Valquíria Carozze - Foto Divulgação |
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para nossos leitores como foi o seu início no mundo literário?
Valquíria Carozze: Quando, aos 11 anos, fiz minha passagem para a fase adulta, lendo José J. Veiga, na pequena biblioteca da minha tia. Anos depois, escrevi meu primeiro livro, Contos bêbados e secos, lançado em 1998.
Conexão Literatura: Você é autora do livro “Mário, o modernista a caráter” (Chiado). Poderia comentar?
Valquíria Carozze: No então colegial da minha cidade natal, década de 1980, o ensino de Literatura veio muito forte e feliz na área do Modernismo. Por muitos anos depois, vinte, pelo menos, trechos de Macunaíma me voltavam à memória. Às vezes, em plena noite. Num momento de indignação política, social… nunca vou explicar bem o porquê, saíram os primeiros cinco ou seis capítulos de Mário, o modernista a caráter.
Valquíria Carozze: Quando, aos 11 anos, fiz minha passagem para a fase adulta, lendo José J. Veiga, na pequena biblioteca da minha tia. Anos depois, escrevi meu primeiro livro, Contos bêbados e secos, lançado em 1998.
Conexão Literatura: Você é autora do livro “Mário, o modernista a caráter” (Chiado). Poderia comentar?
Valquíria Carozze: No então colegial da minha cidade natal, década de 1980, o ensino de Literatura veio muito forte e feliz na área do Modernismo. Por muitos anos depois, vinte, pelo menos, trechos de Macunaíma me voltavam à memória. Às vezes, em plena noite. Num momento de indignação política, social… nunca vou explicar bem o porquê, saíram os primeiros cinco ou seis capítulos de Mário, o modernista a caráter.
Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?
Valquíria Carozze: Em 2006 o texto se deflagrou, coincidentemente com a situação de Mário de Andrade, numa chácara onde morei transitoriamente - quando escreveu o primeiro jorro de Macunaíma, Mário de Andrade estava na chácara de Araraquara, do “Tio Pio”. Apresentei o que tinha escrito, até o momento, à professora Telê Ancona Lopez, que admirou o texto: o fato de “Macunaíma”, o autor, utilizando apenas palavras da rapsódia Andradiana, conseguir contar a biografia de seu pai. Logo, em 2009, fui fazer mestrado no Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo – então, já tinha, ao longo das pesquisas, descoberto da importância de Oneyda Alvarenga, que muito me impressionou, porque minha graduação, também na USP, tinha sido em Biblioteconomia. E Oneyda Alvarenga, musicóloga, foi a diretora da Discoteca Municipal de São Paulo, quando Mário de Andrade foi diretor da instituição.
De 2009 a 2012, entre as correrias do mestrado sobre a musicóloga, aumentei o texto e aperfeiçoei alguns capítulos. Cheguei ao fim, depois de revisar cartas de Mário de Andrade; o livro de Paulo Duarte, Mário de Andrade por ele mesmo; e inúmeras fontes de ou sobre Mário de Andrade.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho o qual você acha especial em seu livro?
Valquíria Carozze: Destaco dois trechos (se houver espaço!)
Um trecho do capítulo Mário, paródia do primeiro capitulo, de Macunaíma. À página 13 :
“No meio da Paulicéia, nasceu Mário, acompanhado daquela estragosa sensibilidade que deprime os seres e prejudica a existência, medroso e humilde, herói modernista de nossa gente. Era branco caboclo mulato e filho de Aurora. Houve um momento em que aqueles piados berros cuquiadas sopros roncos esturros claxons campainhas apitos caminhões bonde autobondes anúncios-luminosos relógios faróis rádios motocicletas telefones gorjetas postes chaminés… todas essas máquinas fizeram um barulhão mãi tão grande de nem se escutar o murmurejo do igarapé Tietê, que a cunhã que era mãe do modernista pariu uma criança assim assim, então. Essa criança é que chamaram Mário.”
E, sugerindo um segundo trecho, às p.28-9:
“- Nunca ouviu, não! Sou um tupi tangendo um alaúde!
Então, os seres vivos recrudesceram a vaia mãi e os modernosos seguiram discurso. Os modernistas e o respeitável público estavam deveras atentados e o terreiro teatro municipal estava que era uma puta-confusão confa bagunça mixórdia caos esbórnia baderna fuzarca disorde imbruiada baruio tumurto distempero algazarra balbúrdia frege estripiulia fulia ruaça rebuliço escarcé sarsero zona vuê farra farrerê fuá auê fuzuê banzé tedéu tendé tendembé trupé forfé furdúncio barafunda espetaquera forrobodó regacera fandango zuera gritero bafafá rilia pampero pandemonho hispício carnavá tempo-quente quebra-pau ranca-rabo, todas essas festas de vanguarda.
(…)
- Como se chama? perguntou Exu.
- Mário, o modernista.
- Uhum… o maioral resmungou, nome principiado por Ma tem má-sina...”
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir um exemplar de seu livro e saber um pouco mais sobre você e seu trabalho literário?
