João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

  Querido(a) leitor(a)! Nossa nova edição está novamente megaespecial e destaca João Barone, baterista da banda Os Paralamas do Sucesso. Bar...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Sobre o Conto “A Derradeira Manhã”, de Arthur C. Clarke

Foto divulgação
*Por Roberto Fiori

O Dr. William Cross tinha muitos motivos para tentar fugir da realidade e entrar em um mundo à parte, de fantasia e ilusão, através da bebida. Estava impedido por seu superior, o General Potter, de realizar suas pesquisas particulares quanto ao projeto de espaçonaves. Só poderia utilizar a seção de computação daquele centro de pesquisas para projetar mísseis. E, ainda por cima, sua garota, Brenda, havia finalmente partido, deixando-o sozinho.

Os habitantes do planeta Thaar, por outro lado, estavam muito preocupados. Sua Ciência avançada constatara que o Sol explodiria em três dias, e estavam dispostos a evitar que os terrestres perecessem inutilmente. Então, utilizaram suas capacidades mentais e científicas para tirarem os humanos dessa enrascada.

Primeiro, contataram o Dr. Cross. Não era tarefa absolutamente fácil. O núcleo da Terra podia atuar como uma lente, para as ondas de pensamento dos Thaars, assim como um copo cheio-d’água pode ser uma lente para os raios do Sol. A única pessoa na Terra com um mínimo de capacidade para receber pensamentos e enviá-los era o Dr. Cross, e os Thaars o encontraram bem a tempo.

Segundo, os alienígenas, a quinhentos anos-luz de distância, podiam elaborar túneis através do espaço, para que os terrestres pudessem se deslocar instantaneamente da Terra para outros lugares do Universo. E para planetas aprazíveis. Assim, enquanto o Dr. Cross se servia de mais um copo de bebida, no centro de pesquisas a parede em frente a ele começou a se abrir em um túnel no espaço.

William não se sentiu surpreendido com o contato feito em sua mente pelos alienígenas. Pelo contrário, deixaria a alucinação continuar, até se tornar pedante. Os Thaars explicaram a ele toda a situação e esperaram que o cientista passasse as notícias boas e más para o restante do povo terrestre. Afinal, eram realmente boas as novas de que a Humanidade poderia ser salva. Mas dependia tudo de William.

O Dr. Cross achou que a tarefa de salvar os humanos não era tão boa... afinal, quando o Sol explodisse, ninguém mais teria de se preocupar com a ameaça comunista, o perigo da bomba atômica ou o alto custo de vida. William achou a notícia da hecatombe próxima muito bem-vinda. Em Thaar, houve consequências: a borda do cérebro do Supremo Cientista, flutuando como uma massa de coral em seu tanque de nutrientes, amareleceu-se. Isso não acontecia desde a invasão dos Xantil, há 5.000 anos. No mínimo quinze psicólogos sofreram colapsos nervosos e nunca mais foram os mesmos. O computador principal do Colégio de Cosmofísica começou a dividir todos os números em sua memória por zero e estourou todos os seus fusíveis.

William, na Terra, reclamava da inutilidade de se tentar construir algo útil, como espaçonaves, pois tinha de se resignar a projetar foguetes que atuassem como armas. Brenda havia saído da cidade sem deixar um único bilhete de despedida, para completar o dia. E o Dr. Cross, cada vez mais bêbado, era cada vez mais incapaz de pronunciar palavras como “entusiasmo”, longas e complicadas. Mas podia pensar na palavra, o que para ele constituiu importante descoberta científica. Mas talvez ele decaísse até palavras de uma só sílaba... ou não?

Os Thaars, horrorizados com esta revelação, de que William não faria nada para deter a catástrofe sobre a Terra, perguntaram a ele se todos os humanos eram como ele. Ao que ele respondeu, de seu gabinete, pouco antes do túnel espacial se fechar e se transformar novamente na parede de tijolos pintada de branco: “Bem, há pessoas muito piores do que eu, na verdade. Eu não sou tão ruim assim, acredito..,”

William apagou, ao tentar ajustar a combinação para abrir o armário de arquivos, depois de pensar: “Chega dessa alucinação. Já estava me cansando. Vamos ver como vai ser a próxima”. Mas não houve uma próxima. Nos dois dias que se seguiram, o homem passou com ressaca, que deixou seus sentidos um tanto vagos, e no terceiro dia algo o incomodava, bem lá no fundo de sua mente. Ele teria se lembrado, se Brenda não aparecesse, pedindo desculpas.

