrevi livros de bolso de bangue-bangue com cerca de trinta pseudônimos. Redundou em 412 livros. Em uma de minhas mudanças eu os perdi e agora eu os estou recuperando em sebos (principalmente do sul do país) ou de grupos de apaixonados pelo gênero. Estou digitando tudo e pretendendo relançá-los. Por conta disso, estou buscando um editor que se interesse, seja para publicações como eram feitas naquela época, ou seja, para bancas de jornais, ou em livrarias (tenho um projeto mais caprichado, que envolve inclusive a criação de um pseudônimo persona, com biografia e tudo, que assumiria a "autoria" das obras). Da mesma forma, lancei alguns juvenis digitalmente pela Biblioteca 24 de São Paulo e pela Amazon, e um policial adulto chamado O Caça-Homens também pela Amazon. Como vemos, é um bocado de coisas para um simples diletante, não?
Aquele abraço,
Júlio Emílio Braz
Para adquirir o livro:
https://www.imperiallivros.com.br/index.php/catalogo/product/61-contos-de-arrepiar
*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a Série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Organizador dos livros Uma noite no castelo (Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Xeque-Matte, 2019). Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Xeque-Matte, 2019). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
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