Valquíria Carozze: O livro encontra-se disponível nas seguintes livrarias:
Martins Fontes: http://www.martinsfontespaulista.com.br/mario--o-modernista-a-carater-553450.aspx/p
Livraria Cultura: https://www.livrariacultura.com.br/p/livros/literatura-nacional/romances/mario-o-modernista-a-carater-46582288
Saraiva: https://www.saraiva.com.br/mrio--o-modernista-carter-col-viagens-na-fico-9735919.html
E no site da Chiado: https://www.chiadoeditora.com/livraria/mario-o-modernista-a-carater
No site da Chiado há também a versão ebook.
Há o meu livro Oneyda Alvarenga, da poesia ao mosaico das audições, pela Alameda Casa Editorial.
Ele pode ser adquirido na Martins Fontes da Paulista ou pelo site da livraria em http://www.martinsfontespaulista.com.br/oneyda-alvarenga-492217.aspx/p
Ainda na capital paulista, na Loja Clássicos da Sala São Paulo ou pelo site http://www.lojaclassicos.com.br/detalhe.asp?isbn=9788579392597&cat=03
Também está na Livraria Travessa, na capital carioca, https://www.travessa.com.br/oneyda-alvarenga-da-poesia-ao-mosaico-das-audicoes/artigo/8bc54f73-503c-4f6b-8f00-ff22fedf562a
A própria editora Alameda também comercializa a obra: http://www.alamedaeditorial.com.br/historia/oneyda-alvarenga
Também os 20 programas feitos pela Rádio Cultura, tendo como um dos fundamentos minha dissertação de mestrado: Oneyda Alvarenga e seus concertos de discos, disponível no banco de testes da USP em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/31/31131/tde-04122012-185949/publico/AMeninaBobaeaDiscoteca.pdf Os programas são acessíveis pela Internet em culturafm.cmais.com.br/oneyda-alvarenga
Além dos tópicos anteriores há o facebook para a divulgação do livro https://www.facebook.com/M%C3%A1rio-de-Andrade-modernista-288955121502680/ , no qual as pessoas poderão ler informações sobre a criação da obra de autoria de “Macunaíma” e ver as ilustrações coloridas (no livro estão em P&B).
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Valquíria Carozze: Sempre.
Tenho muitos roteiros, sempre na vertente cômica, para teatro e cinema. A música está frequentemente entrelaçada às cenas.
Também muitos contos e algumas novelas.
E poesias também não faltam.
Isso tem que ser compartilhado. É o meu desejo.
Perguntas rápidas:
Um livro: Macunaíma
Um(a) autor(a): Mário de Andrade.
Um ator ou atriz: Woody Allen.
Um filme: Nostalgia.
Um dia especial: O dia em que, na sala São Paulo, parte do meu texto, Mário, o modernista a caráter, foi lido com adaptações, como roteiro da abertura do XXVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Valquíria Carozze: Sim. Quem ler Mário, o modernista a caráter, vai se deparar com inúmeras chaves para a obra Andradiana. Vai além das palavras da obra Macunaíma. Empreguei e adaptei com liberdade, trechos irresistíveis de cartas, poesias, romances, crônicas. Fora a muita invenção livre e libertina da parte do autor sem nenhum caráter.
Não percam o capítulo Manuscritos Inéditos: as falsificações salafrárias de Macu.
Em tempo: das toscas ilustrações adaptadas, espero que riam!
E agradeço pela atenção de todos que se interessarem pela obra.
Valquíria Carozze: Em 2006 o texto se deflagrou, coincidentemente com a situação de Mário de Andrade, numa chácara onde morei transitoriamente - quando escreveu o primeiro jorro de Macunaíma, Mário de Andrade estava na chácara de Araraquara, do “Tio Pio”. Apresentei o que tinha escrito, até o momento, à professora Telê Ancona Lopez, que admirou o texto: o fato de “Macunaíma”, o autor, utilizando apenas palavras da rapsódia Andradiana, conseguir contar a biografia de seu pai. Logo, em 2009, fui fazer mestrado no Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo – então, já tinha, ao longo das pesquisas, descoberto da importância de Oneyda Alvarenga, que muito me impressionou, porque minha graduação, também na USP, tinha sido em Biblioteconomia. E Oneyda Alvarenga, musicóloga, foi a diretora da Discoteca Municipal de São Paulo, quando Mário de Andrade foi diretor da instituição.
De 2009 a 2012, entre as correrias do mestrado sobre a musicóloga, aumentei o texto e aperfeiçoei alguns capítulos. Cheguei ao fim, depois de revisar cartas de Mário de Andrade; o livro de Paulo Duarte, Mário de Andrade por ele mesmo; e inúmeras fontes de ou sobre Mário de Andrade.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho o qual você acha especial em seu livro?
Valquíria Carozze: Destaco dois trechos (se houver espaço!)