E não houve um quarto dia, lógico.

Esta é a sinopse do conto “A Derradeira Manhã” (“No Morning After”, originalmente lançado em 1954, por August Derleth), publicada na antologia “O Outro Lado do Céu” (“The Other Side of the Sky”), em 1984, pela Editora Nova Fronteira. Arthur C. Clarke, o gênio que concebeu a obra “2001 — Uma Odisseia no Espaço”(“2001, Space Odissey”), teceu essa trama aparentemente muito simples. Comumente, os contos de Clarke, bem como seus romances, não são aprofundados a ponto de serem necessários amplos conhecimentos de Física ou Matemática para entendê-los. E nisso constitui o verdadeiro desafio do contista ou do romancista no campo da Literatura Fantástica: escrever uma história atraente, que trate de um assunto de interesse de muitos, sem recorrer a conceitos extremamente sofisticados. Ele pode conceber uma história com elementos avançados, como túneis no espaço-tempo, buracos negros ou dobras espaciais, mas se souber como tratar o assunto de modo interessante e simples, terá conseguido seu intento, pelo menos alcançado boa parte de seu objetivo.

Clarke foi um cientista de renome mundial. Escreveu mais de 30 romances e dezenas de contos e trabalhos de não ficção. Venceu o John W. Campbell Memorial Award, os Prêmios Júpiter e Marconi. Duas contribuições para a Humanidade a ele são conferidas: o desenvolvimento de um sistema de radar, na Segunda Guerra Mundial, utilizado na Batalha da Inglaterra; e a chamada Órbita de Clarke, a órbita na qual os satélites geoestacionários são posicionados, no espaço.

Mas... seriam possíveis túneis no espaço, como os que Clarke menciona no seu conto “A Derradeira Manhã”? Sabemos que é matematicamente possível que, ao se entrar em um buraco negro, poder-se-á — se a pessoa sobreviver às ondas de maré letais que destruiriam qualquer objeto que penetre no horizonte de eventos do “black hole” — reaparecer em outro buraco negro, em um outro ponto do Universo, talvez afastado milhões de anos-luz de sua origem. Ou até mesmo poder-se-á emergir em um outro Universo, em uma outra dimensão do Multiverso.

Mas teorias demandam tempo para serem exequíveis. Tempo para a tecnologia amadurecer, tempo para os homens refletirem e realizarem descobertas em campos da Ciência que se materializem na forma de aparelhos, naves, instrumentos, dispositivos, para que a evolução do Homem continue. E da evolução é que, não importa como nós mesmos nos tornemos física e mentalmente no futuro, se darão os grandes passos em busca de algo maior. Esse algo maior pode ter significados materialistas ou espiritualistas para as pessoas. Elas poderão embarcar em viagens além da velocidade da luz, poderão ser convertidas em energia, poderão se transformadas em espíritos. Isso depende do que existe realmente nos amplos domínios do Cosmos, que hoje não concebemos.

Minha opinião é a de que encontraremos uma maneira de viajar por todo o Universo em centenas ou milhares de anos. Alcançaremos outros Universos, em seu devido tempo. A inteligência artificial dos computadores vem avançando a passos largos. Os computadores quânticos estão se desenvolvendo muito e podem fazer a diferença. Eles serão incrivelmente mais rápidos que os supercomputadores de hoje. Eles serão, no que concerne à parte de raciocínio, semelhantes ao cérebro humano. Mas não terão emoções. Terão simulacros de emoções, simularão emoções, na melhor das hipóteses.

Acredito que superaremos o fantasma da autodestruição com que nossa raça sempre esteve acompanhada, desde que a luta física, a batalha campal e a guerra mundial surgiram. Não é lógico que, se chegamos à Era Espacial e à Era do Átomo, hoje, nos destruamos completa ou parcialmente e regressemos, no mínimo, à Idade Média das trevas.

*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem. 

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.
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