Flavio Botton - Foto divulgação |
Flavio Botton, editor-chefe da Editora e Revista Acadêmica Todas as Musas, é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo, professor de Literatura Portuguesa, Teoria Literária e História da Arte. É autor de Que Enigma Havia em Teu Seio: Ensaios sobre artes plásticas e literatura e de Um homem sem medo não morre: O Motim, de Miguel Franco, além dos prefácios dos títulos Mãe, de José de Alencar; Gonzaga ou A Revolução de Minas, de Castro Alves e de O Motim, de Miguel Franco para a Série “Teatro em Língua Portuguesa” da Editora Todas as Musas. Organizou, junto com Fernanda Verdasca Botton, a coletânea O Teatro de Bernardo Santareno, que reuniu trabalhos de pesquisadores do Brasil e de Portugal sobre as peças do dramaturgo português.
ENTREVISTA:
Você é o editor da Editora Todas as Musas. Fale-nos sobre ela. Como é o seu trabalho? Quem quiser publicar por sua editora quais os procedimentos a serem adotados?
Sou editor-chefe da Editora e Revista Acadêmica Todas as Musas há 10 anos e professor de Literatura Portuguesa e História da Arte há 15.
A Editora Todas as Musas nasceu da revista acadêmica com o intuito de dar vazão a dois tipos de produções realizadas por professores: a acadêmica e a ficcional. A única restrição de nossa linha editorial é que o autor precisa ser professor ou pesquisador e ter o desejo de publicar seu trabalho de pesquisa, de mestrado, doutorado, especialização etc., ou trabalhos ficcionais, como poesia, conto ou romance. Quem se identificar com esse perfil, pode enviar o material para o e-mail todasasmusas@gmail.com.
A nossa revista acadêmica já está indo para o seu vigésimo volume e tem todo o conteúdo gratuito na internet pelo endereço www.todasasmusas.org.
A sua editora irá lançar um livro de um dramaturgo português chamado Miguel Franco, O Motim, cuja peça foi objeto de seu doutorado. Fale-nos sobre a peça e o autor.
ENTREVISTA:
Você é o editor da Editora Todas as Musas. Fale-nos sobre ela. Como é o seu trabalho? Quem quiser publicar por sua editora quais os procedimentos a serem adotados?
Sou editor-chefe da Editora e Revista Acadêmica Todas as Musas há 10 anos e professor de Literatura Portuguesa e História da Arte há 15.
A Editora Todas as Musas nasceu da revista acadêmica com o intuito de dar vazão a dois tipos de produções realizadas por professores: a acadêmica e a ficcional. A única restrição de nossa linha editorial é que o autor precisa ser professor ou pesquisador e ter o desejo de publicar seu trabalho de pesquisa, de mestrado, doutorado, especialização etc., ou trabalhos ficcionais, como poesia, conto ou romance. Quem se identificar com esse perfil, pode enviar o material para o e-mail todasasmusas@gmail.com.
A nossa revista acadêmica já está indo para o seu vigésimo volume e tem todo o conteúdo gratuito na internet pelo endereço www.todasasmusas.org.
A sua editora irá lançar um livro de um dramaturgo português chamado Miguel Franco, O Motim, cuja peça foi objeto de seu doutorado. Fale-nos sobre a peça e o autor.
Conhecia Miguel Franco dos livros de história do teatro português e, por um feliz acaso, tomei contato com a filha dele, a artista plástica Maria João Franco, há alguns anos. Nessa época, interessei-me muito em estudar as obras do dramaturgo, que atuou em um contexto extremamente difícil para todos os artistas, mas em especial para os que trabalhavam com teatro.
Miguel Franco teve uma peça representada em um dos principais teatros de Lisboa na época da ditadura salazarista. A peça tratava dos eventos históricos ocorridos após o levante do povo da cidade do Porto contra a criação da Companhia dos Vinhos do Alto Douro, criada pelo ministro de D. José, o Marquês de Pombal em 1756.
Após 4 dias de apresentações, a polícia política invadiu o teatro, confiscou e rasgou os cartazes, além de intimar os bilheteiros a suspenderem as vendas.
Apesar de tratar de um evento de um passado muito distante, a peça causou grande impacto nos homens da ditadura e sua proibição foi extremamente sentida pela sociedade portuguesa, que encaminhou ao Ministro da Educação um abaixo-assinado com o nome de mais de cem autores e intelectuais pedindo a abolição das restrições que pesavam sobre o teatro. A proibição da peça acabou sendo mais um motivo de união da resistência ao totalitarismo salazarista.
