João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

  Querido(a) leitor(a)! Nossa nova edição está novamente megaespecial e destaca João Barone, baterista da banda Os Paralamas do Sucesso. Bar...

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Como Escapar de uma Cela Inexpugnável?, sobre o conto A Cela de Bronze (The Brazen Locked Room)

Ilha de Alcatraz: situada na Baía de São Francisco, Califórnia, abriga hoje um ponto turístico, uma prisão desativada em 1963. Durante 29 anos de sua existência, a prisão de Alcatraz jamais registrou uma única fuga bem-sucedida. Os que tentaram escapar, ou foram mortos, ou morreram afogados na baía. Foi realmente uma prisão inexpugnável.
*Por Roberto Fiori

Você faria um trato com um demônio, sendo que teria de se submeter a um teste “fácil”, ao fim de seus dez anos de prazeres terrenos e recompensas extraordinárias que o demônio lhe ofereceria, para então, se passasse no teste, ser “elevado” à condição de demônio?

Ah, diria você, o demônio disse que o teste é fácil. Vou aproveitar meus dez anos de regalias e, depois de passar na prova, irei torturar alguns bilhões de almas condenadas, no Inferno. Mas você não contava com a “facilidade” do teste. Ao fim dos dez anos, você acorda em uma bela manhã em uma masmorra de bronze, tendo adquirido poderes sobrenaturais, após ter pensado, durante o tempo em que aproveitou a vida, sobre os tais poderes que iria ganhar, dos quais você foi informado a respeito pelo demônio, anos atrás.

A prova é escapar de tal cela. Ela é inexpugnável: não há soldas, rebites, nada para tornar a fuga possível. São quatro paredes, um teto e o chão absolutamente lisos e muito sólidos. Nas três dimensões em que possa movimentar-se, passar pelas paredes é impossível. As paredes são construídas com a espessura de dois palmos de bronze maciço. Você terá de sair da prisão usando unicamente seus poderes e a desmaterialização e a rematerialização em outro lugar não é um deles, diz o demônio, esperando ao seu lado que passasse a meia hora que você ainda tinha para poder escapar, antes de ser convertido em uma alma condenada ao Inferno.

Ora bolas, você pensa, e se eu me movimentar na 4ª dimensão, para o instante anterior ao assinar o contrato que selei com sangue, aceitando a oferta do demônio?

Bem, a 4ª dimensão é o tempo. Tão palpável quanto o espaço, em que se pode movimentar para a frente, para trás, para cima e para baixo. Assim afirmou Albert Einstein, em sua Teoria da Relatividade. E isso é tão invariável quanto 1 + 1 ser igual a 2. O demônio, com a sua fuga, não tem como condená-lo ao Inferno. E ele desaparece da sua frente, com um uivo aterrador, para sofrer as consequências de perder uma alma para o Inferno...

Esta é a sinopse do conto A Cela de Bronze (The Brazen Locked Room), uma reedição publicada na antologia A Terra Tem Espaço (Earth is Room Enough) pelo mestre da Ficção Científica, Isaac Asimov. Originalmente, o conto havia sido escrito com o título Gimmicks Three, na revista The Magazine of Fantasy and Science Fiction. Este título pode ser traduzido para o português como Três Artimanhas, onde Asimov se refere a três truques: o mistério do quarto trancado; a viagem no tempo e o pacto com o diabo.

Os mais interessantes problemas lógicos e paradoxos foram enunciados por milhares de anos, desde a Grécia Antiga. Escapar da cela de bronze, inexpugnável, constituiria, sem dúvida, um enigma respeitável.

Zeno de Eleia complicou o problema “Quem ganharia uma corrida entre um atleta correndo e uma tartaruga também em movimento?” É um paradoxo que aparentemente daria a vitória à tartaruga. Comece a prova com a tartaruga a muitos metros de distância do atleta, para que não se facilite as coisas para o corredor e, quando o homem alcançasse o ponto A, em que o animal se encontrava no início da prova, ele já teria se deslocado para um ponto B, mais adiante. E quando o maratonista atingisse B, a tartaruga já teria alcançado um outro ponto C, mais adiante ainda. E assim, sucessivamente, de tal forma que o atleta nunca alcançaria o animal. Zeno considerou que a soma dos intervalos infinitos levaria ao infinito, mas a variável tempo não foi considerada. Devido a ela, os sucessivos infinitos levam a uma solução finita. E o maratonista alcançará a tartaruga, ultrapassando-a. Este paradoxo, embora com falhas, contribuiu para refletirmos sobre a noção de referencial e movimento, na Física, e sobre a noção de infinitos.

Outro paradoxo, envolvendo o campo da autorreferência, foi enunciado por Ebules de Mileto, no Século IV a.C. Formulava a questão: “Um homem diz que está mentindo. Isso é verdade ou mentira?”. Se o homem fala a verdade, então o que ele diz é mentira, necessariamente. Se o que ele afirma é mentira, então estará falando a verdade. Neste caso, o que entendemos como verdade, resulta em mentira, e vice-versa.
A partir da afirmação de Ebulides — “Esta afirmação é falsa” —, o matemático Kurt Gödel demonstrou o Teorema da Incompletude, na lógica moderna. Na conversão do Paradoxo de Ebulides, conhecido como “Paradoxo do Mentiroso”, em linguagem aritmética, Gödel enuncia: “Esta afirmação não é demonstrável”. Sendo um axioma — princípio matemático que não necessita de demonstração para ser verdadeiro — sido construído com base na afirmação de Kurt Gödel e sendo falso, ele é então falso e demonstrável, e, portanto, incoerente. Caso o axioma seja verdadeiro, ele será verdadeiro e não demonstrável, sendo assim, incompleto. Assim, qualquer teoria construída com base na afirmação de Gödel será incompleta. Este é o Paradoxo do Mentiroso formulado mais de dois mil anos atrás reestruturado na Matemática moderna.

Mas há um terceiro paradoxo, que não se enquadra na Lógica ou na Matemática. É o Paradoxo do Avô, apresentado pelo escritor de Ficção Científica René Barjavel, em sua obra Le Voyageur Imprudent, de 1943. Ele fala: “Se eu viajar para trás no tempo, e matar meu avô antes de ele ter conhecido minha avó, não poderei ter nascido, e consequentemente, não poderia tê-lo matado. Então, eu poderia ter nascido. E o problema continua. Eu poderei novamente viajar para o passado para assassiná-lo, mas não poderia matá-lo, pela lógica. Mas se eu quiser, pela minha vontade, poderia matá-lo...

Este é o Paradoxo do Avô. Uma impossibilidade de eventos que acontecem desta forma descrita. Mas, se o tempo é imutável, uma linha contínua sem desvios ou bifurcações, não seria possível de forma alguma matar o avô. Ao contrário, se houver uma ou mais linhas alternativas temporais, é possível que o assassino mate o avô percorrendo um desvio no tempo, em um Universo Paralelo em que, ao matar o avô, o neto jamais nascerá.

*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem. 

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.

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