Escritor e Cientista Arthur C. Clarke (1917-2008): “Quanto mais longe estivermos da Natureza, mais infelizes seremos” |
*Sobre Roberto Fiori
O Mestre tinha um ano de vida pela frente, apenas. Entre as montanhas geladas do Tibet, ele morreria e seria esquecido de todos, ao que tudo levava a crer. Seu coração estava fraco e os médicos não podiam substituí-lo. Não tinham os conhecimentos para tanto. Assim, o Mestre sugeriu que o colocassem em hibernação artificial, coisa que os doutores podiam fazer. Ele iria dormir cem anos. E, pensou, se ele iria sonhar, poderia não gostar do que poderia acontecer, pois se em uma única noite de sono podiam surgir sonhos que despedaçavam o espírito, o que dizer de cem anos?
Sua tumba, ele a observara sendo construída, em meio às neves eternas do Tibet. Muitos gostariam de saber onde ela estava sendo erigida, pois desejavam destruir seu corpo. Assim, muito poucos iniciados teriam conhecimento de sua localização. Drogas foram administradas quando ele foi deitado em seu leito, e ele dormiu, enfim. Dormiu seus cem anos e, enquanto isso, os poucos que sabiam onde estava a esfera onde ele dormia morreram. A lenda do sono do Mestre continuou viva por anos, até que foi esquecida, também.
As montanhas do Tibet afundaram na crosta terrestre, as planícies da Índia inclinaram-se em direção ao céu, os planaltos do Sri Lanka atingiram o ponto mais alto da superfície da Terra. Um oceano cobriu por nove mil metros o Everest. O lodo que fazia parte dele desceu, pouco a pouco, e uma cobertura de barro espessou-se. Mas uma outra cadeia maciça de montanhas tomou o lugar do oceano do Tibet e tudo se repetiu novamente, e novamente, e novamente. O Mestre estava alheio a tudo, imerso em um sono profundo.
As chuvas e os rios levaram o barro em direção aos novos oceanos e a esfera onde o Mestre repousava foi liberada. Os cientistas que a encontraram não conheciam os segredos da esfera, de como entrar nela, então mais trinta anos se passaram. Os homens teriam mudado muito? Esse era o pensamento do Mestre, enquanto ouvia estalidos e rangidos, e compreendia que os homens que o acordavam estavam desativando os aparelhos e instrumentos a ele conectados.
E, quando por fim sua visão voltou, nítida, ele deu um fraco grito e morreu. Compreendeu, em uma fração de segundo, que a guerra entre os humanos e os insetos havia sido ganha pelos últimos.
Este conto, “O Despertar” (“The Awakening”), foi publicado originalmente em Fevereiro de 1942, na revista Zenith, número 4, editada em Manchester, por Harry Turner e Marion Eadie. Mais tarde, uma versão revista foi publicada em “Reach for Tomorrow”. Em 1973 foi publicada em “The Best of Arthur C. Clarke”, traduzida para o português como “Os Dias Futuros” (Coleção Argonauta, nº 334).
Arthur C. Clarke é um mestre. É considerado um dos dois maiores escritores de Ficção Científica da História, ao lado de Isaac Asimov. Segundo Clarke, sua lembrança mais antiga de sua vida foi antes dos nove anos de idade, ele contando aos seus outros colegas, na frente de sua classe, histórias de dinossauros. Isso tinha sido amplamente encorajado pelo senhor Tipper, seu professor. Clarke nos fala, em seu artigo “1933 — Uma Odisseia na Ficção Científica” (publicado na Coleção Argonauta, nº 334, “Os Dias Futuros”, uma antologia brilhante de contos do autor), que teve muita sorte com seus professores. Nenhum deles era ruim.
O fato é que, outro professor, que o estimulou, anos depois, a escrever para o jornal de sua escola, foi, juntamente com tantos outros personagens da vida de Clarke, de grande importância para que ele continuasse a escrever Ficção Científica. Talvez alguns considerem que suas contribuições padra a Ciência e Tecnologia sejam mais importantes do que escrever “meras” histórias de ficção, mas o fato de ele escrever e publicar Ficção Científica é, por si só, um motivo pelo qual muitos jovens escolhem a carreira científica, ou mesmo virem a se tornar bons escritores de ficção. A Ficção Científica amplia nossos horizontes de pensamento, abre caminhos inexplorados dentro do Universo do Provável e do Possível. Faz-nos ter curiosidade sobre, pelo menos, outras obras semelhantes, o que nos faz ir mais longe naquilo que pensamos hoje e no que faremos amanhã.
