Nesta entrevista, o prof. Roberto Melo Mesquita, um dos maiores gramáticos do País, fala sobre seu trabalho e sobre sua trajetória acadêmica.
Entrevista para a revista Conexão Literatura.
Entrevista para a revista Conexão Literatura.
O Prof. Sérgio Simka me pede para que eu conceda uma entrevista para a revista Conexão Literatura. Sinto-me muito honrado com o convite, pois que tenho muito apreço e admiração pelo seu trabalho sério e de tão grande qualidade.
Fale-nos sobre você.
ENTREVISTA:
Por que resolveu seguir a carreira docente? Foi influenciado por alguém?
Quando ainda estudante, dediquei-me a dar aulas de Português no Colégio São Judas Tadeu. Sem dúvidas, as minhas perspectivas estavam traçadas. Ao concluir a faculdade, trabalhei como professor no Colégio São Judas Tadeu, Colégio Nossa Senhora do Carmo, Colégio Arquidiocesano, Ginásio Estadual de Vila Ré e outros. Foi uma época muito boa e havia uma interação grande com os alunos.
Você é autor de mais de 70 obras. Qual delas lhe deu maior satisfação? E qual é a que faz mais sucesso? (de vendas, de público)
A partir da década de 70, comecei a trabalhar na Editora Saraiva como redator, e, pouco tempo depois, tive a oportunidade de colocar no papel os meus conhecimentos da Língua Portuguesa e a experiência que tinha da sala de aula. Várias obras foram publicadas, pois que o mercado de trabalho era bastante favorável.
Na década de 90, por incentivo familiar, retornei aos bancos da universidade para fazer o mestrado. Esse retorno foi um momento importante, prazeroso em minha vida. Desde então, tenho me dedicado à universidade, fazendo parte de dois grupos de pesquisa: Historiografia da Língua Portuguesa (GPeHLP) e Educação Linguística e Ensino de Língua Portuguesa (GPEDLINP), ambos do IP-PUC/SP.
Duas obras publicadas pela Editora Saraiva me dão muita satisfação. Uma, a Gramática Pedagógica, cuja primeira edição foi lançada em 1980, já se encontra na 31ª edição. A outra, a Gramática da Língua Portuguesa, que teve sua 1ª edição em 1994 e está na 11ª edição.
Qual a sua opinião sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor no Brasil desde 1º de janeiro de 2016?
Como língua de cultura, a Língua Portuguesa é a expressão maior de nossa cidadania. Assim, penso que devemos celebrar o Acordo Ortográfico porque ele tem a pretensão de defender a unidade essencial da Língua Portuguesa e o aumento de seu prestígio internacional, pondo um ponto final na existência de duas normas ortográficas divergentes e ambas oficiais: uma no Brasil e outra nos restantes países de Língua Portuguesa.
Aliás, no livro O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa na prática, que lançamos como coautor pela WAK Editora (http://wakeditora.com.br/loja/product_info.php?cPath=27&products_id=716), abordamos muito as mudanças que ocorreram na ortografia.
Como analisa a questão de leitura no país?
A leitura é um bem permanente que o ser humano tem. É uma porta aberta para o conhecimento, para o progresso, para a justiça entre as pessoas. A leitura é muito mais que a simples decifração de um código. Pela leitura se desenvolve e exercita o pensamento crítico. Pela leitura se desvendam as artimanhas dos discursos, percebe-se o que está por trás delas, nas entrelinhas, e se se está capacitado para a leitura do próprio mundo. Hoje se lê muito no Brasil, mas é preciso que se leia mais e mais e melhor!
O que tem a dizer a quem pretende ser professor de português?
A escola de hoje já não tem o monopólio do saber. A escola hoje tem a função de ensinar, mas ensinar nos dias atuais significa ajudar os alunos a desenvolver as suas capacidades intelectuais e a sua capacidade reflexiva em face da complexidade do mundo moderno.
E o candidato a bom professor de português hoje tem que saber que vai ter de ensinar, mas de forma a despertar no aprendiz o gosto pelo aprender. E esse gosto é traduzido em organizar os conteúdos da disciplina levando em conta as características dos alunos. O professor hoje não pode desconhecer que os aprendizes vêm à escola com uma variedade muito grande de saberes que ele encontrou fora da escola.
*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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