Um trecho do capítulo Mário, paródia do primeiro capitulo, de Macunaíma. À página 13 :
“No meio da Paulicéia, nasceu Mário, acompanhado daquela estragosa sensibilidade que deprime os seres e prejudica a existência, medroso e humilde, herói modernista de nossa gente. Era branco caboclo mulato e filho de Aurora. Houve um momento em que aqueles piados berros cuquiadas sopros roncos esturros claxons campainhas apitos caminhões bonde autobondes anúncios-luminosos relógios faróis rádios motocicletas telefones gorjetas postes chaminés… todas essas máquinas fizeram um barulhão mãi tão grande de nem se escutar o murmurejo do igarapé Tietê, que a cunhã que era mãe do modernista pariu uma criança assim assim, então. Essa criança é que chamaram Mário.”
E, sugerindo um segundo trecho, às p.28-9:
“- Nunca ouviu, não! Sou um tupi tangendo um alaúde!
Então, os seres vivos recrudesceram a vaia mãi e os modernosos seguiram discurso. Os modernistas e o respeitável público estavam deveras atentados e o terreiro teatro municipal estava que era uma puta-confusão confa bagunça mixórdia caos esbórnia baderna fuzarca disorde imbruiada baruio tumurto distempero algazarra balbúrdia frege estripiulia fulia ruaça rebuliço escarcé sarsero zona vuê farra farrerê fuá auê fuzuê banzé tedéu tendé tendembé trupé forfé furdúncio barafunda espetaquera forrobodó regacera fandango zuera gritero bafafá rilia pampero pandemonho hispício carnavá tempo-quente quebra-pau ranca-rabo, todas essas festas de vanguarda.
(…)
- Como se chama? perguntou Exu.
- Mário, o modernista.
- Uhum… o maioral resmungou, nome principiado por Ma tem má-sina...”
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir um exemplar de seu livro e saber um pouco mais sobre você e seu trabalho literário?
Valquíria Carozze: O livro encontra-se disponível nas seguintes livrarias:
Martins Fontes: http://www.martinsfontespaulista.com.br/mario--o-modernista-a-carater-553450.aspx/p
Livraria Cultura: https://www.livrariacultura.com.br/p/livros/literatura-nacional/romances/mario-o-modernista-a-carater-46582288
Saraiva: https://www.saraiva.com.br/mrio--o-modernista-carter-col-viagens-na-fico-9735919.html
E no site da Chiado: https://www.chiadoeditora.com/livraria/mario-o-modernista-a-carater
No site da Chiado há também a versão ebook.
Há o meu livro Oneyda Alvarenga, da poesia ao mosaico das audições, pela Alameda Casa Editorial.
Ele pode ser adquirido na Martins Fontes da Paulista ou pelo site da livraria em http://www.martinsfontespaulista.com.br/oneyda-alvarenga-492217.aspx/p
Ainda na capital paulista, na Loja Clássicos da Sala São Paulo ou pelo site http://www.lojaclassicos.com.br/detalhe.asp?isbn=9788579392597&cat=03
Também está na Livraria Travessa, na capital carioca, https://www.travessa.com.br/oneyda-alvarenga-da-poesia-ao-mosaico-das-audicoes/artigo/8bc54f73-503c-4f6b-8f00-ff22fedf562a
A própria editora Alameda também comercializa a obra: http://www.alamedaeditorial.com.br/historia/oneyda-alvarenga
Também os 20 programas feitos pela Rádio Cultura, tendo como um dos fundamentos minha dissertação de mestrado: Oneyda Alvarenga e seus concertos de discos, disponível no banco de testes da USP em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/31/31131/tde-04122012-185949/publico/AMeninaBobaeaDiscoteca.pdf Os programas são acessíveis pela Internet em culturafm.cmais.com.br/oneyda-alvarenga
Além dos tópicos anteriores há o facebook para a divulgação do livro https://www.facebook.com/M%C3%A1rio-de-Andrade-modernista-288955121502680/ , no qual as pessoas poderão ler informações sobre a criação da obra de autoria de “Macunaíma” e ver as ilustrações coloridas (no livro estão em P&B).
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Valquíria Carozze: Sempre.
Tenho muitos roteiros, sempre na vertente cômica, para teatro e cinema. A música está frequentemente entrelaçada às cenas.
Também muitos contos e algumas novelas.
E poesias também não faltam.
Isso tem que ser compartilhado. É o meu desejo.
Perguntas rápidas:
Um livro: Macunaíma
Um(a) autor(a): Mário de Andrade.
Um ator ou atriz: Woody Allen.
Um filme: Nostalgia.
Um dia especial: O dia em que, na sala São Paulo, parte do meu texto, Mário, o modernista a caráter, foi lido com adaptações, como roteiro da abertura do XXVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Valquíria Carozze: Sim. Quem ler Mário, o modernista a caráter, vai se deparar com inúmeras chaves para a obra Andradiana. Vai além das palavras da obra Macunaíma. Empreguei e adaptei com liberdade, trechos irresistíveis de cartas, poesias, romances, crônicas. Fora a muita invenção livre e libertina da parte do autor sem nenhum caráter.
Não percam o capítulo Manuscritos Inéditos: as falsificações salafrárias de Macu.
Em tempo: das toscas ilustrações adaptadas, espero que riam!
E agradeço pela atenção de todos que se interessarem pela obra.
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