No volume “Para Onde Vamos?” (“Where Do We Go From Here?”), de Isaac Asimov, publicado em português pela Editora Hemus, em 1979, Asimov diz:
“De há muito considero a Ficção Científica como um instrumento em potencial, inspirador e útil, para o ensino. Para esta antologia, portanto, selecionei dezessete histórias que, penso eu, podem inspirar curiosidade e podem conduzir o estudante dentro de esquemas de indagação de seu interesse particular, que mais o entusiasmem, que podem inclusive determinar a futura diretriz de sua carreira”.
Há professores que, ou por não possuírem uma formação acadêmica adequada, ou por não gostarem absolutamente de histórias que projetem o leitor em uma dinâmica futurista, falam que a Ficção Científica não é considerada um gênero literário. Simplesmente isso. Apenas porque não a entendem ou sentem-se incomodados com as ideias revolucionárias que a Ficção Científica traz. E exatamente por não compreenderem termos e ideias avançadas que esta literatura apresenta, é que estes “professores” não gostam dela. E a diminuem.
Comecei eu mesmo a ler um conto de Fantasia de Ray Bradbury, com a idade de dez anos. Não iniciei minhas leituras com Ficção Científica “hard”. Mas, como Bradbury é capaz de captar a atenção da vasta maioria de entusiastas da Literatura Fantástica, e o conto foi-me indicado pelo meu pai, decidi lê-lo. Eu queria ler este tipo de Literatura, mas acredito que foi no meu íntimo que achei que precisava ler uma obra de peso, para realmente vir a me entusiasmar pela Fantasia e Ficção Fantástica. Se eu lesse algo que não fosse bem escrito, ou que não suscitasse interesse suficiente, eu poderia abandonar a Fantasia, por considerá-la muito superficial, talvez. O fato é que, desde que terminei de ler “O Menino Invisível”, de Bradbury, eu jamais deixei de ler Literatura Fantástica. Continuei, com as histórias de Lucky Starr, de Isaac Asimov, com o romance fabuloso “2001, Uma Odisseia no Espaço”, de Arthur C. Clarke, com as histórias da Coleção Argonauta, como “Berserkers”, de Fred Saberhagen. Com romances maravilhosos de Cliffor D. Simak, como “Boneca do Destino” (“The Destiny Doll”) e “A Irmandade do Talismã” (“The Fellowship of the Talisman”). E assim por diante.
Foram e continuam a ser momentos mágicos, cada vez que apanho um livro de Ficção Científica, Fantasia ou Horror/Terror, e o aprecio como um vinho exótico. Como escritor que sou de Literatura Fantástica, bebo das inspirações que cada obra nova ou cada releitura me concede. E sou muito grato, primeiro, a meu pai e, em segundo lugar, a cada um desses magos da Literatura mundial, pelo que me proporcionaram, até hoje.
Sua tumba, ele a observara sendo construída, em meio às neves eternas do Tibet. Muitos gostariam de saber onde ela estava sendo erigida, pois desejavam destruir seu corpo. Assim, muito poucos iniciados teriam conhecimento de sua localização. Drogas foram administradas quando ele foi deitado em seu leito, e ele dormiu, enfim. Dormiu seus cem anos e, enquanto isso, os poucos que sabiam onde estava a esfera onde ele dormia morreram. A lenda do sono do Mestre continuou viva por anos, até que foi esquecida, também.
As montanhas do Tibet afundaram na crosta terrestre, as planícies da Índia inclinaram-se em direção ao céu, os planaltos do Sri Lanka atingiram o ponto mais alto da superfície da Terra. Um oceano cobriu por nove mil metros o Everest. O lodo que fazia parte dele desceu, pouco a pouco, e uma cobertura de barro espessou-se. Mas uma outra cadeia maciça de montanhas tomou o lugar do oceano do Tibet e tudo se repetiu novamente, e novamente, e novamente. O Mestre estava alheio a tudo, imerso em um sono profundo.
As chuvas e os rios levaram o barro em direção aos novos oceanos e a esfera onde o Mestre repousava foi liberada. Os cientistas que a encontraram não conheciam os segredos da esfera, de como entrar nela, então mais trinta anos se passaram. Os homens teriam mudado muito? Esse era o pensamento do Mestre, enquanto ouvia estalidos e rangidos, e compreendia que os homens que o acordavam estavam desativando os aparelhos e instrumentos a ele conectados.
E, quando por fim sua visão voltou, nítida, ele deu um fraco grito e morreu. Compreendeu, em uma fração de segundo, que a guerra entre os humanos e os insetos havia sido ganha pelos últimos.
Este conto, “O Despertar” (“The Awakening”), foi publicado originalmente em Fevereiro de 1942, na revista Zenith, número 4, editada em Manchester, por Harry Turner e Marion Eadie. Mais tarde, uma versão revista foi publicada em “Reach for Tomorrow”. Em 1973 foi publicada em “The Best of Arthur C. Clarke”, traduzida para o português como “Os Dias Futuros” (Coleção Argonauta, nº 334).
