Andrea Viviana Taubman - Foto divulgação |
Fale-nos sobre você.
Nasci em Buenos Aires, Argentina, mas vim para o Brasil ainda criança - antes de completar oito anos de idade - com minha família que sempre foi muito leitora. Sou apaixonada por literatura e infância; por palavras que rimam, que acalentam, que abraçam e consolam. Meu primeiro livro, O MENINO QUE TINHA MEDO DE ERRAR, foi publicado no final de 2009 e de lá para cá, somam-se doze publicações e duas reedições. Sou a atual vice-presidente da AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil), mas participo da diretoria desde 2013. Ocupo a cadeira nº 21 da Academia Teresopolitana de Letras e sou oficineira voluntária de leitura literária no Espaço Logos de Cidadania, que atende crianças e adolescentes de 6 a 13 anos do complexo de favelas da Grande Tijuca no Rio de Janeiro.
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre seu livro.
"Não me toca, seu boboca!" é meu 12º livro. Nasceu de um desejo de minha alma, começou a ser escrito em 2010, passou por inúmeras revisões técnicas de especialistas no assunto e foi publicado em outubro de 2017.
Fui voluntária em abrigo temporário para crianças em situação de risco social, vítimas de maus-tratos. Foi lá que conheci crianças que tinham sido vítimas de abuso sexual. O olhar delas, tão desesperançado, me mobilizava muito. Sou mãe de dois meninos e essa questão era aflitiva. Como falar de algo tão horrível para as crianças? Foi por essas duas razões, principalmente, que escrevi esta história. Desde o início eu sabia que, para alcançar a emoção das crianças sem assustá-las, precisaria trabalhar com um texto rimado, narrado por uma criança, em primeira pessoa. A personagem narradora Ritoca é uma menina empoderada que, por perceber as intenções do abusador, grita NÃO e alerta seus amigos sobre o perigo. No final, o livro tem uma parte informativa para as crianças e uma parte informativa que orienta como denunciar casos de abuso sexual na infância e adolescência. O livro saiu com quarta capa assinada pela Fundação Abrinq e orelha da jornalista Rita Lisauskas do blog "Ser mãe e padecer na internet" do Estadão e vem recebendo inúmeros apoios de diversas instituições ligadas à infância e blogs dedicados à LIJ. Fomos agraciados com o Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, julgado pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes na categoria "Produção de Conhecimento", que recebemos em Brasília no dia 14 de maio, durante o II Congresso Brasileiro de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. "Não me toca, seu boboca!" é uma obra literária e atua nas seguintes frentes: estimula a prevenção ao abuso, expondo de forma lúdica as estratégias usadas pelo abusador para seduzir a criança, empodera a criança por meio do conhecimento desse mecanismo do abuso, informa sobre como agir e denunciar, estimula a criança a pedir ajuda sem se sentir envergonhada ou culpada e acolhe a criança que tenha sido vítima dessa violência.
Fale-nos sobre seu processo de criação.
Inicialmente, escrevi movida apenas pelo desejo de produzir uma obra que ajudasse as crianças a se protegerem. Saiu um primeiro texto totalmente emocional que eu (erroneamente) acreditei ser suficiente. Felizmente tive a intuição de enviar o texto para o psicólogo Sergio Napchan, um querido amigo de infância que fez uma ponte com a Childhood Brasil. Quando recebi a resposta da instituição elogiando minha iniciativa e apontando uma série de erros conceituais descobri que precisava estudar muito para escrever sobre o assunto. E foi o que fiz: me conectei com profissionais dedicados à infância de diversas áreas que me deram embasamento para que eu pudesse reescrever o texto sem deslizes técnicos, mas cuidando para não perder o encantamento próprio da literatura.
Como o leitor interessado deverá proceder para saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho?
Pode visitar meu site em www.andreavivianataubman.com.br; me seguir no Instagram @andreataubman ou no facebook andrea.taubman.
Como analisa a questão da leitura no país?
