João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

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quinta-feira, 3 de maio de 2018

Marcos Kirst e o livro Eu queria que você soubesse, por Sérgio Simka e Cida Simka

Marcos Kirst - Crédito da foto: Vanessa Sousa
Marcos Kirst nasceu em Ijuí, Rio Grande do Sul. Vive na capital paulista desde 1974.
É formado em Administração de Empresas, com especialização em Comunicação e Marketing Cultural. Desde 1978 atua na área editorial, tendo trabalhado em empresas como Abril Cultural e Prêmio Editorial. Foi diretor de Marketing e Comunicação da Câmara Brasileira do Livro (2003 a 2007). É superintendente de Projetos e Programas Culturais da SP Leituras – Associação Paulista de Bibliotecas e Leitura.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre seu livro.

Antes de falar sobre meu livro, gostaria de dizer que embora esse seja o primeiro romance publicado, sempre escrevi profissionalmente.  Sou administrador de empresas e editor. Trabalhei durante anos na área editorial, criando projetos, escrevendo, revisando, editando, vivendo todas as etapas da produção de centenas de livros e publicações em geral.
Confesso que demorei um pouco (demais talvez) para ousar entrar na área da literatura. Durante anos fui fazendo experiências para encontrar a melhor forma de me expressar. Aos poucos fui me aproximando do romance, um gênero que me deu mais liberdade criativa. Claro que durante este processo nunca deixei de ser um curioso aprendiz e um leitor apaixonado, duas coisas que continuarei sendo.
Eu queria que você soubesse demorou quase seis anos para ficar pronto e ser publicado. Passou por muitas revisões, cortes, alterações. Foram inúmeras versões. Gosto de escrever e reescrever, de buscar o ritmo e a cumplicidade das palavras. Na verdade, a gente busca seduzir leitores desconhecidos por meio das ideias e palavras. Esse exercício de sedução à distância é a melhor parte do ofício. 
Este romance trata do confronto íntimo de um homem de meia-idade que de certa forma tornou-se prisioneiro de um amor adolescente idealizado. Também trata dos medos e das fugas da realidade, dos traumas, da culpa de erros e pecados do passado, das loucuras dos anos 1960 e 70, das sombras de uma ditadura que marcou a alma brasileira e deixou profundas cicatrizes. Queria que fosse o exorcismo de um passado que deveria ser enterrado mas parece renascer ameaçadoramente no nosso futuro.

Como analisa a questão da leitura no país?

Os índices de leitura no Brasil melhoraram nos últimos anos, mas ainda revelam o descaso de todos os níveis de governo com a educação e a formação cultural dos brasileiros. Tenho a impressão particular de que as pessoas se tornam leitoras por esforço pessoal quando por alguma razão descobrem a potência da leitura e da escrita em suas vidas. Em geral, são influenciadas por outros leitores, como familiares, professores e amigos que já se apropriaram da leitura como meio de transformação. É certo que pais leitores criam e educam filhos leitores. O papel das mães – como sempre – também é extraordinário nesta questão, seja pelo exemplo ou pelo incentivo da prática leitora.

O que tem lido ultimamente?

Leio bastante e procuro variar entre autores nacionais e estrangeiros, entre diversos gêneros. Gosto da literatura brasileira contemporânea, mas também procuro os clássicos para obter reforço na base. Acabei de reler Lolita, de Vladimir Nabokov, um livro totalmente diferente da minha primeira leitura na juventude. Como todo mundo, leio muito na internet que, na minha opinião, e apesar do lixo circulante, tem contribuído para aumentar leitores e revelar talentos. Quem tem olhar crítico, consegue garimpar boas pedras.

Quais os seus próximos projetos?


Tenho um projeto que, na verdade, é bem antigo. Trata de um grupo de jovens que formam uma irmandade secreta para dar conta de uma missão aparentemente fácil deixada pelo professor de um curso de escrita obcecado pelo anonimato. Foi escrito há mais de uma década, mas não saiu da gaveta. Vou manter a ideia central, mas será totalmente reformulado. Acho que vai ficar melhor.

*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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