Arthur C. Clarke é um mestre. É considerado um dos dois maiores escritores de Ficção Científica da História, ao lado de Isaac Asimov. Segundo Clarke, sua lembrança mais antiga de sua vida foi antes dos nove anos de idade, ele contando aos seus outros colegas, na frente de sua classe, histórias de dinossauros. Isso tinha sido amplamente encorajado pelo senhor Tipper, seu professor. Clarke nos fala, em seu artigo “1933 — Uma Odisseia na Ficção Científica” (publicado na Coleção Argonauta, nº 334, “Os Dias Futuros”, uma antologia brilhante de contos do autor), que teve muita sorte com seus professores. Nenhum deles era ruim.
O fato é que, outro professor, que o estimulou, anos depois, a escrever para o jornal de sua escola, foi, juntamente com tantos outros personagens da vida de Clarke, de grande importância para que ele continuasse a escrever Ficção Científica. Talvez alguns considerem que suas contribuições padra a Ciência e Tecnologia sejam mais importantes do que escrever “meras” histórias de ficção, mas o fato de ele escrever e publicar Ficção Científica é, por si só, um motivo pelo qual muitos jovens escolhem a carreira científica, ou mesmo virem a se tornar bons escritores de ficção. A Ficção Científica amplia nossos horizontes de pensamento, abre caminhos inexplorados dentro do Universo do Provável e do Possível. Faz-nos ter curiosidade sobre, pelo menos, outras obras semelhantes, o que nos faz ir mais longe naquilo que pensamos hoje e no que faremos amanhã.
No volume “Para Onde Vamos?” (“Where Do We Go From Here?”), de Isaac Asimov, publicado em português pela Editora Hemus, em 1979, Asimov diz:
“De há muito considero a Ficção Científica como um instrumento em potencial, inspirador e útil, para o ensino. Para esta antologia, portanto, selecionei dezessete histórias que, penso eu, podem inspirar curiosidade e podem conduzir o estudante dentro de esquemas de indagação de seu interesse particular, que mais o entusiasmem, que podem inclusive determinar a futura diretriz de sua carreira”.
Há professores que, ou por não possuírem uma formação acadêmica adequada, ou por não gostarem absolutamente de histórias que projetem o leitor em uma dinâmica futurista, falam que a Ficção Científica não é considerada um gênero literário. Simplesmente isso. Apenas porque não a entendem ou sentem-se incomodados com as ideias revolucionárias que a Ficção Científica traz. E exatamente por não compreenderem termos e ideias avançadas que esta literatura apresenta, é que estes “professores” não gostam dela. E a diminuem.
Comecei eu mesmo a ler um conto de Fantasia de Ray Bradbury, com a idade de dez anos. Não iniciei minhas leituras com Ficção Científica “hard”. Mas, como Bradbury é capaz de captar a atenção da vasta maioria de entusiastas da Literatura Fantástica, e o conto foi-me indicado pelo meu pai, decidi lê-lo. Eu queria ler este tipo de Literatura, mas acredito que foi no meu íntimo que achei que precisava ler uma obra de peso, para realmente vir a me entusiasmar pela Fantasia e Ficção Fantástica. Se eu lesse algo que não fosse bem escrito, ou que não suscitasse interesse suficiente, eu poderia abandonar a Fantasia, por considerá-la muito superficial, talvez. O fato é que, desde que terminei de ler “O Menino Invisível”, de Bradbury, eu jamais deixei de ler Literatura Fantástica. Continuei, com as histórias de Lucky Starr, de Isaac Asimov, com o romance fabuloso “2001, Uma Odisseia no Espaço”, de Arthur C. Clarke, com as histórias da Coleção Argonauta, como “Berserkers”, de Fred Saberhagen. Com romances maravilhosos de Cliffor D. Simak, como “Boneca do Destino” (“The Destiny Doll”) e “A Irmandade do Talismã” (“The Fellowship of the Talisman”). E assim por diante.
Foram e continuam a ser momentos mágicos, cada vez que apanho um livro de Ficção Científica, Fantasia ou Horror/Terror, e o aprecio como um vinho exótico. Como escritor que sou de Literatura Fantástica, bebo das inspirações que cada obra nova ou cada releitura me concede. E sou muito grato, primeiro, a meu pai e, em segundo lugar, a cada um desses magos da Literatura mundial, pelo que me proporcionaram, até hoje.
*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside
atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se
na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática.
Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como
hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta,
cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo.
Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e
Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando
realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do
espírito elevada e extremamente valiosa.
Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:
Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.
Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem.
Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.
Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.
Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem.
Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
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