Podemos dizer ainda, não sem certa tristeza, que o entrecho da peça é extremamente atual, dados os panoramas políticos do Brasil e de outras nações.
Como analisa a questão dos e-books?
Parece-me que o e-book passará pelos mesmos estágios que outras tecnologias já passaram. A princípio, vive-se um momento alarmista que diz, por exemplo, que, com a chegada da televisão, o rádio morrerá. Porém, todos continuamos convivendo com o rádio até hoje. Entendo que está se passando o mesmo quando ouvimos dizer que o e-book acabará com o livro impresso. Passado esse primeiro momento, começamos a perceber que há espaço para os dois tipos de livros e que eles podem conviver pacificamente.
Talvez o e-book, ou fabricantes de aparelhos, ainda tenham que responder sobre a sua viabilidade ecológica, ou seja, se não estamos produzindo lixo eletrônico em demasia e o que estamos fazendo com as baterias descartadas desses aparelhos.
Quais são suas leituras preferidas?
Quando me faço essa pergunta, tenho dado a mesma resposta há mais de 30 anos. As duas leituras que mais me impressionaram até hoje foram A demanda do Santo Graal (recomendo a edição do meu professor, Heitor Megale) e Grande Sertão: Veredas, livro que reli há pouco para acompanhar a minha primeira visita a cidade de Cordisburgo, terra natal de Rosa.
Por outro lado, tenho encontrado, no trabalho da editora, professores que são grandes escritores em vários gêneros e estilos. Estou muito envolvido pela poesia de MDG Ferraz, que já publicou 4 livros conosco, sendo o mais recente o Poemas in Azulis e pelos romances do Prof. Dr. Milan Trsic, em especial, pelo surpreendente Doze Anos de Solidão. Além do gênero que tem nos dado muito prazer que é o conto. Recomendo muito a leitura dos Escritos do Sobrado Morto, do Prof. Dr. Manoel Guaranha, trazendo contos que fazem um intertexto realmente brilhante com textos bíblicos e ainda a leitura do gênero que sempre agrada a muitos leitores, o conto de suspense, de Laura Figueiredo, que estará lançando muito em breve O Mistério de D. Amélia e Outros contos. O conto me fez descobrir em meu pai um grande contador de histórias e, há alguns anos, editamos o primeiro livro dele, O Caso do Pacu Voador, cuja publicação foi de especial alegria.
Recomendo muito a leitura desses títulos divertidíssimos para todos os leitores.
Que conselho pode dar a um escritor principiante?
Não há muito de novo a dizer, escritores precisam ser leitores vorazes e precisam exercitar muito a escrita. Recentemente, soube de uma pesquisa na área de artes plásticas que dizia ser saudável para um artista copiar os trabalhos de outros artistas. Os pintores já sabiam disso desde sempre (Rubens e Rafael copiaram Leonardo da Vinci). Talvez seja um bom exercício para escritores também. Saber identificar a escrita de seus ídolos e copiá-los (como exercício, não como finalidade). Uma ideia muito boa é acompanhar as oficinas de escrita criativa do professor Sérgio Simka!
Quais os próximos projetos da editora?
Temos excelentes títulos em preparação. Há uma coletânea de estudos sobre os X-Men, grupo de heróis da Marvel, realizada por um grupo de pesquisadores de várias áreas, como História, Comunicação, Ciências Sociais e outras. Há um dicionário da obra de Paulina Chiziane, escritora moçambicana imperdível. Há mais um trabalho sobre o dramaturgo Miguel Franco em fase final de editoração. Estamos preparando também novos títulos para a nossa Série Teatro em Língua Portuguesa, que publica peças teatrais precedidas de textos explicativos de professores pesquisadores da literatura. Quem desejar acompanhar os próximos lançamentos da editora, pode nos seguir no Facebook (procure por Editora e Revista Acadêmica Todas as Musas) ou no Instagram (Editora Todas as Musas). Por algum desses canais ou fazendo parte de nossa mailing list, basta escrever para todasasmusas@gmail.com.
*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
Miguel Franco teve uma peça representada em um dos principais teatros de Lisboa na época da ditadura salazarista. A peça tratava dos eventos históricos ocorridos após o levante do povo da cidade do Porto contra a criação da Companhia dos Vinhos do Alto Douro, criada pelo ministro de D. José, o Marquês de Pombal em 1756.
Após 4 dias de apresentações, a polícia política invadiu o teatro, confiscou e rasgou os cartazes, além de intimar os bilheteiros a suspenderem as vendas.
