No
mundo atual estamos tão acostumados com o ato da leitura, que nem nos
importamos com a origem e desenvolvimento dela. Também muitas vezes nos passa
despercebido o alto índice de analfabetismo, que no mundo é cerca de um quinto
da população adulta1 e
no Brasil é mais que 8% da população com mais de quinze anos2.
Lembrando que o Brasil está em oitavo lugar entre os países com maior índice de
analfabetismo, ao lado de Índia, China, Paquistão, Bangladesh, Nigéria, Etiópia
e Egito3.
Mas este é assunto específico para outro artigo.
Ao
analisarmos a história da leitura, e consequentemente a do livro como objeto de
armazenamento, vemos que antes do século V a.C. ambos possuíam a função de
fixação e conservação de uma obra. O livro não era feito para a leitura e sim
apenas como uma armazenador. Podemos concluir que a leitura só vem a se
desenvolver quando o próprio livro transforma-se em objeto de leitura, evento
que ocorrerá muito tempo depois e mesmo assim sendo acessível apenas a elite.
Falando
exclusivamente sobre a leitura, vemos que ela passou por uma revolução.
Primeiro ela passa da oralizada para a silenciosa. Na sequência há uma
distinção entre leitores intensivos e extensivos. E por fim temos a transmissão
eletrônica dos livros.
A
importância da leitura reside no desenvolvimento cognitivo, sendo confirmado
pelo influxo do pensamento do leitor ao ler. A leitura ajuda no crescimento de
várias habilidades, a saber: classificar, sintetizar, selecionar, relacionar,
enumerar, imaginar, organizar, interpretar, predizer, compreender, interpretar,
analisar, criar, recriar, etc.
Pode-se
classificar a leitura em três tipos: Ascendente, Descendente e Interativa.
Leitura Ascendente
Neste
tipo de leitura temos um leitor passivo, onde para ele o texto é um objeto
acabado e independente. Para entender tal texto o leitor decodifica
progressivamente unidades menores para chegar às maiores, onde junta-se letras
para formara sílabas, depois agrupa-se as sílabas para formar as palavras, e
assim sucessivamente. Aqui usa-se muito a oralidade, onde murmura-se o texto ou
mesmo sub vocalizando-o na mente. O texto tem um significado global com as
somas das unidades menores, onde o significado sempre é o literal.
O
texto a seguir prova que estamos muito além de sermos leitores passivos no
sentido apenas de juntar letras e sílabas para termos palavras e muito mais:
Veajm como
é intreessnate nsoso céerbro: de aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae
ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia
csioa iprotmatne é que a Piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O
rseto pdoe ser uma bçaguana ttaol que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmeas. Itso é
poqrue não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.
Sohw de bloa! Enetdeu?
Leitura Descendente
Aqui
já temos um leitor ativo, que entende que o texto não é algo acabado, com um
fim em si mesmo. O leitor é o elemento mais importante, e este não oraliza o
que está lendo, o processo vai da mente dele ao texto. Sendo ativo, a pessoa
que lê percebe e resolve ambiguidades propostas pelo escritor e escolhe entre
as possíveis interpretações do texto.
Leitura Interativa
É
muito semelhante à Descendente, mas aqui o leitor entende que ele próprio,
assim como texto, são importantes no processo da leitura. Para compreender o
texto, ele utiliza-se de indícios visuais no mesmo e ativa vários mecanismos
mentais que permite dar-lhe sentido. A leitura é um processo não linear e
dinâmico na inter-relação de vários
componentes utilizados para o acesso ao sentido e é uma atividade de previsão e
de formulação de hipóteses, onde o leitor necessita utilizar vários
conhecimentos.
Como
leitores seguimos, mesmo que inconscientemente, alguns processos. Primeiro
temos atividades de Pré-Leitura, onde prestamos atenção na macroestrutura
textual e nos paratextos e propomos os objetivos para a leitura.
Podemos
falar ainda sobre o Processo Leitor, o Funcionamento da Compreensão,
Aprimoramento da Leitura, e muito mais. Por enquanto ficamos por aqui deixando
uma pergunta para ponderamento e uma frase crítica.
Por
que leio?
“[...] pesquisas já demonstraram que,
enquanto as classes dominantes vêem a leitura como fruição, lazer, ampliação de
horizontes, de conhecimentos, de experiências, as classes dominadas a vêem
praticamente como um instrumento necessário à sobrevivência, acesso ao mundo do
trabalho, à luta contra suas condições de vida [...]” (ALVES; CAMARGO, 2008, p.
7).
Referências
ALVES, Elizeth da Costa; CAMARGO,
Flávio Pereira. A prática social da leitura literária e a formação do sujeito
Leitor: desafios e perspectivas. Revista Travessias. v.2, n. 3., 2008.
Disponível em: http://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/3174 . Acesso em: 8 jun. 2015.
CAVALO, Guglielmo; CHARTIER, Roger. História da leitura
no mundo ocidental. 2O impressão São Paulo: Ática, 2002.
Ótimo artigo!
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado, Luciane.
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