Infelizmente, vejo de forma muito preocupante o retrocesso que vivemos em relação a conquistas que pareciam consolidadas mas que estão sendo gradativamente perdidas. Casos claros para exemplificar são as alterações do programa de leitura "Adote um escritor" do Rio Grande do Sul que acontecia em Porto Alegre desde 2002 e que está correndo o sério risco de ser extinto; as condições impostas para inscrição de obras no PNLD-Literário 2018 (com sério comprometimento da qualidade dos livros, alterando seus projetos originais) e a condensação das categorias infantil, juvenil e ilustração em uma única premiação no Jabuti. Os leitores não nascem prontos, a formação de um leitor exige uma construção que deve ser estimulada por adultos comprometidos com esse processo e a cadeia do livro precisa ser preservada para poder seguir adiante. Nossas famílias ainda não são leitoras em sua grande maioria (as estatísticas sobre a quantidade de livros que os brasileiros leem em média por ano são de entristecer qualquer escritor) e muitas escolas ainda não incluem a leitura literária como prioridade. Ora, enquanto não houver ações sólidas nessa direção, pouco melhoraremos nossos índices como, por exemplo, no PISA, em que ocupamos em 2016 um pálido 59º lugar em leitura entre 70 países (66º em matemática e 63º em ciências). É difícil construir uma sociedade emocionalmente saudável e academicamente competente se não garantirmos às crianças o direito e o acesso à leitura, à arte e ao lúdico. Crianças emocionalmente saudáveis têm mais chances de se tornarem adultos saudáveis. Crianças leitoras têm melhor desempenho na compreensão de enunciados matemáticos e na aquisição de conhecimentos científicos. Mesmo do ponto de vista meramente econômico, esse acesso deveria ser entendido como um projeto de redução de gastos futuros com doenças de várias naturezas e exclusões sociais por baixo nível de escolaridade.
O que tem lido ultimamente?
Gosto de ler vários livros ao mesmo tempo, de preferência algum teórico de literatura infantil, um adulto (ficção ou informativo) e infantis ou juvenis (gosto de ler na cama, antes de dormir, hábito que mantenho desde a infância!). Em ordem: "Por uma literatura sem adjetivos" (María Teresa Andruetto); Um romance perigoso (Flávio Carneiro) e o último infantil que li foi Analua (Marilia Pirillo).
Quais os seus próximos projetos?
Em maio terei um grande evento em Teresópolis com "Não me toca, seu boboca!", dentro da proposta do Maio Laranja - Faça Bonito e espero seguir com ações de conscientização sobre abuso sexual na infância Brasil afora, levando Ritoca e sua turma para empoderar a criançada. No próximo Salão FNLIJ (final de junho, início de julho) estarei lançando um juvenil escrito em parceria com a colega e amiga Anna Claudia Ramos. Há outro infantil no prelo escrito em parceria com meu namorado, Marcelo Pellegrino, esperando sair do forno ainda este ano.
*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
Nasci em Buenos Aires, Argentina, mas vim para o Brasil ainda criança - antes de completar oito anos de idade - com minha família que sempre foi muito leitora. Sou apaixonada por literatura e infância; por palavras que rimam, que acalentam, que abraçam e consolam. Meu primeiro livro, O MENINO QUE TINHA MEDO DE ERRAR, foi publicado no final de 2009 e de lá para cá, somam-se doze publicações e duas reedições. Sou a atual vice-presidente da AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil), mas participo da diretoria desde 2013. Ocupo a cadeira nº 21 da Academia Teresopolitana de Letras e sou oficineira voluntária de leitura literária no Espaço Logos de Cidadania, que atende crianças e adolescentes de 6 a 13 anos do complexo de favelas da Grande Tijuca no Rio de Janeiro.
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre seu livro.
"Não me toca, seu boboca!" é meu 12º livro. Nasceu de um desejo de minha alma, começou a ser escrito em 2010, passou por inúmeras revisões técnicas de especialistas no assunto e foi publicado em outubro de 2017.
Fui voluntária em abrigo temporário para crianças em situação de risco social, vítimas de maus-tratos. Foi lá que conheci crianças que tinham sido vítimas de abuso sexual. O olhar delas, tão desesperançado, me mobilizava muito. Sou mãe de dois meninos e essa questão era aflitiva. Como falar de algo tão horrível para as crianças? Foi por essas duas razões, principalmente, que escrevi esta história. Desde o início eu sabia que, para alcançar a emoção das crianças sem assustá-las, precisaria trabalhar com um texto rimado, narrado por uma criança, em primeira pessoa. A personagem narradora Ritoca é uma menina empoderada que, por perceber as intenções do abusador, grita NÃO e alerta seus amigos sobre o perigo. No final, o livro tem uma parte informativa para as crianças e uma parte informativa que orienta como denunciar casos de abuso sexual na infância e adolescência. O livro saiu com quarta capa assinada pela Fundação Abrinq e orelha da jornalista Rita Lisauskas do blog "Ser mãe e padecer na internet" do Estadão e vem recebendo inúmeros apoios de diversas instituições ligadas à infância e blogs dedicados à LIJ. Fomos agraciados com o Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, julgado pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes na categoria "Produção de Conhecimento", que recebemos em Brasília no dia 14 de maio, durante o II Congresso Brasileiro de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. "Não me toca, seu boboca!" é uma obra literária e atua nas seguintes frentes: estimula a prevenção ao abuso, expondo de forma lúdica as estratégias usadas pelo abusador para seduzir a criança, empodera a criança por meio do conhecimento desse mecanismo do abuso, informa sobre como agir e denunciar, estimula a criança a pedir ajuda sem se sentir envergonhada ou culpada e acolhe a criança que tenha sido vítima dessa violência.