Apesar de tratar de um evento de um passado muito distante, a peça causou grande impacto nos homens da ditadura e sua proibição foi extremamente sentida pela sociedade portuguesa, que encaminhou ao Ministro da Educação um abaixo-assinado com o nome de mais de cem autores e intelectuais pedindo a abolição das restrições que pesavam sobre o teatro. A proibição da peça acabou sendo mais um motivo de união da resistência ao totalitarismo salazarista.
Podemos dizer ainda, não sem certa tristeza, que o entrecho da peça é extremamente atual, dados os panoramas políticos do Brasil e de outras nações.
Como analisa a questão dos e-books?
Parece-me que o e-book passará pelos mesmos estágios que outras tecnologias já passaram. A princípio, vive-se um momento alarmista que diz, por exemplo, que, com a chegada da televisão, o rádio morrerá. Porém, todos continuamos convivendo com o rádio até hoje. Entendo que está se passando o mesmo quando ouvimos dizer que o e-book acabará com o livro impresso. Passado esse primeiro momento, começamos a perceber que há espaço para os dois tipos de livros e que eles podem conviver pacificamente.
Talvez o e-book, ou fabricantes de aparelhos, ainda tenham que responder sobre a sua viabilidade ecológica, ou seja, se não estamos produzindo lixo eletrônico em demasia e o que estamos fazendo com as baterias descartadas desses aparelhos.
Quais são suas leituras preferidas?
Quando me faço essa pergunta, tenho dado a mesma resposta há mais de 30 anos. As duas leituras que mais me impressionaram até hoje foram A demanda do Santo Graal (recomendo a edição do meu professor, Heitor Megale) e Grande Sertão: Veredas, livro que reli há pouco para acompanhar a minha primeira visita a cidade de Cordisburgo, terra natal de Rosa.
Por outro lado, tenho encontrado, no trabalho da editora, professores que são grandes escritores em vários gêneros e estilos. Estou muito envolvido pela poesia de MDG Ferraz, que já publicou 4 livros conosco, sendo o mais recente o Poemas in Azulis e pelos romances do Prof. Dr. Milan Trsic, em especial, pelo surpreendente Doze Anos de Solidão. Além do gênero que tem nos dado muito prazer que é o conto. Recomendo muito a leitura dos Escritos do Sobrado Morto, do Prof. Dr. Manoel Guaranha, trazendo contos que fazem um intertexto realmente brilhante com textos bíblicos e ainda a leitura do gênero que sempre agrada a muitos leitores, o conto de suspense, de Laura Figueiredo, que estará lançando muito em breve O Mistério de D. Amélia e Outros contos. O conto me fez descobrir em meu pai um grande contador de histórias e, há alguns anos, editamos o primeiro livro dele, O Caso do Pacu Voador, cuja publicação foi de especial alegria.
Recomendo muito a leitura desses títulos divertidíssimos para todos os leitores.
Que conselho pode dar a um escritor principiante?
Não há muito de novo a dizer, escritores precisam ser leitores vorazes e precisam exercitar muito a escrita. Recentemente, soube de uma pesquisa na área de artes plásticas que dizia ser saudável para um artista copiar os trabalhos de outros artistas. Os pintores já sabiam disso desde sempre (Rubens e Rafael copiaram Leonardo da Vinci). Talvez seja um bom exercício para escritores também. Saber identificar a escrita de seus ídolos e copiá-los (como exercício, não como finalidade). Uma ideia muito boa é acompanhar as oficinas de escrita criativa do professor Sérgio Simka!
Quais os próximos projetos da editora?
Temos excelentes títulos em preparação. Há uma coletânea de estudos sobre os X-Men, grupo de heróis da Marvel, realizada por um grupo de pesquisadores de várias áreas, como História, Comunicação, Ciências Sociais e outras. Há um dicionário da obra de Paulina Chiziane, escritora moçambicana imperdível. Há mais um trabalho sobre o dramaturgo Miguel Franco em fase final de editoração. Estamos preparando também novos títulos para a nossa Série Teatro em Língua Portuguesa, que publica peças teatrais precedidas de textos explicativos de professores pesquisadores da literatura. Quem desejar acompanhar os próximos lançamentos da editora, pode nos seguir no Facebook (procure por Editora e Revista Acadêmica Todas as Musas) ou no Instagram (Editora Todas as Musas). Por algum desses canais ou fazendo parte de nossa mailing list, basta escrever para todasasmusas@gmail.com.
*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
Um abraço,Flávio! A minha gratidão.
ResponderExcluirMaria João Franco