Com a Raposa do Cerrado, em 2001, José Leonídio deu o pontapé em sua produção literária. Agora, a memória dos Tupinambás é tema da pentalogia “A Casa dos Deuses”, fruto de 17 anos de pesquisa sobre a história da Guanabara do (Rio de Janeiro) entre os séculos XVI e XX, com o livro Portais da Liberdade.
Uma passagem pela estrada Grajaú-Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e a curiosidade em saber quem manteve os nomes originais em tupi de diversos bairros da cidade, dos acidentes geográficos e das plantas encorajou a pesquisa de diversas literaturas escritas por descobridores, e narradas pelos jesuítas e também por historiadores portugueses dos séculos XVII e XVIII. Depois disso, integrar os relatos de sobreviventes entre os nativos e também informações dos diários de bordo dos navegadores franceses e outros documentos fez José Leonídio se debruçar sobre sua inspiração e substituir boa parte do tempo como médico obstetra em sua viagem desbravadora pela literatura.
Portais da Liberdade corresponde ao século XVIII e é o primeiro livro da série A Casa dos Deuses, narrada como romance e que tem a memória dos nativos tupinambás e a Guanabara como lugar sagrado onde seus deuses, Iara e Tupã, moravam, como fio condutor.
O livro recebeu esse título por causa dos arco-íris que existiam em abundância na Guanabara do século em questão. Segundo o autor, foi por baixo deles, símbolos de continuidade e da permanência, que o navio negreiro trazendo Nla Eiye (Orixá Odé) entrou na Guanabara, mote para muitos capítulos desta história.
Em Portais da Liberdade, destacam-se a vivência do dia a dia em São Sebastião do Rio de Janeiro; a transferência dos valores míticos, místicos e culturais dos tupinambás aos africanos escravizados e sua convivência também com os ciganos; a vida cultural e religiosa da cidade, os engenhos e as festas da botada; a importância da manutenção dos valores tupinambás; a interação cultural e a vida social em torno da geografia e dos seus símbolos que persistem até hoje (Passeio Público, Aguadeiro do Carioca, as Igrejas, o Valongo); a interface entre a Cultura Tupinambá e a Cultura Iorubá, bem como a influência na dança e na música dos ciganos. A sensualidade das negras, mulatas e ciganas, e sua influência no modus vivendi da cidade.
Adepto do estilo literário “realismo mágico”, José Leonídio mistura realidade e ficção, com a intenção de colaborar para o leitor entender suas origens e a importância de manter os valores étnicos, ecológicos e também da diversidade que compõe os moradores da Guanabara, filhos de Iara.
Antes de escrever o primeiro volume da pentalogia, José Leonídio publicou A Raposa do Cerrado, sobre a luta dos que vivem no semiárido nordestino, o cotidiano das cidades do sertão de Canudos. Entre outros, abordou os valores do sertanejo, sua religiosidade, diversidade cultural e coronelismo da política interiorana. As paixões aquecidas pelo sol e a dura vida de um povo que nasce, cresce e vive por si só, como se travasse uma luta eterna entre o bem e o mal, rendeu-lhe Menção Especial da União Brasileira de Escritores e Prêmio Érico Veríssimo, ambas em 2001.
O autor tem previsão de publicação de Os guardiães, segundo livro da pentalogia - já concluído - ainda em 2019. Este romance, ambientado no século XIX, fundamenta-se na derrubada da Floresta da Tijuca pelos ingleses, para o plantio do café e a defesa intransigente de Ângelo e dos defensores da cultura Tupinambá na sua preservação. O leitor vai saber, por exemplo, como a epidemia de febre amarela que acometeu a cidade é associada ao agravo feito pelos ingleses a São Benedito na Procissão de Quarta-feira de Cinzas, tendo os moradores deixado o “Santo Pretinho” no adro da Igreja de Santo Antônio.
“A escrita destes volumes iniciou-se depois de alguns anos de pesquisa, inclusive com viagens a França e a Portugal”, conta José Leonídio, para quem foi necessário também conhecer os valores socioculturais das diversas etnias que compunham os africanos escravizados, ciganos, judeus, mouros e suas interações com a cultura nativa dos Tupinambás, presentes até hoje entre nós através da transmissão oral.
A medicina pela literatura
José Leonídio é médico-obstetra e hoje professor adjunto aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o que lhe permite dedicar-se um pouco mais à sua produção literária.
Deu os primeiros passos nas letras com enredos para escolas de sambas e blocos, junto aos Grêmio Recreativo Escola de Samba e à Portela.
Em 2001, publicou seu primeiro romance, “A Raposa do Cerrado”, e anos depois, em 2014, foi aprovado pela comissão de Cultura na Secretária de Cultura do Município do Rio de Janeiro com os projetos literários Portais da Liberdade e Guardiães (dois dos livros da pentalogia A Casa dos Deuses) para captação de recursos a ser publicado nas comemorações do RIO 500 anos.
