O Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial realizou, na casa sede do Programa Círculos de Leitura em Higienópolis, o lançamento do livro “Círculos de Leitura – A Arte do Encontro”, celebrando o sucesso do programa, ao longo de seus 18 anos de existência.
A obra organizada por Catalina Pagés e Maria Aparecida Lamas, respectivamente fundadora e coordenadora pedagógica do programa Círculos de Leitura, coroa um esforço que já extrapolou as fronteiras de São Paulo, e cria profundas raízes em outros estados brasileiros com o objetivo de formar leitores desde as idades mais tenras e também jovens multiplicadores, responsáveis por replicar a metodologia com seus pares, desenvolvendo assim o protagonismo juvenil.
Os multiplicadores dos Círculos de Leitura vão além dos muros da escola e viajam para outras cidades e estados, aos povoados mais distantes, para despertar em outros jovens o encantamento pela leitura.
Para se ter uma ideia do alcance do programa, imagine jovens de escolas públicas, entre 14 e 18 anos lendo clássicos da literatura nacional e mundial, que abarcam desde O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint Exupéry, Dom Casmurro, de Machado de Assis, chegando a Noites Brancas, de Dostoiévski.
Sim, aos poucos, com método e tudo a seu tempo, jovens reúnem-se semanalmente em suas escolas, para ler e discutir, discutir e pensar coletivamente, num movimento em que os participantes crescem com a literatura.
Os multiplicadores de São Paulo, e também de outros estados contam com grupos que ocorrem na Casinha, como é carinhosamente conhecida a sede dos Círculos de Leitura, em Higienópolis.
“É essencial criar um ambiente acolhedor no qual as pessoas, sentadas em círculo, possam olhar e ouvir umas às outras. O que se observa no grupo é a circulação de uma energia que se transforma em sinergia”, afirmou a coordenadora geral dos Círculos de Leituras, Catalina Pagés.
Ao longo de seus 18 anos, os Círculos de Leituras têm demonstrado que é possível desenvolver nos alunos da rede pública de ensino a capacidade de ler, interpretar, discutir e produzir textos, um dos principais aspectos da formação da cidadania. Nada mais oportuno num momento em que se discute o desempenho escolar no Brasil, especialmente na leitura, que vem caindo a cada ano.
Números de uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro mostram que a leitura não é um hábito entre os brasileiros. De acordo com os dados, 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro.
Tal situação acarreta uma baixa habilidade linguística entre os alunos, fato comprovado pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). Segundo os últimos resultados divulgados em 2016, o Brasil está na 59ª posição na área de leitura entre os 70 países avaliados.
Outro resultado que nos coloca em um patamar insatisfatório são os dados oferecidos pelo Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF), divulgados em julho deste ano. A pesquisa revela que 29% da população brasileira se encontra na faixa de analfabetismo funcional.
Dentre as pessoas com ensino médio, 12% estão na faixa de domínio rudimentar de leitura. Essas proporções não têm variado significativamente desde 2001.
Diferencial - O Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial assumiu o compromisso de ajudar a mudar essa triste realidade. Os alunos que participam do programa leem, por ano, quatro grandes obras literárias e quatro contos. Um volume de leitura muito acima da média nacional, 2,43 livros lidos por ano.
Maria Aparecida Lamas explica que o programa prevê a participação dos jovens nos anos finais do Ensino Fundamental II e do primeiro ao terceiro ano do ensino médio. Durante esse período os jovens leem obras de autores nacionais e estrangeiros.
O repertório abraça desde obras contemporâneas, como Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach, e O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint- Exupéry, chegando a autores clássicos como Machado Assis, Shakespeare, Dostoiévski e Tolstoi, para citar alguns exemplos.
Além de São Paulo, outros estados já adotaram o programa, a exemplo do Ceará, que incluiu os Círculos de Leitura nas atividades cotidianas das escolas e tem conseguido excelentes resultados. Atualmente, nesse estado, 125 escolas de 74 municípios desenvolvem o programa. Bahia, Minas Gerais e Pernambuco também aderiram à ação com seus estudantes.
Em 2017, como reconhecimento pelo seu trabalho, o programa Círculos de Leitura também foi premiado pelo Instituto Pró-Livro, na categoria organizações sociais.
Site do instituto: braudel.org.br
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