Fale-nos sobre seu processo de criação.
Inicialmente, escrevi movida apenas pelo desejo de produzir uma obra que ajudasse as crianças a se protegerem. Saiu um primeiro texto totalmente emocional que eu (erroneamente) acreditei ser suficiente. Felizmente tive a intuição de enviar o texto para o psicólogo Sergio Napchan, um querido amigo de infância que fez uma ponte com a Childhood Brasil. Quando recebi a resposta da instituição elogiando minha iniciativa e apontando uma série de erros conceituais descobri que precisava estudar muito para escrever sobre o assunto. E foi o que fiz: me conectei com profissionais dedicados à infância de diversas áreas que me deram embasamento para que eu pudesse reescrever o texto sem deslizes técnicos, mas cuidando para não perder o encantamento próprio da literatura.
Como o leitor interessado deverá proceder para saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho?
Pode visitar meu site em www.andreavivianataubman.com.br; me seguir no Instagram @andreataubman ou no facebook andrea.taubman.
Como analisa a questão da leitura no país?
Infelizmente, vejo de forma muito preocupante o retrocesso que vivemos em relação a conquistas que pareciam consolidadas mas que estão sendo gradativamente perdidas. Casos claros para exemplificar são as alterações do programa de leitura "Adote um escritor" do Rio Grande do Sul que acontecia em Porto Alegre desde 2002 e que está correndo o sério risco de ser extinto; as condições impostas para inscrição de obras no PNLD-Literário 2018 (com sério comprometimento da qualidade dos livros, alterando seus projetos originais) e a condensação das categorias infantil, juvenil e ilustração em uma única premiação no Jabuti. Os leitores não nascem prontos, a formação de um leitor exige uma construção que deve ser estimulada por adultos comprometidos com esse processo e a cadeia do livro precisa ser preservada para poder seguir adiante. Nossas famílias ainda não são leitoras em sua grande maioria (as estatísticas sobre a quantidade de livros que os brasileiros leem em média por ano são de entristecer qualquer escritor) e muitas escolas ainda não incluem a leitura literária como prioridade. Ora, enquanto não houver ações sólidas nessa direção, pouco melhoraremos nossos índices como, por exemplo, no PISA, em que ocupamos em 2016 um pálido 59º lugar em leitura entre 70 países (66º em matemática e 63º em ciências). É difícil construir uma sociedade emocionalmente saudável e academicamente competente se não garantirmos às crianças o direito e o acesso à leitura, à arte e ao lúdico. Crianças emocionalmente saudáveis têm mais chances de se tornarem adultos saudáveis. Crianças leitoras têm melhor desempenho na compreensão de enunciados matemáticos e na aquisição de conhecimentos científicos. Mesmo do ponto de vista meramente econômico, esse acesso deveria ser entendido como um projeto de redução de gastos futuros com doenças de várias naturezas e exclusões sociais por baixo nível de escolaridade.
O que tem lido ultimamente?
Gosto de ler vários livros ao mesmo tempo, de preferência algum teórico de literatura infantil, um adulto (ficção ou informativo) e infantis ou juvenis (gosto de ler na cama, antes de dormir, hábito que mantenho desde a infância!). Em ordem: "Por uma literatura sem adjetivos" (María Teresa Andruetto); Um romance perigoso (Flávio Carneiro) e o último infantil que li foi Analua (Marilia Pirillo).
Quais os seus próximos projetos?
Em maio terei um grande evento em Teresópolis com "Não me toca, seu boboca!", dentro da proposta do Maio Laranja - Faça Bonito e espero seguir com ações de conscientização sobre abuso sexual na infância Brasil afora, levando Ritoca e sua turma para empoderar a criançada. No próximo Salão FNLIJ (final de junho, início de julho) estarei lançando um juvenil escrito em parceria com a colega e amiga Anna Claudia Ramos. Há outro infantil no prelo escrito em parceria com meu namorado, Marcelo Pellegrino, esperando sair do forno ainda este ano.
*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
Amei, gostaria de saber como faço para comprar essa lindeza.
ResponderExcluirAmei o livro gostaria de comprar como faço?
ResponderExcluirOi, Sid! Desculpe só ter visto agora sua mensagem! Pode comprar no site da Aletria - www.aletria.com.br
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