Uma passagem pela estrada Grajaú-Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e a curiosidade em saber quem manteve os nomes originais em tupi de diversos bairros da cidade, dos acidentes geográficos e das plantas encorajou a pesquisa de diversas literaturas escritas por descobridores, e narradas pelos jesuítas e também por historiadores portugueses dos séculos XVII e XVIII. Depois disso, integrar os relatos de sobreviventes entre os nativos e também informações dos diários de bordo dos navegadores franceses e outros documentos fez José Leonídio se debruçar sobre sua inspiração e substituir boa parte do tempo como médico obstetra em sua viagem desbravadora pela literatura.
Portais da Liberdade corresponde ao século XVIII e é o primeiro livro da série A Casa dos Deuses, narrada como romance e que tem a memória dos nativos tupinambás e a Guanabara como lugar sagrado onde seus deuses, Iara e Tupã, moravam, como fio condutor.
O livro recebeu esse título por causa dos arco-íris que existiam em abundância na Guanabara do século em questão. Segundo o autor, foi por baixo deles, símbolos de continuidade e da permanência, que o navio negreiro trazendo Nla Eiye (Orixá Odé) entrou na Guanabara, mote para muitos capítulos desta história.
Em Portais da Liberdade, destacam-se a vivência do dia a dia em São Sebastião do Rio de Janeiro; a transferência dos valores míticos, místicos e culturais dos tupinambás aos africanos escravizados e sua convivência também com os ciganos; a vida cultural e religiosa da cidade, os engenhos e as festas da botada; a importância da manutenção dos valores tupinambás; a interação cultural e a vida social em torno da geografia e dos seus símbolos que persistem até hoje (Passeio Público, Aguadeiro do Carioca, as Igrejas, o Valongo); a interface entre a Cultura Tupinambá e a Cultura Iorubá, bem como a influência na dança e na música dos ciganos. A sensualidade das negras, mulatas e ciganas, e sua influência no modus vivendi da cidade.
Adepto do estilo literário “realismo mágico”, José Leonídio mistura realidade e ficção, com a intenção de colaborar para o leitor entender suas origens e a importância de manter os valores étnicos, ecológicos e também da diversidade que compõe os moradores da Guanabara, filhos de Iara.
Antes de escrever o primeiro volume da pentalogia, José Leonídio publicou A Raposa do Cerrado, sobre a luta dos que vivem no semiárido nordestino, o cotidiano das cidades do sertão de Canudos. Entre outros, abordou os valores do sertanejo, sua religiosidade, diversidade cultural e coronelismo da política interiorana. As paixões aquecidas pelo sol e a dura vida de um povo que nasce, cresce e vive por si só, como se travasse uma luta eterna entre o bem e o mal, rendeu-lhe Menção Especial da União Brasileira de Escritores e Prêmio Érico Veríssimo, ambas em 2001.
O autor tem previsão de publicação de Os guardiães, segundo livro da pentalogia - já concluído - ainda em 2019. Este romance, ambientado no século XIX, fundamenta-se na derrubada da Floresta da Tijuca pelos ingleses, para o plantio do café e a defesa intransigente de Ângelo e dos defensores da cultura Tupinambá na sua preservação. O leitor vai saber, por exemplo, como a epidemia de febre amarela que acometeu a cidade é associada ao agravo feito pelos ingleses a São Benedito na Procissão de Quarta-feira de Cinzas, tendo os moradores deixado o “Santo Pretinho” no adro da Igreja de Santo Antônio.
“A escrita destes volumes iniciou-se depois de alguns anos de pesquisa, inclusive com viagens a França e a Portugal”, conta José Leonídio, para quem foi necessário também conhecer os valores socioculturais das diversas etnias que compunham os africanos escravizados, ciganos, judeus, mouros e suas interações com a cultura nativa dos Tupinambás, presentes até hoje entre nós através da transmissão oral.
A medicina pela literatura
José Leonídio é médico-obstetra e hoje professor adjunto aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o que lhe permite dedicar-se um pouco mais à sua produção literária.
Deu os primeiros passos nas letras com enredos para escolas de sambas e blocos, junto aos Grêmio Recreativo Escola de Samba e à Portela.
Em 2001, publicou seu primeiro romance, “A Raposa do Cerrado”, e anos depois, em 2014, foi aprovado pela comissão de Cultura na Secretária de Cultura do Município do Rio de Janeiro com os projetos literários Portais da Liberdade e Guardiães (dois dos livros da pentalogia A Casa dos Deuses) para captação de recursos a ser publicado nas comemorações do RIO 500 anos.
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